A montanha mágica

segunda-feira, maio 31, 2004

para ti Ana. minha adorada Ana.



Morandi, Flowers, 1950.

"[I] need [you] like the wind

needs the trees to blow in

Like the moon needs poetry

[I] need [you]"


posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, maio 31, 2004

domingo, maio 30, 2004

moleskine




...le corps,

lieu privilégié du phantasme

possède en lui

tous les signes



Angelin Preljocaj


posted by Luís Miguel Dias domingo, maio 30, 2004

sábado, maio 29, 2004


Stephin, Sam, and John


Come Back from San Francisco

Come back from San Francisco
It can't be all that pretty
when all of New York City misses you
Should pretty boys in discos
distract you from your novel
remember I'm awful in love with you

You need me like the wind
needs the trees to blow in
Like the moon needs poetry
you need me

Come back from San Francisco
and kiss me, I've quit smoking
I miss doing the wild thing with you
Will you stay, I don't think so
but all I do is worry
Pack bags, call cabs and hurry
home to me

When you betray me
betray me with a kiss
Damn you
I've never stayed up as late as this


Magnetic Fields

posted by Luís Miguel Dias sábado, maio 29, 2004

sexta-feira, maio 28, 2004




"- Tem andado a fugir de mim? - perguntei eu. - Deixei recado, bilhetes, fiz telefonemas.
- Nem de si, nem de ninguém em especial.
- Então por que tem sido tão difícil encontrá-la?
- Então e o século vinte não é isso mesmo?
- Quê?
- As pessoas esconderem-se, mesmo quando não anda ninguém à procura delas?
- E você acredita realmente nisso?
- É óbvio - disse ela."


Don DeLillo, "Ruído Branco".

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, maio 28, 2004

quinta-feira, maio 27, 2004

Hijo de Dios





"O tempo mudou de um dia para o outro. Com a chegada do Outono o céu tornou-se mais azul do que ele alguma vez vira. Ou se lembrava de ter visto. Ficava sentado durante horas no meio da junça batida pelo vento, com o sol nas costas. Como se armazenasse o calor dos raios contra o frio do Inverno cada dia mais próximo. Observava uma ceifeira debulhadora de milho rosnando através dos campos e ao cair da tarde era a vez dele e dos pombos se dedicarem à faina agrícola por entre os talos triturados e partidos e enchia então vários sacos que carregava até à cabana antes do anoitecer.
Na montanha, as árvores de folha caduca tingiram-se de amarelo e de tons de fogo, fenecendo depois numa nudez inapelável. Caiu um Inverno precoce, um vento frio agitou os ramos negros e estéreis. Sozinha na carapaça vazia da casa, de cócoras no chão, a criatura observava pelo vidro empoeirado da janela um caco de lua cor de osso repousando acima dos abetos negros da serrania, árvores de tinta-da-china que uma mão hábil esboçara em contraste com a penumbra mais clara dos céus invernais.
Um homem muito metido consigo próprio. Os que iam beber a casa do Kirby viam-no à noite na estrada, de ombros caídos e solitário, a espingarda pendendo-lhe da mão como se fosse algo de que não se conseguia desembaraçar.
Tornara-se magro e rancoroso.
Alguns diziam louco.
Uma estrela maligna velava por ele.
Postava-se nas encruzilhadas ouvindo os podengos dos outros na montanha. Uma imagem de arrogância vil iluminada pelos faróis dos poucos carros que passavam. O rasto de poeira destes envolvia Ballard, que bramia insultos ou resmungava ou lhes cuspia, os homens apertados uns contra os outros nos bancos de velhos sedans com armas e frascos de wiskey no meio deles e magros cães de levantar a caça enroscados no porta-bagagens.
Numa fria alvorada encontrou na rotunda da Montanha da Rã uma mulher com uma camisa de noite branca dormindo debaixo das árvores. Observou-a durante um bocado para ver se estava morta. Atirou uma pedra ou duas, uma tocou na perna dela. A mulher mexeu-se pesadamente, o cabelo cheio de folhas entrelaçadas. Ele aproximou-se. Conseguia ver-lhe os seios volumosos achatados sob o fino tecido da camisa de dormir e conseguia ver-lhe o tufo negro de pêlos ao fundo da barriga. Ajoelhou-se e tocou-lhe. A mulher contraiu os lábios frouxos. Abriu os olhos. As pálpebras pareceram abrir-se para baixo como as de um pássaro e os olhos estavam injectados de sangue. Soergueu-se subitamente, um cheiro adocicado a wiskey e a azedo emanado-lhe do corpo. Repuxou os lábios num rosnido de gato. O que é que queres, meu filho da mãe? disse ela.
Não tem frio?
E o que é que tu tens a ver com isso?
Não é nada da minha conta.
Ballard levantara-se e estava de pé ao lado dela com a espingarda na mão.
Onde é que tem a roupa?
Ele ergueu-se, cambaleou às arrecuas e caiu sentada nas folhas. Dpois levantou-se outra vez. Ali ficou vacilando para um lado e para o outro fixando-o com os olhos inchados e de pálpebras vagarosas. Filho da puta, disse. Buscava em volta com o olhar. Vendo uma pedra grande, lançou-se para ela e levantou-a penosamente, fazendo-a recuar alguns passos.
Os olhos de Ballard franziram-se. É melhor que deite essa pedra para o chão, disse ele.
Obriga-me se és capaz.
Já disse para a deitar fora.
Ela puxou a pedra para trás ameaçadoramente. Ele avançou um passo. Ela arremessou a pedra, atingindo-o no peito e depois cobriu a cara com as mãos. Ele esbofeteou-a com tal violência que a fez dar uma volta e ficar outra vez de frente para ele. Ela disse: já sabia que me ias fazer isto.
Ballard tocou com a mão no peito de deu uma olhadela rápida para baixo em busca de sangue, mas não havia nenhum. Ela tinha a cara mergulhada nas mãos. Ele agarrou a alça da camisa de noite e deu-lhe um bom pixão. O fino tecido rasgou-se à altura do peito. Ela tirou as mãos da face e segurou os restos da camisa. Tinha os mamilos duros e azulados por causa do frio. Pára, disse.
Ballard pegou numa laça de seda artificial e arrebatou os restos da camisa de noite. Ela perdeu o equilíbrio e sentou-se nas ervas calcadas e cobertas de geada. Ele dobrou a peça de roupa debaixo do braço e deu uma passada atrás. Depois virou-se e caminhou estrada abaixo. Ela ficou sentada no chão completamente nua a vê-lo afastar-se, chamando-lhe vários nomes, que não o dele."


