A montanha mágica

sexta-feira, abril 30, 2010

If you ever go to Houston (32)





Alberto Carneiro, Esta linha que percorre..., 1971

fotografia por LMD, 2010; no âmbito da exposição KHORA
fundação carmona e costa, até 21 de Maio




1. Uma lição, uma abstracção, com nome e datas e chamadas de atenção. Dos jornais portugueses de entre três ou quatro textos bem esgalhados sobre História ou à volta da História dois: uma definição de Rui Tavares e uma lição, que são muitas, na verdade, de Vasco Pulido Valente, uma das melhores que já lhe li, por aquilo que é e devia ser mais considerada a História, calma ciência, calma.

A definição de Rui Tavares: "É como uma nuvem, a História: gigantesca e cheia de delicadeza. Uma coisa grande que parece mudar lentamente; mas distraímo-nos e já está inteiramente diferente. Uma nuvem agora é cinzenta e anuncia tempestade, logo depois é de âmbar e deixa passar raios de sol, um crepúsculo tonaliza-a de ocres, laranjas e rosas como um fresco de Tiepolo." Anda comigo no moleskine.

A lição, que também anda e tenho-a lido, desde então, intitula-se Uma lição a Cavaco, jornal público, sábado 24 de Abril, mas podia ser uma lição a outro qualquer ambicioso e ignorante de passos sempre maior do que a perna no horizonte, a seguir já veremos um exemplo tirado do jornal expresso, mas agora a lição:




A História em estado quase puro e a ignorância também. Bravo. A excelência.


2. Público, Portugal, Domingo, 18 de Abril de 2010, página 9: "A ministra Isabel Alçada considerou ontem que não há motivos para grandes preocupações`no que respeita à redução das deduções fiscais prevista no Plano de Estabilidade e Crescimento, que afectará também as despesas com a educação."

Repito? Sim, repete: "A ministra Isabel Alçada considerou...". Dizer o quê? Percebe-se o erro? Portugal. Dimensões.

Dizem que gostou da solução de uma escola da Costa da Caparica para o modelo de disciplinas semestrais. Ora, por 15 cêntimos diga lá as disciplinas fundamentais que não me chateiem a cabeça que eu não percebo nada disto é só ministra, que bonito, vão passar a semestrais, 1,2,3, diga lá outra vez, História...
"A ministra Isabel Alçada considerou..." se não fosse trágico...


3. De carro, numa manhã solarenga, a passar por placas informativas onde se podia ler quilómetro após quilómetro que a gasolina e o gasóleo, fornecido por 3 empresas diferentes, era ao mesmo preço em quase todo o país. Nenhuma destas empresas baixa o seu preço nem em dois cêntimos para que com aquela escolha do vou ali que mesmo assim são menos dois cêntimos... nada, preços iguais, que há concorrência que há fiscalizadores reguladores desse mercado, tudo está a funcionar. O patético primeiro ministro de Portugal a dizer mais ou menos assim na rádio e na tv, nos jornais, quem não vê, Ruas, não era?, e as pessoas todos os dias a ver que não é assim mas explorem-se, explorem-nas. Veio de onde, este homem? Do meio de nós? Estamos, todos, muito doentes.


4. Na semana em que os presidentes dos clubes de futebol do Benfica e da equipa mais representativa da cidade do Porto foram à televisão dizer babelas e tiveram honras disso, nesse fim de semana no semanário expresso, com a qualidade que se lhe reconhece, uma desgraça, diga-se, podia ler-se que o presidente do clube mais representativo da cidade do Porto teve mais pessoas a vê-lo e ouvi-lo e que deu uma abada ao outro presidente que falava à mesma hora noutro canal, e dizia o expresso, emocionado, que o presidente dos azuis é que era.

Enfim, deste semanário esperar mais porquê?, não se podia esperar que dissesse que o dos azuis é um sujeito acossado, verborreico, que palavra horrível, que dispara contra tudo e contra todos desde que não ande satisfeito, e diz asneiras sem fim, naquele jeito que muitos seres humanos dizem que chega para os levar para o céu, mesmo sabendo que diz o que diz como se fosse um rapazola no meio dos amigos a tentar manter-se líder e a dizer que o meu tio tem mais força do que o teu e ainda tenho um primo que...

Acossado a dizer que não pediu para ir à televisão eles é que me convidaram e faltou dizer venho aqui fazer-vos um favor. Agustina escreveu.

Num ano em que quase toda a gente ouviu escutas do presidente deste clube de futebol mais representativo da cidade do Porto é preciso mais do que muita lata para sei lá... as pessoas vão tolerando e batendo palmas, gesto tão ancestral. A figurinha triste de alguns sócios e de alguns adeptos da equipa de futebol mais representativa da cidade do Porto nas tvs e nos jornais e assim. Saberão o que é ter vergonha na cara?

Mas do semanário expresso não se pode esperar... ia a dizer nada, mas vou dizer quase nada. Aquilo é o quê?


5. Sobre o mesmo assunto, o jornal Público parece mais um circo, aliás, os jornalistas deste jornal responsáveis pelo futebol batem aos pontos, e de longe, os do inimigo público, estão a par dos da sport tv. É uma gargalhada só, contínua.


6. Um exemplo, voltando ao expresso, um dos seus cronistas começa assim uma das crónicas: "Numa época gloriosa e já longínqua, eu tive a sorte de trabalhar com um regimento florido de diplomatas polacas. Uma delas, a doutora Wolanska, até era assessora do recém-falecido Lech Kaczynski. Durante esses longos meses, aprendi a respeitar a Polónia e a Europa de Leste." Repito ou... fica só assim? repetição: "aprendi a respeitar a Polónia e a Europa de Leste."
Quem é esta gente? De onde vem? Para onde vai?
Apelido Raposo. E está certo, para onde vai?


7. As palavras de José Mourinho


tuvo un encontronazo con Xavi en el túnel de vestuarios. El portugués dice que fue un simple intercambio de palabras. "Yo con Xavi nunca tendré problemas porque le adoro y le conozco desde hace 15 años. Pero, después del encuentro, cuando le estaba esperando para saludarle, me ha empezado a hablar del árbitro ["muy bien el colegiado portugués, ¡qué escándalo!", le dijo] y le he contestado: '¿No estarás hablando del árbitro del Barcelona-Chelsea del año pasado?", contó. Y añadió: "No hay problema. Un intercambio de palabras y ahí se acaba".

no fim do jogo.

Peguemos no caso de Benquerença, ridículo enquanto árbitro, e somemos-lhe Víctor Constâncio, José Sócrates, Pedro Santa Lopes, Durão Barroso .... e assim. Mais, muitas das pessoas que conhecemos e fomos conhecendo, nas nossas terras, pessoalmente e sem o ser, ao longo da nossa vida e podemos ver que quase todos... como é que é possível, como em surdina num qualquer café.

Balzac explica tão minuciosamente... como a passagem da aldeia para a cidade, da perda de vergonha e da chegada ao cosmopolitismo, a cidadão do mundo.

Bush, Berlusconi, Sarkozy, Cameron, Massimo Busacca no último mundial sempre a meter dó e a ser ele um dos escolhidos para grandes momentos, decisivos. Como se fosse uma corrente demolidora, como uma inevitabilidade.

Mourinho respondeu como tinha de responder.


8. Do filho pródigo

Era uma prova crucial, ciclistas importantes tinham-se inscrito e vinham participar, para ganhar. Falava-se nisso.
Eles ainda eram de pequena dimensão, e de meia dúzia deles, havia que escolher um para os representar.
A escolha recaiu em alguém que ainda não sabia andar sem as rodinhas extra da bicicleta.
A partir desse dia narciso teria vergonha de si próprio; as rodinhas continuam lá.