McCARTHY, Cormac (trad. Paulo Faria), "Filho de Deus", Lisboa, Relógio D`Água, 1994.

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, maio 27, 2004

quarta-feira, maio 26, 2004

"eyes wide shut" (1)




- Boa noite.
- Boa noite.
- Podemos ser-lhe úteis?
- Suponho que quererão a palavra-passe.
- Se nos quiser dizê-la.
- Fidelio.
- Obrigado. Vamos conduzi-lo à casa.

[dentro da mansão]

- Boa noite.
- Boa noite.
- A palavra-passe, senhor?
- Fidelio.
- Obrigado.





- Não sei se tem ideia do que está a fazer. Mas não pertence aqui.
- Desculpe, penso que deve ter-me confundido com outra pessoa.
- Não seja louco. Vá-se embora, já!
- Quem é você?
- Não interessa quem eu sou. Você corre grande perigo. Deve ir-se embora enquanto pode.



- Importa-se de nos desculpar por uns momentos?
- Está a divertir-se?
- Tenho visto coisas interessantes.
- Quer ir para um sítio um pouco mais... íntimo?
- Íntimo? Pode ser uma boa ideia.
- Cá está você. Tenho andado á sua procura. Empresta-mo por uns instantes? Prometo trazê-lo já.

[...]

- Creio que não imagina o perigo que corre. Não pode enganá-los por muito mais tempo. Tem de sair antes que seja demasiado tarde.
- Por que me diz isso?
- Não importa.
- Quem é você?
- É melhor não saber. Mas deve ir. Agora.
- Vem comigo?
- É impossível.
- Porquê?
- Porque me custaria a vida e possivelmente a sua.
- Deixe-me ver o seu rosto.
- Não. Vá.

- Permita-me... É o senhor que tem um táxi à espera?



- Sim.
- O seu motorista está na entrada e quer falar-lhe com urgência.



- Por favor... aproxime-se. Quer dizer-me a palavra-passe?
- Fidelio.
- Está certa. Essa é a palavra passe? para a entrada. Mas posso perguntar-lhe qual é a apalavra-passe para a casa?
- A palavra-passe para a casa... Lamento, mas... parece que... me esqueci.
- É uma pena... porque é indiferente que se tenha esquecido... ou que nunca a tenha sabido. Queira retirar a sua máscara.

[retira a máscara]



- Agora... dispa-se.
- Despir-me?
- Tire a sua roupa...
- Meus senhores, por favor...
- Tire a roupa... ou quer que o façamos por si?



- Pare! Deixe-o ir. Leve-me... estou pronta a redimi-lo.
- Está pronta a redimi-lo?
- Sim.
- Tem a certeza de que sabe o que está a tomar... sobre si?
- Sim.
- Muito bem. Está livre. Mas aviso-o... se volta a fazer perguntas... ou se diz uma só palavra a alguém... sobre o que viu? as consequências serão medonhas para si... e para a sua família. Compreende?
- [sim,não muito convencido, com a cabeça]
- Que vai acontecer àquela mulher?
- Já ninguém pode mudar a sorte dela. Aqui, quando se faz um juramento... não se pode voltar atrás. Vá!

posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, maio 26, 2004

terça-feira, maio 25, 2004

procurem a cortina vermelha... mas... cuidado


"fogo, caminha comigo."

fantástico. absolutamente fantástico o episódio de hoje de Twin Peeks. de antologia.

"quando me voltar a ver eu não vou ser o mesmo."

sabem quem vi por lá? a Betty e a Rita. ou a Rita e a Betty? e outros.

"um e o mesmo."

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 25, 2004

moleskine


o belo sítio Assírio & Alvim


A PHALA N.º 2

Amadeo de Souza-Cardoso escreve a Pascoaes



posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 25, 2004

para a Clara Ferreira Alves



Vincent van Gogh, Cafe Terrace, Arles at Night.



posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 25, 2004

segunda-feira, maio 24, 2004

rebentação (3)




Les fleurs
qui sortent
de terre au
printemps



Marguerite Yourcenar

posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, maio 24, 2004

2046




"Quanto mais fazemos para esquecer o passado, mais as coisas ficam presentes na nossa memória. Por isso, o melhor é esperar que algum dia o passado nos abandone."


posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, maio 24, 2004

domingo, maio 23, 2004

moleskine


Tomás Kubínek


...awkward sleep

posted by Luís Miguel Dias domingo, maio 23, 2004

sábado, maio 22, 2004

Steve McQueen

And if I never,
live to see another day
I guess that would have to be alright by me see
How come we never say what it is that we wannna say
Is this just another way to be mean ?
Mean?
Mean?
Not Steve McQueen
Or "Free of Worry "

And if you never
have the need to look the other way
But how could this be good for me?
Lets hope we always prevail to love, to take a pill or take a pause
But this is not at all what it seems
Seems
Seems
Seems
(Or take me serious)

Make sure we never
Ever stand in each others way
When you got something that you got to say that?s real
Look to each other that?s a thing that we're gonna do from now on
That?s what we're gonna do
for you

Written by Kurt Wagner

posted by Luís Miguel Dias sábado, maio 22, 2004

sexta-feira, maio 21, 2004

a úvula


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posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, maio 21, 2004

quinta-feira, maio 20, 2004

rebentação (2)






"«Não importa para onde vou; já não posso ir para parte nenhuma.»"





posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, maio 20, 2004

"CANTORES / ACTORES:
TOM WAITS" (1)


Down By Law de Jim Jarmusch, 1986, Estados Unidos.




"Um dos primeiros filmes de Jim Jarmusch (terceira longa-metragem), objecto de um culto muito particular. Uma história de "losers", como quase sempre em Jarmusch quase toda passada na prisão. A fotografia a preto e branco de Robby Muller é notável, o elenco é excepcional e surpreendentemente heterogéneo: para além de Waits, Hohn Lurie e Roberto Benigni, ainda por lá andam Ellen Barkin e Nicoletta Braschi."


Bearskin - Na Pele do Urso - de Ann Guedes e Eduardo Guedes, 1989, Portugal/Reino Unido.




"Uma "fantasia urbana", num cruzamento de sensibilidades luso-britânicas (um dos traços mais relevantes do trabalho conjunto do casal Eduardo e Ann Guedes). BEARSKIN é também uma fábula sobre o desenraizamento, em ambientes nocturnos reminiscentes de alguns "rebel films" dos anos 50, onde, para além de Tom Waits, encontramos Isabel Ruth em grande forma."


Rumble Fish - Juventude Inquieta, de Francis Ford Coppola, 1983, Estados Unidos.




"De certa maneira, RUMBLE FISH forma com THE OUTSIDERS (também uma adaptação de um romance de S.E. Hinton) uma espécie de díptico, e nestes últimos vinte anos adquiriu uma aura igualmente "lendária". É também ? nesta história de irmãos e de pais desaparecidos ? um dos filmes mais doces de Coppola, com uma soberba atmosfera a preto e branco pontuada por geniais "trouvailles" a cores (sim, este é o filme dos peixinhos vermelhos)."


in programação da cinemateca, Abril de 2003.

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, maio 20, 2004

para a marta, com a chancela da Cavalo de Ferro!


"Quem quer que, levando de um modo geral uma vida solitária, deseje, de tempos a tempos, ter algo que o ligue a alguma coisa; quem quer que, por razão da altura do dia, do tempo que faz, do estado que vão os negócios, e outras coisas do género, desejar ter um braço a que se agarrar - não pode passar sem ter uma janela para a rua. E ainda que não esteja com paciência para desejar coisa nenhuma e se vá sentar, cansado apenas, ao parapeito, com os olhos passeando entre a multidão e o céu, sem querer olhar para fora, de cabeça inclinada, os cavalos lá em baixo arrastá-lo-ão para o tumulto e corrupio das carroças, até que esteja, por fim, em harmonia com o humano."