9. Houve dias em que li as crónicas, aquando do público; sei que tem um programa na sic, segunda-feira, creio, sei o nome e lamento que o tenha adoptado, lamento muito muito muito; só esta semana vi uns minutos, já de madrugada, na sic-notícias, conversava ele com o lider da cgtp e fazia aquele esgar com o lábio a roçar no dente como que a afiar a lâmina e a dizer isto e aquilo e aqueloutro, a matar e a rasgar; a prepotência do ignorante a fazer valer o ter mais músculo ao dobrar o braço, no cérebro pouco, ou muito, depende. Triste. E preocupante.

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, abril 30, 2010

quinta-feira, abril 29, 2010

Taganrog, Anton Tchékhov: 150 anos 150 posts (8/150)




LMD



"Quando Tchekov chegou aos cinco anos e estava pronto para a rigorosa disciplina do pai, tinha mais dois irmãos e uma irmã: Ivan, o único «sóbrio» e não inspirado membro da família, que viria a ser professor, nascera em 1861; Maria, que viria a ser também professora e artista, nascera em 1863; e por fim, Miguel, futuro funcionário civil, jornalista, escritor e contista infantil, além de biógrafo de Tchekov, nascera em 1865. A família estava completa.


Nada talvez revele tanto a loucura quixotesca de Pavel como a resolução que tomou de enviar os seus três filhos mais velhos para a escola grega de S. Constantino. No fim do mês de Agosto de 1888, Tchekov queixa-se a Suvorine de ter crescido, estudado e principiado a escrever «num meio no qual o dinheiro desempenhava largo papel enfadonho». Nunca conseguiu, efectivamente, libertar-se da influência daquele meio da sua juventude, e toda a sua vida perseguiria, com tão pouco êxito como o próprio pai, a miragem da riqueza súbita, comprando bilhetes da lotaria do Estado, tentando a sorte à roleta, e até, já no fim da vida, vendendo as suas obras por importâncias que na época se lhe afiguravam chorudas, mas que dentro de pouco verificaria não passarem de um sonho vão."


David Magarshack (trad. João Gaspar Simões), Tchekov, Editorial Aster, Lisboa, 1960.


posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, abril 29, 2010

quarta-feira, abril 28, 2010

.



posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, abril 28, 2010

Lev Tolstói, Yásnaia Poliana, 1828 - Astapovo, 1910 (8/100)




LMD, Abril de 2010.



Mann, no seu Goethe e Tolstoi: "Falando da sua adolescência, Tolstói escreveu: «Sentia a necessidade de ser conhecido e amado por alguém, a necessidade de dizer o meu nome; parecia-me que toda a gente devia ficar vivamente impressionada com tal comunicação, reunindo-se à minha volta e agradecendo-me algo...». Isto passava-se antes dos primeiros passos do escritor, num tempo em que ele ainda não concebera nenhuma das suas obras literárias, nem lhe ocorrera a ideia de fundar uma nova religião, prática, terrena e sem dogmas, ideia que o obcecou, aliás, a partir dos vinte e sete anos, como refere o seu diário."


"1855

2, 3, 4 DE MARZO. ... Hoy comulgué. Ayer una conversación sobre lo divino y la fe me llevó hasta una idea grande, inmensa, a cuya realización me siento capaz de consagrar mi vida. Esta idea es la de fundar una nueva religión acorde con el desarrolo de la humanidad, la religión de Cristo pero despojada de la fe y de los misterios, una religión práctica que no prometa la felicidad futura, sino que dé a los hombres da lelicidad en la tierra. ... Actuar conscientemente para la unión de los hombres por medio de la religión, ese es el fudamento de una idea que, espero, me apasionará.


6, 7, 8, 9, 10, 11 DE MARZO. Volví a perder 200 rublos contra Odajovski, así que estoy enredado hasta el último extremo. ... La carrera militar no es para mí, y cuando antes me zafe de ella para poder dedicarme plenamente a la literatura mejor será.


17 DE MARZO. Escribí casi una hoja de Juventud bien, pero podría havere scrito más y mejor. Me acosté tarde.


18 DE MARZO. Releí algunas páginas de mi diario, en las que me examino y busco un camino o un método de perfeccionamento. Desde el principio adopté el método más lógico y científico, pero el menos practicable: conocer y conseguir a través de la razón las mejores virtudes y las más utiles. Después llegué a la conclusión de que la virtud es sólo la negación del vicio, ya que el hombre es bueno, y yo quería enmendar mis vicios. Pero eran demasiados, y enmendarlos según los principios espirituales sólo sería posible para un ser espiritual, y el hombre tiene dos seres, dos voluntades. Entonces entendí que la enmienda tiene que ser progresiva. Pera tampoco eso es posible. Es necesario preparar mediante la razón una sitiación en la que el perfeccionamento sea posible, en la que concuerden de la mejor manera la voluntad carnal y la voluntad espiritual; son necesarios ciertos procedimientos para enmendarse. Y en uno de esos procedimientos caí por casualidad: encontré el criterio de las situaciones en las que el bien es fácil o difícil. El hombre, en general, aspira a una vida espiritual, y para alcanzar los objetivos espirituales es necesaria una situación en la que la satisfación de las aspiraciones carnales ni contradiga ni coincida con la satisfación de las aspiraciones espirituales. La ambición, el amor por la mujer, el amor por la naturaleza, por las artes, por la poesía.

De este modo, he aquí mi nueva regla, además de las que hace mucho tiempo me impuse: ser activo, razonable y modesto. Ser activo siempre hacia una meta espiritual, meditar todos mis actos partiendo de la base de que son buenos los que tienden a objetivos espirituales. Ser modesto de manera que el placer de estar satisfecho conmigo mismo no se convierta en el placer de suscitar en los otros el elogio o la admiración. Con frecuencia también he querido trabajar sistemáticamente para mi bienestar material, pero este objetivo era demasiado diversiforme, y por otro lado he cometido el error de querer darle forma independientemente de las circunstancias. De modo que con mi regla actual trabajaré para mejorar mi bienestar en la medida en que este me proporcionará los recursos para la vida espiritual y trabajaré sólo a modo de no obstaculizar las circunstancias. Mi vocación, según he podido comprender por una experiencia de diez anos, no es la actividad práctica; por eso la economía doméstica es lo menos compatible con mis inclinaciones. Hoy se me ocurrió la idea de alquilar mi propriedad a mi cuñado (5). De esa manera conseguiré tres objetivos, me me liberaré de las preocupaciones de la economía doméstica y de los hábitos de mi juventud, me impondré límites y me desharé de mis deudas. Hoy escribí casi una hoja de Juventud.


(5) Es decir, a Valerián Tolstói, marido de su hermana Masha."


Lev Tolstói (trad. Selma Ancira), Diarios (1847-1894), Acantilado, 2002.


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, abril 28, 2010

terça-feira, abril 27, 2010

Y viva la España





Abre-se a página de um jornal espanhol e, zás, leva-se com uma homenagem a Mark Twain; abre-se outro jornal e, zás, leva-se com dois pdfs perdidos, um de Necrópolis, de Boris Pahor, com prólogo de Claudio Magris,

"La mirada micrológica del autor atrapa lo esencial -el horror difícilmente expresable- desde partículas aparentemente insignificantes y coloca cada cosa, aunque sea mínima, dentro de una perspectiva global, dentro de la totalidad de la vida y de los procesos naturales e históricos" "Con este gran libro Pahor afronta la tortuosa pesadilla de la culpabilidad del superviviente, de quien ha regresado", analiza Claudio Magris, autor de títulos como El Danubio. "Él no se deshace de la culpa, la asume como asume la presencia a cada instante de su existencia vivida en la necrópolis, que no sólo es la necrópolis de ese lugar y de los campos de concentración, sino la existencia en general"

e, zás, outro de Colum McCann, Que el vasto mundo siga girando.