Franz Kafka, A Janela para a Rua in "Contos", Colecção Nova Europa - Grande Reportagem.


e para a Zazie:




Jean-Luc Godard, l'homme à la caméra


"Vous voulez dire que, dans beaucoup de films, il n'y a pas de nécessité à filmer...

C'est pas nouveau. Selznick, le producteur - ou c'était peut-être Goldwyn -, disait : "Je vais faire un film avec Dolores del Río." On lui disait : "D'accord. Quoi ?" Et il répondait : "Je m'en fous ! Je veux juste voir Dolores del Río. Je veux la voir sauter dans un volcan et ça s'appellera Dans les mers du Sud..." Et on faisait le film. Et, pour faire ça, il n'y a pas besoin de caméra."

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, maio 20, 2004

quarta-feira, maio 19, 2004

para a Charlotte:


das mambas: as sensíveis, as que não gostam de movimentos bruscos. o Budd não sabia. não sabia...ele que até falara com ela pelo telefone. ao fim de tanto tempo. não sabia...





"- Se achas realmente que fazeres exercícios para a coluna ajuda, por que não te pões antes do lado de fora do roupeiro, em vez de te pores dentro, no escuro e ao bafio?
- Se achas isto esquisito, então havias de ver o Mercator.
- Que é que ele faz?
- Anda a ver se bate um record do Guinness: ficar sentado o máximo de tempo possível, dentro de uma jaula cheia de serpentes venenosas. Vai três vezes por semana a uma loja de animais exóticos em Glassboro. Dono deixa-o ser ele a alimentar a mamba e a cuspideira. Para se ir habituando. Esquece a cascavel norte-americana. A cuspideira é a cobra mais venenosa do mundo inteiro.
- De cada vez que vejo no noticiário alguém que já vai na quarta semana dentro de uma jaula de serpentes venenosas, desejo sempre que seja mordido.
- Também eu ? disse o Heinrich.
- Por quê?
- Porque andam mesmo a pedi-las.
- Isso mesmo. A maior parte de nós passa a vida a evitar o perigo. Que é que essa gente acha que é?
- Se andam a pedi-las. Que as apanhem.
Calei-me um bocadinho, saboreando deliciado aquele raro momento de concórdia.
- E que mais treina o teu amigo?
- Senta-se no mesmo sítio durante imenso tempo, só para para a bexiga se habituar. Já só come duas vezes por dia. Dorme de pé duas horas de cada vez. Anda a treinar-se a acordar gradualmente, sem movimentos bruscos. É que isso pode excitar a mamba.
- Que ambição mais estranha.
- As mambas são muito sensíveis.
- Mas se isso o faz feliz?
- Ele diz que isso o faz feliz, mas é tudo uma célula do cérebro dele que anda a receber estímulos a mais. Ou a menos."


Don DeLillo, "Ruído Branco", Editorial Presença, 1991.

posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, maio 19, 2004

terça-feira, maio 18, 2004

blogosfera

de visita a lguns blogues:


Spleen - Abre os olhos... escuta.

(uns) meridianos - "Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio" Mário de Sá-Carneiro

encapuzado extrovertido - pensamentos mais extra que ordinários

My Moleskine - «I have always depended on the kindness of strangers.» (Blanche DuBois)

roda livre - Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro.

partículas elementares - UM BLOG ÁCIDO. PARA DOCE JÁ BASTA A VIDA

doi-me + - Dor e sofrimento

O Projecto - Ideias totalmente avulsas sobre arquitectura e cidade(s).

A [Minha] Jornada - Paixões e Trabalhos de Filinto Melo

George Cassiel - liberdades ocasionais de expressão

Dor de Perdição

Quero roubar-te a carteira

Os Outros de Nós - Eu não sou eu nem sou o outro, Mário de Sá Carneiro


posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 18, 2004

rebentação (1)




Duane Michals


- onde vais?
- rasgar o tempo.

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 18, 2004



"Hoje é 17 de Julho, são duas da tarde, oiço música de Chet Baker, o meu intérprete preferido. Há pouco, enquanto me barbeava, olhei-me ao espelho e não me reconheci. A radical solidão destes últimos dias está a transformar-me num ser diferente. Seja como for, sinto-me bem com a minha anomalia, o meu afastamento, a minha monstruosidade de indivíduo isolado. Encontro certo prazer em ser arisco, em burlar a vida, em adoptar posturas de herói radical e negativo da literatura (isto é, em ser como os protagonistas destas notas sem texto), em observar a vida e ver que, coitada, não tem vida própria.
Olhei-me ao espelho e não me reconheci. Depois, pensei naquilo que dizia Baudelaire: que o verdadeiro herói é o que se diverte sozinho. Voltei a olhar-me ao espelho e detectei em mim algumas parecenças a Watt, aquele solitário personagem de Samuel Beckett. Tal como Watt, eu poderia ser descrito da seguinte forma: um autocarro pára à frente de três velhos repugnantes que o observam sentados num banco público. O autocarro arranca. «Olha (diz o segundo), é um balde de lixo.» «Não, (diz o terceiro), é um maço de jornais velhos que alguém atirou para ali.» Nesse momento o monte de restos avança para eles e pede para se sentar no banco com enorme grosseria. É Watt."