Que el vasto mundo siga girando arranca la calurosa mañana de agosto de 1974 en que el funámbulo francés Philippe Petit se paseó entre las Torres Gemelas. Se calcula que cerca de 100.00 personas miraban absortas desde la calle y las oficinas colindantes. Con esta hazaña -que inspiró el documental Man on wire- se abren las más de 400 páginas de esta novela. El paseo por las nubes tensa la acción centrífuga que se dispara en todas las direcciones. Sin embargo, fue la caída de las Torres Gemelas el 11 de septiembre de 2001 lo que puso a McCann a pensar en primer lugar.


Ainda antes do Inter-Barcelona, um jornalista espanhol com Maradona "Ahora mismo Guardiola lo gana todo y tiene un mérito enorme, pero Mourinho es el más completo, es el jefe."

A página do ípsilon online serve também para o quê? Zás.

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, abril 27, 2010

ABCD bloom, lecciones de ensayo


"MICHEL DE MONTAIGNE (1533-1592)

Hasta el advenimiento de Shakespeare, Montaigne es la gran figura del Renacimiento europeo, comparable en poder cognitivo y en influencia a Freud, en nuestros días. [...]

La crítica literaria del siglo XVI, dado que se inscribe en lo que bien podría llamarse manifiesto humanista, requiere que la lectura se haga desde un cierto espíritu de «desidealización» afectuosa. Los principales escritores del siglo se encargaron, ellos mismos, de la «desidealización», y si dicha actividad puede considerarse crítica (como en efecto se considera), entonces Montaigne se convierte en el gran crítico del Primer Renacimiento [...]. Decir que los Ensayos de Montaigne son una inmensa obra de crítica literaria es un juicio meramente revisionista, pero sólo en un sentido: ahora creemos que Sigmund Freud, que murió en 1939, parecía ser en 1987 el crítico más importante del siglo XX. La defensa que Montaigne hace del yo es también un análisis del yo y Montaigne parece ser ahora el predecesor no sólo de Emerson y Nietzsche, que reconocieron su valía, sino también de Freud, que no lo hizo. [...]


BLAISE PASCAL (1623-1662)

Pascal nunca pierde su capacidad de ofender y, al mismo tiempo, de edificar. [...]

Pascal es, en esencia, un polemista, más que un escritor religioso o meditativo. Sus Pensées no son, en definitiva, menos tendenciosos que las Cartas provinciales. Un polemista cristiano de nuestro tiempo debería buscar a su auténtico antagonista en Freud, pero ninguno lo hace: o bien ignoran a Freud, o bien tratan de apropiarse de él. El Freud de Pascal fue Montaigne, al que no se podía ni evitar ni asumir, y que apenas puede ser refutado. [...]

Lo que resulta perturbador es que Pascal no huye de Montaigne ni lo enmienda: simplemente, lo repite, tal vez inconsciente de su sometimiento hacia el escéptico precursor. Y como el tono de Pascal es polémico, y el de Montaigne es de reflexión y especulación, el margen retórico es diferente. Pascal enfatiza la acción moral, mientras Montaigne se centra en el ser moral. [...]


SAMUEL JOHNSON (1709-1784)

El doctor Samuel Johnson es, a juicio de muchos (incluido yo mismo), el mayor crítico de la variopinta Historia de la cultura literaria occidental. En la tradición angloamericana, el único rival que le iguala parece ser William Hazlitt, que tiene algo de la energía, el intelecto y el conocimiento de Johnson, pero carece del amplio abanico de cualidades humanas que tiene Johnson y, simplemente, no es tan sabio. Johnson nos muestra que la crítica, como arte literaria, se vincula al antiguo género de los escritos sapienciales [...].

Johnson nos enseña que la autoridad de la crítica como género literario depende de la sabiduría del crítico como ser humano y no de la corrección, o incorrección, de alguna teoría o praxis. [...]

Johnson, el más grande de los críticos, puede enseñarnos a todos nosotros que la esencia de la poesía es la invención. La invención es el impulso que activa el significado, y Johnson demuestra, de forma implícita, que Shakespeare, incluso más que Homero o que la Biblia, es el autor que más abunda en invención original. [...]


JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778)

Van den Berg atribuye a Emilio la invención del tropo de la «maduración» psíquica, asignando a Rousseau la autoría de la adolescencia como tal. Este puede ser, en parte, un irónico tributo de Van den Berg, pero a mí me parece acertado. Antes de Rousseau, ¿dónde encontramos representaciones de la adolescencia? [...]

El gran Rousseau [...] era simplemente un monstruo sagrado, especialmente pernicioso para las mujeres. En cuanto al poder literario de la representación de sí mismo, por la originalidad de su sensibilidad y por la fuerza de la influencia que tuvieron sobre todo lo que vino después, las Confesiones escapan a la comparación con cualquiera de sus posibles rivales de la literatura del siglo XVIII, independientemente de lo que cualquiera de nosotros piense de Rousseau como individuo. [...]


RALPH WALDO EMERSON (1803-1882)

Emerson es un crítico experimental, y un ensayista, pero no es un filósofo trascendental. Nunca está de más reafirmar esta verdad obvia y, tal vez, es más necesario que nunca ahora que la crítica literaria está influida en exceso por los franceses, herederos de la tradición alemana de la filosofía trascendental o idealista. Emerson es la mente de nuestro clima, la principal fuente del toque americano en poesía, crítica y postfilosofía pragmática. Esta verdad es menos obvia, pero también es necesario reafirmarla, ahora y siempre. Emerson, en modo alguno el mejor escritor americano, tal vez mejor orador que escritor, es el teórico inevitable de toda la literatura americana posterior a él. Desde su tiempo al nuestro, los autores americanos han seguido su estela, o bien la contraestela que se originó en oposición a él. [...]


FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900)

Origen y propósito deben mantenerse separados, en aras de la vida. Esta firme exhortación constituye el centro de la obra de Nietzsche. Pero ¿pueden de verdad mantenerse separados durante mucho tiempo, en la psicología de cualquier individuo? El punto fuerte de Nietszche es su conocimiento de la psicología; pero lo que él nos pide es, en definitiva, algo que no nos exigiría ningún psicólogo, pues el retorno cíclico del objetivo, o el propósito, al origen, es algo que no puede dejarse de lado, una lección oscura que ya nos enseñaron poetas y especuladores a lo largo de la Historia. Los comienzos suelen tener algo más que prestigio: albergan la ilusión perpetua de la libertad, aunque invadir esa ilusión tenga como consecuencia la muerte.

La enseñanza más importante que obtengo de Nietzsche, cada vez que lo leo, es que el auténtico significado es doloroso y el dolor mismo es el significado. Entre el dolor y el significado se sitúa el recuerdo, un recuerdo de dolor que se convierte en un significado memorable [...].


SIGMUND FREUD (1856-1939)

[...] un sueño, por elaborado que sea, no es más que un sustituto de un texto más real, un sustituto interpretativo en realidad y, por lo tanto, especialmente sospechoso. En la visión freudiana, un sueño es un texto postergado, un comentario inadecuado a un poema que falta. Su argumento es, seguramente, irrelevante: lo que importa es algún elemento que sobresale, alguna imagen que resulta difícil de asociar al texto. Y en este sentido, Freud es el padre legítimo de Lacan y Derrida, con sus deconstrucciones del impulso, excepto en que él, Freud, les hubiera instado a ahondar en los abismos del sueño y no en sus propios textos. [...]

Los sueños, como el psicoanálisis, parodian y simplifican los poemas, si seguimos a Freud al tratar los sueños en términos de su contenido latente, o «significado». Pero los sueños, en su contenido manifiesto, en su argumento y en su imaginería, comparten los elementos poéticos que tienden a desafiar la simplificación y el reduccionismo.

Freud deseaba y necesitaba esta simplificación, porque su búsqueda era científica y terapéutica. Como terapeuta adivinador de sueños está más allá de toda comparación, antigua o moderna, aún más a pesar de su exceso de confianza interpretativa. [...]


ALDOUS HUXLEY (1894-1963)

No se puede decir que Aldous Huxley consiguiera llegar a un lugar eminente en el que se haya mantenido, ni como novelista ni como guía espiritual. Sus mejores novelas fueron Danza de sátiros y Contrapunto, que yo disfruté en mi juventud, pero que ahora considero obras de su tiempo, si bien muy elaboradas. Su obra de ficción más famosa, Un mundo feliz, apenas resiste una relectura: su metáfora básica, en la que Henry Ford sustituye a Jesucristo, parece ahora forzada, incluso ingenua. La gran obra de Huxley son sus Ensayos, que incluyen ejemplos soberbios, como «Wordsworth en los trópicos», «La tragedia y toda la verdad» y «Música en la noche». [...]

Los nuevos tiempos siempre están abocados a convertirse en viejos tiempos, y la espiritualidad huxleiana ahora nos parece anticuada. Aldous Huxley era extraordinario como ensayista, pero no como novelista. Y tampoco era un sabio.


JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)

El triunfo de Sartre comenzó en 1938, con su primera novela, La náusea. Pero en la actualidad, ¿qué queda de Sartre? Las modas pasan, y el Existencialismo ya no es más que un recuerdo borroso. Las novelas de Sartre, con la posible excepción de La náusea, ya no se leen. Mejor dramaturgo que narrador, sus obras de teatro aún tienen vida: A puerta cerrada se sigue representando, con cierto éxito. Como pensador político y como moralista Sartre tuvo en tiempos una enorme repercusión, pero aquella supremacía ha decaído. ¿No fue, después de todo, una buena obra de su época, de gran éxito en los años cincuenta y principios de los sesenta, que dejó de ser relevante con el advenimiento de la Contracultura, entre 1967 y 1970?

[...] No hay mucho en la narrativa de Sartre que pueda resistir una comparación con Dostoievsky, con Conrad o Faulkner. Sartre siempre sabe demasiado bien lo que hace, y sus personajes nunca se alejan de él. En este sentido es como Camus, su amigo y rival, que escribió ensayos morales y los llamó «ficción». [...]

No se puede comparar a Sartre con Molière o Racine; él no era un gran dramaturgo. Tal vez debió dedicarse antes a la biografía literaria y a la autobiografía, pero su deseo de alterar las vidas de sus lectores era demasiado fuerte. La suya será sólo una supervivencia parcial, pero Las palabras bastará, por sí misma, para que le recordemos mientras pasamos a otra era.


ALBERT CAMUS (1913-1960)

La auténtica influencia que se ve en El extranjero es, a mi juicio, la del Moby-Dick de Melville: Camus sustituye la blancura de la ballena por la del sol. Y Mersault no es un buscador, no es Ahab; Ahab no le hubiera dejado subir a bordo del Pequod. Pero el cosmos de El extranjero es en esencia el cosmos de Moby-Dick, aunque en muchos de sus aspectos externos el de Meursault se haya formado en el terror. [...]

Cuarenta años después de su publicación, La peste (1947) de Camus ha adquirido una especial intensidad en esta era de la nueva peste, de ambigua denominación, que es el SIDA. La peste es una novela tendenciosa, más parcial incluso que El extranjero. Un autor requiere una enorme exuberancia para sostener esa parcialidad; Dostoievsky la tenía, pero Camus no. O bien es un maestro de la evasión, como Kafka, que puede evadirse de sus propias compulsiones, pero Camus es demasiado fácil de interpretar. La comparación más oscura sería con Beckett, cuya trilogía de Molloy, Malone muere y El innombrable contiene ese aire de amenaza y de angustia, metafísica y psicológica, que deja en nada a La peste. [...]

Camus fue un admirable, aunque confundido, moralista, y el heredero legítimo de una larga tradición de lucidez racional. No escribió un Cándido, ni siquiera un Zadig, no consigo recordar ni siquiera un momento de humor en toda su ficción. El extranjero y La peste, como el resto de sus novelas, son grandes obras de su tiempo, reflejo crucial de la moral y las preocupaciones de Francia y de Occidente en los años 40, antes y después de la Liberación de los nazis, poderosas representaciones de una era que tienen su propio uso y justificación, y ofrecen valores que no son estéticos en sí mismos. n"

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, abril 27, 2010

domingo, abril 25, 2010

Acabei o filme em Dezembro e de então para cá tenho feito publicidade e comprado camisolas de gola alta. Não se muda nada a comprar camisolas de gola alta. Nem sequer o carácter.







fotografias da antologia de O Tempo e o Modo de LMD; fotograma de João César Monteiro desta entrevista



(para ler e ver melhor clicar em cima)

posted by Luís Miguel Dias domingo, abril 25, 2010

sexta-feira, abril 23, 2010

O mundo está em chamas.
Comece os seus artigos desta maneira.
Diga só em letras grandes "O Mundo está Em Chamas".
Isso chama logo a atenção das pessoas.
Vão dizer que você é esperto.
Não me importo.
Não tenho inveja de si.
A ideia veio-me assim sem mais nem menos.






Um coiote nas estradas e vias rápidas de manhattan, em downtown, fotografado engaiolado agrafado, na primeira página do new york times, duas dúzias de polícias, muitos flashes e muitos no ar. Poucas horas depois, morre.
Uma baleia, cetáceo nariz-de-garrafa-do-norte, morre no Tamisa, desorientada e... . Multidões nas margens do rio, conversas e histórias.
O maravilhoso vulcão Eyjafjallajökull, L'Emploi du temps e tantas metáforas.
Bola de fogo, meteorito luminoso atravessa quatro estados americanos.
Tufões/tornados em Torres Vedras e em Tavira, mini em Lisboa.

Este livro maravilhoso, publicado pela primeira vez em 1919, em Portugal 2010, atrai dois ou três artigos, vagamente assemelhados a recensões, publicados e despachados em alguns jornais e em algumas revistas.
Para que horas está prevista a chegada da fanfarra?


posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, abril 23, 2010

quinta-feira, abril 22, 2010


posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, abril 22, 2010

Lev Tolstói, Yásnaia Poliana, 1828 - Astapovo, 1910 (7/100)







Thomas Mann (trad. José Martins Garcia), Goethe e Tolstoi, Arcádia, 1979.

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, abril 22, 2010

quarta-feira, abril 21, 2010

Taganrog, Anton Tchékhov: 150 anos 150 posts (7/150)




LMD, fotografia de telemóvel do livro citado, 2010




"Era uma criatura muito boa, de escassa educação, e dada a calmas e persistentes repreensões, como de resto acontece a muitas criaturas da sua natureza. Inimiga feroz da servidão, costumava contar aos filhos as incríveis crueldades infligidas aos servos pelos senhores, e, como diria Miguel, «inspirou-nos amor e respeito por todos os menos afortunados do que nós».