Enrique Vila-Matas, "Bartleby & Companhia", Assírio & Alvim.

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 18, 2004

segunda-feira, maio 17, 2004




"- Com todo o negócio que faz, madame - dizia Émile, num tom cantarolado - seria de pensar que precisasse de alguém que a ajudasse na loja.
- Eu sei... Mato-me a trabalhar; eu sei - suspirou a Sr.ª Rigaud, do seu banco junto da caixa.
Émile ficou silencioso durante longo tempo, olhando para o corte transversal de um presunto da Vestfália que jazia sobre uma placa de mármore junto ao seu cotovelo. Depois, disse timidamente:
- Uma mulher como a senhora, uma mulher bonita como a senhora, Sr.ª Rigaud, tem sempre amigos.
- Ah ça... Vivi muito, nos meus tempos... já não confio em ninguém... Os homens são todos uns brutos, e as mulheres, oh, com as mulheres não consigo entender-me!
- A história e a literatura... - principiou Émile.
A campainha por cima da porta tilintou. Irromperam na loja um homem e uma mulher. Ela tinha cabelos amarelos e um chapéu que parecia um canteiro.
- Billy, não sejas extravagante - dizia ela.
- Mas, Norah, precisamos de comer qualquer coisa... E no sábado já recebo.
- Nunca haverá dinheiro enquanto não deixares de jogar nos cavalos.
- Hei-de ir longe com o teu... Vamos comprar salsichão de fígado... Aquele peito de peru frio tem bom aspecto...
- Lambão - arrulhou a rapariga dos cabelos amarelos.
- Pára de te meter comigo, deixa-me tratar disto.
- Sim, senhorr, o peito de perru está muito bom... Também temos galinha, bem quente... Émile mon ami, cherchez moi uns de ces petits poulets dans la cuisine. - A Sr.ª Rigaud falava como um oráculo, sem se mexer do seu banco junto à caixa. O homem abanava-se com um chapéu de palha grossa que ostentava uma fita de xadrês.
- Está calorr esta noite - disse a Sr.ª Rigaud.
Está mesmo... Norah, devíamos ter ido para a ilha, em vez de ficarmos nesta cidade sem fazer nada.
- Billy, sabes perfeitamente por que não podemos ir.
- Não insistas no assunto. Já te disse que no sábado está tudo arranjado.
- A história e a literatura - prosseguiu Émile depois de os clientes terem saído com o frango, deixando a Sr.ª Rigaud com meio dolar de prata para guardar na máquina registadora... - A história e a literatura ensinam-nos que há amizades das quais nace, por vezes, um amor digno de confiança...
- A história e a literatura! - protestou a Sr.ª Rigaud rindo-se interiormente. - Hão-de servir-nos de muito."


John Dos Passos, Manhattan Transfer, Europa-América, 1994.

posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, maio 17, 2004

domingo, maio 16, 2004

moleskine


Tim Burton Collective!






posted by Luís Miguel Dias domingo, maio 16, 2004

sábado, maio 15, 2004

CON TODA PALABRA

Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia

Me acerco al agua
Bebiendo tu beso
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo

Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Mirada de ciego
Secreto desnudo

Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en el alma

Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia

Me acerco al fuego
Que todo lo quema
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo

Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Mirada de ciego
Secreto desnudo

Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en la alma


Lhasa

posted by Luís Miguel Dias sábado, maio 15, 2004

sexta-feira, maio 14, 2004

Festival de Sundance, 1992.




"Nós éramos...
O nosso filme era o mais conhecido no festival. Logo após uma primeira exibição de loucos...
Foi a pior ou a melhor exibição que se pode ter. Foi a primeira vez que exibi um filme meu a um público completamente aleatório.
Fomos a Sundance.
Filmámos o filme em scope.
Chegámos lá e o Alberto Garcia disse-nos: "Julgávamos que tínhamos uma lente de scope, mas não temos."
Então?
Agora já tenho mais experiência e não teriam exibido o filme. Era a primeira coisa que teria dito.
Mas eu não tinha experiência ou não sabia que podia dizer isso. Então, vimos o filme. Vimos o meu trabalho em scope com uma lente que não era de scope no projector.
O primeiro público que pagou bilhete viu-o assim.
Este lado [direito] estava desfocado, aquele lado não aparecia na tela... Foi um pesadelo. Mas a sala estava a abarrotar.
Na última secção, no armazém...
A coisa complica-se, eles recriminam-se, matam o Kirk Baltz.
De repente, acenderam as luzes.
"Mas que porra é esta?"
Então, apagaram as luzes, no meio dessa sequência importante. Depois eles sacam das armas, têm todos as armas apontadas e, nesse momento, falhou a electricidade.