[sobre Taganrog] As suas ruas centrais eram pavimentadas e ladeadas de árvores. Tinha dois grandes largos, nas imediações da casa de Tchekov, num dos quais havia um patíbulo com um poste preto destinado à flagelação dos presos. O suplício dos açoites podia ver-se das janelas da casa e estas cenas devem ter assustado Tchekov em criança. A mãe tinha muita pena dos condenados e passava o tempo a benzer-se enquanto os açoitavam."


David Magarshack (trad. João Gaspar Simões), Tchekov, Editorial Aster, Lisboa, 1960.


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, abril 21, 2010

Believing in Flannery O’Connor (2/2)





LMD, sem título, 2010




"O’Connor, as Wise Blood proves, was no run-of-the-mill religious novelist. In addition to having a deeply philosophical turn of mind, she was a thoroughgoing modernist who adhered no less devoutly to the Jamesian precept to “dramatize, dramatize!” Moreover, her youthful reading of Jacques Maritain, the Catholic philosopher who argued in Art and Scholasticism (1930) that “the pure artist considered in the abstract as such . . . is something completely unmoral,” had persuaded her that the serious Catholic fiction writer had no moral obligation to be preachy.

Between them, these two inclinations led O’Connor to write stories in which religious faith (or its absence) and its effects on her characters were portrayed with little or no explanatory authorial comment. Because these stories are in the broadest sense comic—and because they portray a culture of which most educated Americans of the 50’s knew little or nothing—it was inevitable that they would be misunderstood by many of their first readers, who wrongly pigeonholed their author as a purveyor of the same Southern gothicism and grotesquery that they had previously encountered in such novels as Erskine Caldwell’s Tobacco Road (1932) and Truman Capote’s Other Voices, Other Rooms (1948).

To be sure, the undeniable brilliance of O’Connor’s writing won her near-immediate acclaim from the American intelligentsia. Her cause was promptly taken up by such noted editors and writers as Robert Giroux, Robert Lowell, Katherine Anne Porter, and Philip Rahv, who published two excerpts from Wise Blood in Partisan Review. But it soon became evident that some of those who most admired her writing failed to grasp its point, and the middlebrow publications of the day reviewed her with a blend of puzzlement and disdain.

Typical of the critical response to O’Connor’s early work was Time’s unsigned review of A Good Man Is Hard to Find (1955), her first short-story collection, in which sympathetic detachment was mistaken for cutting satire:

Georgia’s Flannery O’Connor has already learned to strip the acres of clay-country individuality with the merciless efficiency of a cotton-picking machine. . . . The South that simpers, storms, and snivels in these pages moves along a sort of up-to-date Tobacco Road, paved right into town.
O’Connor was unsurprised by such obtuseness. “I have found,” she wrote with dry amusement, “that anything that comes out of the South is going to be called grotesque by the Northern reader, unless it is grotesque, in which case it is going to be called realistic.” Yet it vexed her all the same, and when Wise Blood was reissued in 1962, it was accompanied by a newly written author’s note in which she called the book “a comic novel about a Christian malgré lui4.”
Some of O’Connor’s friends were dismayed by her decision to speak so frankly about the book’s religious implications, no doubt because many of them, as Brad Gooch makes clear in Flannery, preferred not to believe that orthodox belief was so salient an aspect of her work. Even the usually sympathetic Gooch describes the note to Wise Blood as “rather heavy, and blunt.” By then, however, it had become apparent to most of O’Connor’s critics that she was writing from a specifically religious perspective, though only a few saw that she identified herself with her Christ-haunted preachers and prophets.

Consider, for instance, the critical reception of The Violent Bear It Away (1960), a dark and shocking short novel whose protagonist, Francis Tarwater, is a fourteen-year-old boy torn between the crude but passionate Protestantism of his great-uncle, an angry old man who believes himself to be a prophet, and the bloodless secularism of his uncle, a school teacher who longs to bring the boy “out of the darkness into the light.” Francis is ignorant, willful, and violent, and there is nothing obviously sympathetic about the way O’Connor describes him—but he has still been touched by grace, and so she sides with him in his quest. “The modern reader will identify himself with the school teacher,” she told a friend, “but it is the old man who speaks for me.” Yet Time, though its reviewer sensed something of O’Connor’s larger purpose, failed to perceive her sympathy, claiming that the book showed “the secure believer poking bitter fun at the confused and bedeviled.”

It was not until 1979, fifteen years after her death, that the full extent of O’Connor’s orthodoxy became widely known. In that year a collection of her letters, The Habit of Being, was published, revealing her to have been a witty, engaging correspondent.5 Paradoxically, it was The Habit of Being that cemented O’Connor’s reputation, displaying her as a person in a way that her fiction never does (though Flannery reveals that a considerable amount of her private life made it onto the page, albeit in cryptic form). But O’Connor also tore the veil of symbolism away from Wise Blood, The Violent Bear It Away, and such widely anthologized stories as “A Good Man Is Hard to Find,” writing with straightforward specificity about their religious aspect.

After the publication of The Habit of Being, there was no longer any excuse for readers to ignore or misinterpret the religious underpinnings of O’Connor’s fiction, or to fail to take at face value her categorical statement that “I write the way do because (not though) I am a Catholic. . . . The stories are hard but they are hard because there is nothing harder or less sentimental than Christian realism.” By then, though, O’Connor’s work had taken on a life of its own, and to this day it remains common for readers to assume that her comic portraits of Southern Protestantism are hostile rather than sympathetic.

_____________


Therein lies the O’Connor “problem,” if problem it is. To what extent is her fiction accessible to those who do not take its religious wellsprings seriously? This is far more of a problem today than it was in the 50’s and 60’s, for American intellectual culture has lately become almost entirely secularized, and it begs a hard question: Will O’Connor’s work survive only by being misunderstood?

It is true that she has much to offer beyond her spirituality. O’Connor was also a consummate craftsman whose stories are both beautifully wrought and closely observed. A case in point is “Parker’s Back,” a story from Everything That Rises Must Converge (1965), her second and last collection, on which she was working at the time of her death. She describes a small-town boy who sees a man covered with tattoos at a fair and immediately undergoes something like a conversion experience:

Parker had never before felt the least motion of wonder in himself. Until he saw the man at the fair, it did not enter his head that there was anything out of the ordinary about the fact that he existed. Even then it did not enter his head, but a peculiar unease settled in him. It was as if a blind boy had been turned so gently in a different direction that he did not know his destination had been changed.
In many of O’Connor’s best stories, “Parker’s Back” prominent among them, the religious theme is so subtly dramatized that it can be overlooked by casual readers unaware of the author’s larger purpose. Whatever else her fiction is, it is not Catholic propaganda.6 In the end, though, a critical approach that denies or downplays O’Connor’s faith will necessarily result in only a partial appreciation of her work. It is no more possible to understand a book like Wise Blood without taking Catholicism seriously—if only to reject it—than it is possible to understand the fiction of Isaac Bashevis Singer without taking Judaism seriously.

The difference, of course, is that Singer viewed religion with reluctant skepticism, O’Connor with unswerving certitude. As I once wrote in these pages:

O’Connor’s Christ-haunted characters differ profoundly from Singer’s demon-infested Jews. In O’Connor, unbelievers living in a fallen world tainted by modernity suddenly find themselves irradiated by grace, but, like Hazel Motes . . . they struggle in vain against its revelatory power. In Singer’s world, by contrast, there are no sudden revelations, only the unquenchable desire to believe, against all evidence to the contrary, that life has meaning.7 Might O’Connor’s faith cause the brilliance of her art to fade in an age of increasingly militant secularism whose cultural tastemakers do not share her beliefs? The fact that her reputation has continued to grow when so many of her contemporaries have become critical also-rans says something about her staying power. Yet there have always been doubters. In 1972, O’Connor was posthumously given the National Book Award for an omnibus volume of her complete stories. Robert Giroux, her longtime editor, was accosted at the ceremony by a dubious colleague who asked, “Do you really think Flannery O’Connor was a great writer? She’s such a Roman Catholic.”