UM MOMENTO, ESTAMOS A TER DIFICULDADES TÉCNICAS

One moment please...
We are having
Technical difficulties


O ecrã ficou todo negro, a sala às escuras...

One moment please...
We are having
Technical difficulties


A responsável pela montagem estava quase a chorar.

One moment please...
We are having
Technical difficulties


Disse-lhe para ela não se preocupar. Aquilo estava a correr tão mal, que eu entrei naquela onda masoquista. Foi giro e estranho.

One moment please...
We are having
Technical difficulties


Foi a pior altura, ou melhor, do filme em que aquilo podia ter acontecido. Porque o público desatou aos gritos.

One moment please...
We are having
Technical difficulties


Restabeleceram a electricidade, ligaram os geradores. Recomeçaram o filme.
Fomos a outra exibição do filme. Ao todo, foram quatro exibições.
Na exibição seguinte dessa semana não houve incidentes.
Depois houve uma exibição especial em Salt Lake City. Têm um festival anexo em Salt Lake City.
Decidi levar a minha mãe até lá em vez de a levar aqui. A minha mãe e alguns amigos meus foram ver o filme.
Eles tinham uma lente de scope, mas não valia nada, era uma bela porcaria. Nos grandes planos, tudo bem, mas nos planos mais abrangentes, e existem alguns neste filme, ficava lindo. Já a meio do filme...
Quem sempre foi ao cinema viu isto acontecer raras vezes, mas reconhece logo o que vê. A pessoa está a ver o filme, a película passa pelo projector, começa a tremer e, de repente, aquilo encrava numa imagem. Passados um, dois segundos... aquela porcaria arde toda!
Nem acreditei. Sabe que mais?
Aposto que 85% dos realizadores, em toda a história do cinema nunca tiveram a oportunidade de ver um filme seu arder no ecrã!
Na terceira exibição do meu filme, acontece aquela merda de efeito? da ponta de cigarro.
"Foda-se!" Na principal exibição no Sundance, na "Egyptian", que é a maior sala de cinema do festival. Aliás é um salão que transformaram em sala de cinema. Era a exibição para o pessoal da indústria. Estava Faye Dunaway. Numa das sessões, ela fez-me uma pergunta. Todo o pessoal de Hollywood já tinha chegado. Estavam todos presentes.
Tinha tido uma exibição péssima, outra mais ou menos, outra péssima e achei que era à vez. Mas acabei por encarar aquilo com humor, como agora. Contei todas as minhas experiências em, Sundance na pré-apresentação do filme.
A minha intenção era deixar o projeccionista borrado de medo! "Não deixe que nada aconteça desta vez!"
E foi fantástico. Depois esqueci as outras exibições."


Quentin Tarantino

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, maio 14, 2004

quinta-feira, maio 13, 2004

moleskine


WILLEM DE KOONING : A Centennial Exhibition


Legend and Fact, 1940


More tempests than Lear and Moby-Dick put together. Hysterical weather reports from some outer galactic fringe, accessible only to Hubble telescopes and art historians - such as John Mekert, who wrote the catalogue for the 1984 retrospective: "The creative force of eros has merged with the flux of a shapeless magma of light and unbound matter drifting towards congealment into form." Yikes!

"There is something about being in touch with the sea that makes me feel good," he remarked to an interviewer in 1978, a few years before his death. "It is the source where most of my painting comes from." The sea, the mother.


posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, maio 13, 2004


Daido Moriyama , Midnight , 1986.