It will be interesting—and revealing—to see whether that question is asked with increasing frequency in the years to come."

Terry Teachout


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, abril 21, 2010

segunda-feira, abril 19, 2010

.




Rui Chafes, O teu coração está a dormir, não o acordes demasiado cedo, 2008

peça fotografada por LMD, 2010; no âmbito da exposição KHORA
fundação carmona e costa, até 21 de Maio

posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, abril 19, 2010

Believing in Flannery O’Connor (1/2)





LMD, sem título, 2010




"In 1952, the landscape of American fiction was dominated by a group of literary celebrities who had published their first novels after or near the end of World War II. James Baldwin, Saul Bellow, Truman Capote, Ralph Ellison, Norman Mailer, J.D. Salinger, Gore Vidal: these were the up-and-comers about whom everyone was talking in the days when serious fiction still mattered to the educated public, the ones who were expected to do great things.

But while all of them are remembered today, none save Bellow came anywhere near living up to his promise. And though the most consequential American book of 1952 was undoubtedly Ellison’s Invisible Man, the year’s most significant literary debut turns out in retrospect to have been a slender, poorly reviewed novel about a half-crazed itinerant evangelist who preached the gospel of the Church Without Christ, a book whose all-but-unknown author was a young woman whose home was not New York but a small town in rural Georgia.

It took a number of years for Flannery O’Connor’s Wise Blood to be recognized as a modern classic, but once recognition came, it was decisive. Today O’Connor, who died in 1964 at the age of 39, is generally acknowledged as one of the foremost American fiction writers of the 20th century. Not only has she emerged as a key figure in postwar American letters; she is by far the most critically acclaimed of the many Catholic writers who came to prominence in this country after World War II, as well as one of the most widely read novelists, short-story writers, or poets to have been born in the American South. As Brad Gooch points out in Flannery: A Life of Flannery O’Connor1 the first full-length biography of O’Connor, the Library of America’s 1988 volume of her collected works “outsold [William] Faulkner’s, published three years earlier.”2
That an author who published only two short novels and twenty stories (not counting student work) in her lifetime should now be the subject of such posthumous acclaim is the stuff reevaluations are made of. Might some of the attention now being paid to O’Connor and her modest oeuvre arise from the fact that she died so young? Or could it be that certain of her admirers are going out of their way to praise a writer who—unlike the once-big literary guns of the 50’s—was a woman?

Tempting though such mean-spirited speculation may be, it is misguided. O’Connor’s laconic, formidably tough-minded novels and stories are fully as good as their reputation, and vastly better than anything published by Baldwin, Capote, Mailer, Salinger, or Vidal. After she died, Thomas Merton wrote that “when I read Flannery O’Connor, I do not think of Hemingway, or Katherine Anne Porter, or Sartre, but rather of someone like Sophocles.” Though O’Connor herself would surely have scoffed at such praise, she is among a bare handful of American writers, modern or otherwise, of whom such a thing might plausibly be said.

But her reputation rests in part on a persistent misunderstanding. Unlike most of the other major American novelists of the 20th century, O’Connor wrote not as a more or less secular humanist but as a believer, a rigorously orthodox Roman Catholic. Her fiction was permeated with religious language and symbolism, and its underlying intent was in many cases specifically spiritual. Yet most of O’Connor’s early critics failed to grasp her intentions, and even now many younger readers are ignorant of the true meaning of her work.

_____________


Brad Gooch’s excellent book is likely to clear up this misunderstanding once and for all. Flannery: A Life is attractively written, thorough but not obtrusively detailed and—most important—wholly to the point. Unlike much of what has been published about O’Connor in recent years, it is the work of a biographer whose goal is not to advocate or justify but simply to tell the story of O’Connor’s too-short life and (insofar as possible) show how it was mirrored in her fiction.

As Gooch makes clear, O’Connor’s religious beliefs were central to her art. She was a “cradle Catholic,” one of the very few novelists of her generation to have been born into the church rather than converting to Catholicism as an adult, and she appears never to have weathered any crisis of faith. What inspired her to write fiction, however, was not her own reasonably straightforward relationship to the Catholic Church so much as the church’s more complex relationship to the world around her.

Roman Catholicism has long been viewed with suspicion in the South, where evangelical Protestantism in all its myriad varieties is woven into the fabric of a culture that is, in O’Connor’s oft-quoted phrase, “Christ-haunted.” O’Connor, on the other hand, was both a Catholic and an intellectual, a pair of traits that set her as far apart from the common life of rural Georgia as did the chronic illness that forced her to lead the reclusive existence of a semi-invalid.3
Yet O’Connor, to her credit, took the homespun beliefs of her fellow Southerners with the utmost seriousness. Even more surprisingly, she regarded them with exceptional imaginative sympathy, seeking to portray in her fiction the sometimes bizarre ways in which spiritual enthusiasm manifested itself in the lives of people who, lacking an orthodoxy to guide them, were forced to re-create the forms of religion from scratch. As she explained in a 1959 letter:

The religion of the South is a do-it-yourself religion, something which I as a Catholic find painful and touching and grimly comic. It’s full of unconscious pride that lands them in all sorts of ridiculous religious predicaments. They have nothing to correct their practical heresies and so they work them out dramatically.
Her sympathy, she added, arose from the fact that “I accept the same fundamental doctrines of sin and redemption and judgment that they do.”

Hence the ambiguity of Wise Blood, a concisely picaresque novel about Hazel Motes, an uneducated Southerner who longs to free himself from the Christianity in which he was raised but “cannot get rid of his sense of debt and his inner vision of Christ” (as O’Connor put it) and ends by blinding himself in order to better “see” his inner vision of divine grace. What gives Wise Blood its characteristic tone is that O’Connor plays Motes’s desperate struggle for laughs—but without ever making the mistake of viewing it, or him, with contempt.

_____________"

Terry Teachout


posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, abril 19, 2010

sábado, abril 17, 2010

- Precisamos muito de pintores.
- Oh, Sr. General, precisamos muito de generais.






Há pessoas de quem passamos a gostar muito desde que lemos ou ouvimos a primeira frase, o primeiro parágrafo. Desde sempre, diríamos.

Por isso que no dia 6 de Abril já com a iluminação pública ligada ainda que não há muito tempo nos encaminhamos para a livraria trama. Distraídos quer à entrada quer à saída gravamos uma grande parte do que foi a conversa à volta do filme/documentário sobre Skapinakis.

Dentro do tempo longo, foi uma conversa muito interessante a lembrar um certo estilo de longa metragem que não sei agora com alguém presente ausente.

Que parece que os pintores portugueses não escreviam cartas, que não se correspondiam. A alguém, se calhar, escreviam mesmo só que...

Uma palmeira, uma pintura como um cartaz, uma camisa vermelha. Quartos, mulheres, telhados, gatos, janelas, céu.

Dias antes, creio, Mozos e Ruínas. Li depois de ver, críticos, jornalistas e outros e nenhum foi capaz de dizer que Ruínas, gostei mesmo muito, se inscreve, ora, dentro daquilo que Apichatpong Weerasethakul, certo, certo, fez em Síndromas e um Século.

Aliás, também ainda não sei bem se o filme/documentário de Jorge Silva Melo, Nikias Skapinakis, não tem mais a ver com Síndromas e um século que o Ruínas.