- Como é que se recomeça a viver. outra vez?
- Não começa.
- Mas a vida continua. dia a dia. 24 sobre 24 horas.
- Achas? Tretas.
- Não tens relógio?
- Tenho. E não tenho. O meu não marca só horas. Marca?
- Já começas a divagar.
- Diz-me, o teu marca a filigrana do tempo?
- Filigrana?
- Sim. O teu relógio recebe impulsos do teu organismo?
- Como?
- Ah! Afinal o teu relógio só dá horas. Percebo. Filigrana, tempo?
- Então para que raio queres um relógio? Desculpa mas não te entendo. Filigrana?
- Foda-se. Sim. És tu que emites para o teu relógio ou o contrário? O choque. O estremecimento.
- Emitir? Estremecimento?
- Quantas vezes miras o relógio ao dia?
- Talvez? não sei. É um gesto espontâneo.
- Quando vais a guiar, tens o relógio à tua frente. Dás-te conta ou não?
- Sim.
- A duração da viagem, não é sempre a mesma, ou é?
- Não.
- Imagina que estás num dia mais, digámos, fodido. Ficas ansioso?
- Sim.
- E olhas para o relógio mais vezes?
- Não.
- Carregas no acelerador, não é?
- Sim.
- Sentes o tempo passar? Ou sentes que queres que o tempo passe depressa?
- Sim.
- Porquê?
- Não sei.
- Será a filigrana?
- Outra vez?
- Quantas as necessárias.
- Mas o que me estás a dizer é básico.
- Sim.
- E por que o dizes.
- Por causa da filigrana.
- Já te esqueceste do relógio?
- Do relógio? Não.
- Mas só insistes na filigrana.
- É o tempo.
- Onde sais. Aqui ou ali.
- Deixa-me acolá. Já agora, o dia para ti tem sempre a mesma cor? Não falo de sol, chuva ou nevoeiro. Consegues ver estas cores num só dia?
- Ficas aqui não é?
- Acolá.
- Onde?
- Já reparaste que quando vemos num filme uma cena repetida, o realizador mostra a imagem que filmou pela primeira vez, outra vez? Como é que a personagem que se está a relembrar de uma conversa, imagem ou apenas a relembrar, consegue reter tantos pormenores? Já sei. Vais dizer-me que é por uma questão de estética.
- Foi aqui que disseste que querias ficar?
- Sim.

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, maio 13, 2004

quarta-feira, maio 12, 2004

para mjo

"Flores para a flor que és..."


Daido Moriyama, Untitled, (Rose), 1984.

posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, maio 12, 2004

"Hugo Pratt e o Cinema"(fim)





A Carga da Brigada Ligeira (The Charge of thr Light Brigade), 1936, de Michael Curtiz, E.U.A.



"Era um dos filmes preferidos de Pratt, que até acabou por tomar de "empréstimo" os traços gerais da narrativa, contando em Num Céu Longínquo, também uma história de triângulo amoroso com dois irmãos apaixonados pela mesma mulher. O filme de Curtiz tornou-se uma espécie de emblema do filme de acção e aventura da Hollywood dos thirties, e foi um marco na carreira de Errol Flynn."


Un Pilota Ritorna ,1942, de Roberto Rossellini, Itália.

"UN PILOTA RITORNA corresponde á primeira fase da obra de Rossellini, realizada ainda durante a vigência do regime fascista de Mussollini e com algumas intenções propagandísticas subjacentes sem que isso significasse forçosamente um empenhamento convicto de Rossellini na causa do Duce. A acção de UN PILOTA RITORNA desenrola-se nos meios da força aérea italiana durante a catastrófica invasão dos Balcãs. Pratt, filho de um militar italiano, também evocou a força aérea italiana da II Guerra, no álbum Num Céu Longínquo, embora aí o pano de fundo geográfico fosse outro (a Etiópia)."


Lanceiros da Índia (The Lives of a Bengal Lancer), 1935, de Henry Hathaway, E.U.A.



"Outro filme que se tornou quase um arquétipo do grande cinema de aventuras que só Hollywood nos anos 30 foi capaz de produzir. A sua influência sobre Pratt é evidente, e este filme de Hathaway é expressamente citado num dos episódios de Os Escorpiões do Deserto, a série que Pratt dedicou à II Guerra Mundial vista pelo lado dos pequenos aventureiros das unidades especiais britânicas em África."


A Boceta de Pandora (Die Büchse Der Pandora), 1929, de G. W. Pabst, Alemanha.



"O extraordinário filme de Pabs que mitificou Louise Brooks. Hugo Pratt não escapou ao fascínio desta obra, nem ao de Louise Brooks: há uma persanagem decalcada a 100% da sua figura (dando pelo nome de Louise Brookowski) que se cruza com Corto Maltese em duas das suas aventuras."


AGONIYA, 1981, de Elem Klimov, URSS.



"A queda dos Romanov enquadrada pelo ponto de vista do enigmático monge Rasputine, num surpreendente filme histórico de Elem Klimov, o célebre realizador de VEM E VÊ e ADEUS A MATIORA. Nas histórias de Corto Maltese, o fascínio de Pratt pelo monge Rasputine desdobra-se em dois contrários: o "Monge", um vilão, e Rasputine, companheiro de ínumeras aventuras de Corto Maltese e seu melhor amigo."


Mauvais Sang, 1986, de Leos Carax, França.



"Peça fundamental na constituição do "mito Carax", MAUVAIS SANG continua hoje a parecer um filme tão "único" como na altura em queestreou. Hugo Pratt desempenha um pequeno papel, no que não pode deixar de ser considerado como uma homenagem de Carx, realizador que não é só um cinéfilo, mas também um "bedéfilo"."


Memórias do Cangaço, 1965, de Paulo Gil Soares, Brasil.



"MEMÓRIAS DO CANGAÇO é um curioso documentário sobre o cangaço, esse fenómeno do banditismo brasileiro, que conta, inclusivamente, com depoimentos de alguns antigos cangaceiros."