Ali em cima no canto superior direito canal:youtube/amontanhamagica pode-se ver e ouvir uma grande parte da conversa, de I a VIII, na trama. A gravação não é integral, faltam para aí os últimos dez minutos e a meio há um corte de, digamos 16, 17 segundos.

It`s life.


posted by Luís Miguel Dias sábado, abril 17, 2010

quinta-feira, abril 15, 2010

Lev Tolstói, Yásnaia Poliana, 1828 - Astapovo, 1910 (6/100)



Lev Tolstói. En el margen superior izquierdo se lee:
«Me he fotografiado a mí mismo». Yásnaia Poliana, 1862.


LMD, fotografia do livro citado; não se vêem os olhos nem as letras; 2010.





1860

22 de mayo. Día de la Trinidad. Lluvia. Leí a Auerbach (1) y el Reineke-Fuchs (2). Releí el memorándum: pertinente (3). Dejé escapar toda alegría, estoy triste. Hay que amar a todo el mundo, a Filat, y a Iván también, y ser más simple con ellos. Insulté al stárosta y a Matvéi.

[...]

[21 DE JULIO-2 DE AGOSTO [NUEVO ESTILO]. KISSINGEN.] No he escrito casi nada en dos meses. Hoy es 20 de julio (6). Estoy en Kissingen. Voy a tratar de volver atrás comenzando por el día de hoy hasta mi salida.

Ayer, 19 DE JULIO. Leí la Historia de la Pedagogía (8). Lutero es grandioso. Fui a pasear. Los jornaleros trabajan dos veces menos que nuestras campesinas y ganan 20 kopeks diarios. Ignorancia, miseria, pereza, debilidad. Ayer estuve en casa de un pastor americano con motivo de las escuelas. Todo viene del gobierno, y con sus privilegios han aniquilado cualquier concurrencia privada. La enseñanza de la religión. sólo la Biblia sin comentarios ni supresiones.

18 DE JULIO. Estuve dando un paseo con Auerbach (9). Leí a Raumer.

17 DE JULIO. Visité una escuela. Es horrible. Una oración por el rey, golpes, todo de memoria, los niños aterrados, echados a perder.

16 DE JULIO. Visité una escuela para niños pequeños: igualmente mal. Lautiermethode (10). Conocí a un alemán, un viejo libre-pensador. Estuve en el campo...

3 DE AGOSTO DEL NUEVO ESTILO. Leí la Historia de la Pedagogía. Francis Bacon. Fundador del materialismo. Lutero reformador en la religión, vuelta a los orígenes. Bacon en las ciencias naturales. Riehl (11) en la política. Conocí a Fröbel (12). Aristócrata, liberal. Riehl es un parlanchín. El arte no puede dar nada cuando es consciente.

5 DE AGOSTO. Montaigne fue el primero en expresar con claridad la idea de la libertad de la educación. También en la educación lo principal es la igualdad y la libertad.

[...]

14, 15, 16 DE AGOSTO. ... La idea de una pedagogía experimental me tiene muy excitado, pero no pude dominarme, hablé de ella y con eso la debilité...

[...]

13-25 DE OCTUBRE. (...) Marseille. La escuela no está en las escuelas, sino en las revistas y en los cafés.


1861

3-15- DE ABRIL. IENA. Insomnio desde anoche. Educación e instrucción: no lo estoy solucionando pero veo con mayor serenidad la enseñanza alemana... Los libros de Zenker y de Stoy (7). Alemania es la única que ha eleborado una pedagogía a partir de la filosofía. Una reforma de la filosofía. Inglaterra, Francia, Estados Unidos la han imitado.

16 DE ABRIL. WEIMER. ... La tarea de la escuela no es Wissenschaft beibringen, sino die Achtung und die Idee der Wissenschaft beibringen (8). Con este pensamiento me dormí tranquilo. Durante el camino también pensé, mientras lanzaba piedrecitas, en el arte. Se puede tener como objetivo único las situaciones y no los caracteres? Parece ser que puede y es que yo he hecho, en lo que he tenido éxito. Sólo que nos es un objetivo general, sino el mío.

17 DE ABRIL. Me levanté a las 8. Al Kindergarten. El dibujo geométrico y el trenzado son tonterías. Las leyes del desarrollo del niño son inaprehensibles. Aprenden de memoria lo que no es lo suyo no lo entienden. Dibujan palitos y lo que vagamente imaginan como un círculo. Y no se les puede enseñar la continuidad porque todo es nuevo. La continuidad de las ideas es la fuerza de renunciar a todo aquello de lo que no quieres ocuparte. Bidermann no es tonto, pero es un sabio y un literato, de quien una parte reside ya en su libro y no en él (9). Yo, salvo Infancia, todavía estoy todo en mí mismo y por eso los veo tan holgadamente desde arriba. ...

9-21 DE ABRIL. BERLÍN. ... Auerbach!!!!(10) Qué hombre encantador! Ein Licht mir aufgegangen (11). Sus relatos sobre el jurado, sobre la primera impresión de naturaleza de Versöhnungs-Abend, (12) sobre Klauser, (13) pastor del Cristianismo. Como espíritu de la humanidad, no hay nada por encima de él. Lee poesía admirablemente. Sobre música, como pflichtloser Gennus (14). El cambio, en su opinión, es hacia la depravación. Su relato del Schatzkästlein (15). Tiene 49 años, es franco, joven, creyente. No es un poeta de la negación.

[12-24 DE ABRIL.] 12 DE ABRIL, VIEJO ESTILO. La frontera. (16) Buena salud, buen humor, impresión de Rusia aún imperceptible.


1860
(1)La novela Neues Leben, de B. Auerbach.
(2)El poema de Goethe.
(3) Un memorándum oficial que contenía la crítica al nuevo proyecto de escuelas primarias y secundarias dependientes del Ministerio de Instrucción Pública.
(6) Es un error de Tolstói: el 2 de agosto del «nuevo estilo» (calendario gregoriano) corresponde al 21 de julio del calendario ortodoxo. El error de un día repercute en toda la revisión restrospectiva de su viaje.
(8) Geschichte der Paedagogik, de Karl Georg von Raumer.
(9) G.A.Auerbach, dueño de una fábrica de azúcar cerca de Tula. Su mujer era profesora en la escuela de Tula.
(10) Método fonético.
(11) Wilhelm Heinrich Riehl, profesor de sociología en la Universidad de Munich.
(12) Julius Fröbel, sobrino de Frederico Fröbel, el creador de los jardines de infancia.


1861
(8) No impartir el conocimiento, sino aportar el gusto por él y la idea del saber.
(9)Friedrich Karl Biedermann, historiador y publicista, autor del libro Geschichtsunterricht nach kulturgeschichtlicher Methode (Enseñanza de la historia siguiendo el método cultural-histórico).
(10) Primer encuentro con el escritor B. Auerbach.
(11) Un rayo de luz surgió frente a mí.
(12) Tarde de expiación.
(13) Rudolf Klauser, escritor amigo de B. Auerbach.
(14) Placer exento de obligaciones.
(15) Colección de relatos populares de B. Auerbach.
(16) El 10 de abril Tolstói volvió a Rusia.


Lev Tolstói (trad. Selma Ancira), Diarios (1847-1894), Acantilado, 2002.