Jesuit Joe, 1990, de Olivier Austen, França.



"O primeiro filme directamente baseado sobre material da autoria de Hugo Pratt. No caso, o álbum homónimo, sobre as aventuras de um jovem índio que se apossa do uniforme de um cavaleiro da polícia montada do Canadá, por volta dos anos 70 do século XIX - um northern, portanto."


in folha da cinemateca portuguesa, Setembro de 2002.

posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, maio 12, 2004

terça-feira, maio 11, 2004


Daido Moriyama, Stray Dog, 1971.


"Hacia el final de la tarde me di un paseo bajo los árboles de la vereda que transcurre a orillas del Adagio hasta el Castelvecchio. Un perro de tonos claros con una mancha negra sobre el ojo izquierdo similar a un parche y que, como todos los perros sin dueño, parecía caminar en diagonal respecto a la dirección en la que se mueve, se me había unido el la plaza de la Catedral, andando siempre, a partir de entonces, un trecho por delante de mí. Si me paraba a mirar un poco el río, también él se detenía y, meditabundo, contemplaba el fluir del agua. Si reanudaba la marcha, también él se volvía a poner en camino. Pero cuando crucé el Corso Cavour, junto al Castelvecchio, se quedó atrás, al borde de la acera, y cuando en medio del Corso me di la vuelta para ver si venía, no me atropellaron por los pelos. Una vez llegado ao otro lado del Corso, consideré la posibilidad de ir directamente por la Via Romana hasta la Piazza Bra, donde había quedado con Salvatore Altamira, o si debía tener un cuenta la posibilidad de dar el pequeño rodeo que supondría ir por la Via San Silvestre y la dei Mutilati. El perro, que durante todo este tiempo me había estado siguiendo con la mirada desde el otro lado del Corso, había desaparecido de una forma repentina, y sin realmente haber tomado uan decisión cualquiera me adentré en la Via Roma."


W. G. Sebald, "Vértigo", Editorial Debate.

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, maio 11, 2004

segunda-feira, maio 10, 2004







"- Vocês gostam de contar piadas, rir e de galhofa? A rirem-se quais meninas do liceu. Deixem-me contar-vos uma piada.
Cinco tipos numa cela temporária, em San Quentin, interrogam-se como foram lá parar. "Que fizemos de errado? Que foi que não fizemos? A culpa é tua, minha culpa, culpa dele.? Essa cena toda. Finalmente alguém diz: "Esperem aí. Enquanto planeávamos o assalto, só contávamos piadas."
Estão a perceber? Não vos quero gritar. Quando este trabalho acabar, decerto que terá êxito, iremos para o Havai e riremos todos juntos. Lá, achar-me-ão diferente. Neste momento, é uma questão de trabalho. Com excepção do Eddie e eu, que vocês já conhecem, vamos usar nomes falsos. Em circunstância alguma, ninguém utiliza o nome de baptismo. E não quero conversas sobre as vossas pessoas. Isso inclui onde estiverem, o nome da vossa mulher, onde cumpriram pena, ou algum banco que assaltaram em St. Petersburg. Quero que falem apenas, se tiverem de falar, sobre o que vão fazer. Isso deve chegar. Eis os vossos nomes.
Mr. Brown.
Mr. White.
Mr. Blonde? Mr. Blue.
Mr. Orange?
? e Mr. Pink.
- Por que sou eu o Mr. Pink?
- Por que és um maricas.
- Eh, eh, eh!!!
- Por que não podemos escolher as nossas cores?
- Nem pensar. Experimentei uma vez, não resulta. Fica-se com quatro tipos a lutar para ser o Mr. Black. Eles não se conhecem, por isso, ninguém cede. Nem pensar. Eu escolho. Tu és o Mr. Pink. Dá-te por feliz por não seres o Mr. Yellow.
- Sim, mas "Mr. Brown" soa a "Sr. Cagalhão".
- "Mr. Pink" soa a "Sr. Crica". E se eu for o Mr. Purple? Soa bem. Eu sou o Mr. Purple.
- Não és o Mr. Purple. Um tipo noutro serviço qualquer é o Mr. Purple. Tu és o Mr. Pink!
- Quem é que liga ao teu nome?
- É fácil para ti dizeres isso. O teu nome é baril, Mr. White. Se não é nada de especial ser Mr. Pink, troquemos.
- Ninguém troca com ninguém. Isto não é nenhuma assembleia municipal. Ouça, Mr. Pink. Há dois modos de entrar neste trabalho, ao meu modo ou for a daqui. Como é que vai ser?
- Santo Deus, Joe. Esquece. Eu sou o Mr. Pink. Continuemos.
- Continuo, quando me apetecer. Perceberam a mensagem? Lixam-me a cabeça de tal modo, que mal consigo falar. Vamos trabalhar."
Quentin Tarantino, "Cães Danados".

posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, maio 10, 2004

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