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, abril 15, 2010

terça-feira, abril 13, 2010

Taganrog, Anton Tchékhov: 150 anos 150 posts (6/150)



LMD, fotografia de telemóvel do livro citado, 2010



"Pavel casou com Ifigénia Iakovlevna Morozov a 28 de Outubro de 1854. Tinha ela então apenas dezanove anos de idade. Era filha de um negociante de roupas, que costumava percorrer a Rússia a vender os seus artigos, enquanto deixava a mulher, o filho e duas filhas em Chuia, pequena cidade da Rússia central. No decurso de uma dessas viagens morreu vitimado pela cólera, em Novotcherkask, cidade não muito distante de Taganrog. A mais remota reminiscência infantil de Ifigénia era a lembrança de uma viagem com a mãe através da Rússia a caminho de Novotcherkask, perigosa jornada naquele tempo, que proporcionava aos viajantes aventuras de arrepiar os cabelos, aventuras essas que ela costumava contar aos filhos. Viviam em Taganrog, enquanto o irmão de Ifigénia, Ivan, era marçano na mesma loja de Rostov em que estava empregado o irmão mais novo de Pavel, Mitrofan. Quando Mitrofan voltou para Taganrog, onde casou e abriu uma loja por conta própria, Ivan juntou-se-lhe ali, e foi nessa altura que Pavel pela primeira vez encontrou a futura mulher. (O irmão de Ifigénia, Ivan, e a sua irmã, Feodossia, morreram tísicos, e foi através deles, naturalmente que a doença se transmitiu a Tchekov e ao irmão Nicolau).

Tchekov costumava dizer que ele e os irmãos tinham herdado o talento do pai e a «alma» da mãe, o que, como todas as generalizações deste género, só em parte, realmente, era verdade. O certo é que com as inclinações artísticas paternas, Tchekov também herdou muito da sua aspereza e teimosia, e era a mãe dele quem dizia (frase citada por Tchekov em carta para seu primo Miguel, de Janeiro de 1877) que o filho «possuía um inato e inveterado rancor». No que diz respeito à mãe, Tchekov parece, realmente, ter herdado dela tanto a natureza profundamente sensível como o seu horror a toda a forma de coacção."


David Magarshack (trad. João Gaspar Simões), Tchekov, Editorial Aster, Lisboa, 1960.


posted by Luís Miguel Dias terça-feira, abril 13, 2010

T#2 Óscar Lopes






LMD



(para ler e ver melhor clicar em cima)

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, abril 13, 2010

domingo, abril 11, 2010

La Magie Calder direção Carlos Vilardebo




posted by Luís Miguel Dias domingo, abril 11, 2010

sexta-feira, abril 09, 2010

KHORA




LMD, fotografias da revista K 26 de Novembro de 1992, abril de 2010



Beber o vinho com as cinzas

Em redor do lugar da origem nas obras de Alberto Carneiro e Rui Chafes


CONVERSA COM PAULO PIRES DO VALE

Sábado 10 de Abril às 17h00


No âmbito da exposição KHORA de Alberto Carneiro e Rui Chafes, a fundação carmona e costa vai realizar um ciclo de conversas (de entrada livre e sem marcação prévia) em torno da obra dos autores e/ou de temáticas por ela suscitadas.

Paulo Pires do Vale inicia este ciclo e propõe para a sua intervenção: "partindo do filme-testamento de Tarkovsky, O sacrifício, avançaremos em direção às origens que as obras destes escultores obscuramente iluminam: uma arqueologia da dança (khoron) criadora. No princípio era o... Logos, Eros, Tanatos?"








(para ler e ver melhor clicar em cima das imagens; na primeira imagem, capa da K, no canto inferior direito diz: É giro, inteligente e culto./ Tem 26 anos, uma noiva,/uma mota e um talento gigantesco./Chama-se Rui Chafes./(Deveria ser morto).

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, abril 09, 2010

quinta-feira, abril 08, 2010

chincuales




LMD, fotograma de 3 Godfathers, John Ford



Cedo piaste, ó Casanova, Rogério, ainda que no consultório literário (desta feita entregaram-me as fotocópias durante o corrente do mesmo número, da revista que é mais de ver, ler mesmo só a ti e a mais outro e uma ou outra reportagem, vai lá à página onde nada se diz sobre o livro do grotesco ver se não é verdade? é mau de mais, não é? --as pessoas deviam poder dizer merda escrevendo mesmo merda e não outras a passar por ela-- já folheei a dita, numa ou noutra oportunidade, numa ou noutra livraria e achei que a qualidade do papel, pena pelas árvores, era demasiado bom e devia antes ser mais como estas fotocópias recicladas que aqui tenho à frente e que nem o número das páginas dá para ver; andando): "o que encadeia noutra sensação: creio que Bolaño é um autor que se lê, mas não um autor que se relê. Ao contrário de outras obras de dimensão semelhante, 2666, por exemplo, não premeia segundas ou terceiras leituras. Não haverá puzzles secundários a decifrar, porque não havia puzzle primário. Não se assimilarão significados ocultos, porque a tese central do livro (a única tese, na verdade) afirma a futilidade da busca de significados ocultos, e o autor dedicou-se a sabotar até os parcialmente visíveis."

Piaste demasiado cedo, não deste tempo ao tempo, não te deste tempo, não te deixaste respirar, sufocaste-te, quiseste e queres ser e ter demasiada pressa em emitir chavões que o tempo não te permitirá (quantos dias é que a excalibur esteve enterrada?), cuidado Lucien, perdão, Casanova, cuidado que eles devoram tudo ou comem tudo eles comem tudo e depois é a vida.

Então de outubro de 2009 até abril de 2010, melhor, de Um dos maiores etecéteras da actualidade e de Roberto Bolaño e o segredo do mundo (onde te equivocas nomeadamente no penúltimo parágrafo) a A encomenda chegou bem, e os sapatos são muito bonitos... desbaratas, melhor, quase desbaratas continuas a ser e a ter a excelência), é assim mesmo, só fecha não abre, continuando, quase desbaratas tudo aquilo que escreveste no caso de Um dos maiores etc... mesmo que aproveitando o subtexto que Bolaño nos vai dando e dando, através de uma filantropia sem fim, a tua excelência permitiu-te isso, aproveitares-te e sugares antes dos outros, estás à frente dos outros mesmo muito.

Mas tenho de te dizer por que é que cedo piaste. Para além de não teres dado tempo ao tempo, falta-te, talvez, L'Emploi du temps, não é ver mas se calhar escrever talvez mas com mais dúvidas, talvez, 2666 é uma bíblia e sendo um conjunto de livros e por ser aquilo que é... vai ser lido e relido e relido ainda por muitos e muitos olhos e anos e já nem falo da universidade aí... enfim... não sei. Sério. Não sei como te falhou o passo mas deixa-te de pressas.

Um exemplo, do 2666:

"Com Norton foi diferente. Morini repetiu que não ia viajar. Que o médico o proibia. Que pensava escrever-lhes todos os dias. Até se riu e permitiu-se uma piada tonta que Norton não percebeu. Uma piada de italianos. Um italiano, um francês e um inglês num avião onde só há dois pára-quedas. Norton julgou tratar-se de uma anedota política. Na realidade era uma anedota de crianças, embora o italiano do avião (que perdia primeiro um motor, depois o outro e depois começava a capotar) se parecesse, da forma como Morini contava a piada, com Berlusconi. Na realidade, Norton mal abriu a boca. Disse hahã, hahã, hahã. E depois disse boa noite, Piero, nun inglês muito doce ou que a Morini pareceu insuportavelmente doce e depois desligou. (p. 134)

Estivemos a conversar durante horas. Falámos da direita em Itália, do ressurgimento do fascismo na Europa, dos imigrantes, dos terroristas muçulmanos, da política britânica e norte-americana e à medida que falávamos eu ia-me sentindo cada vez melhor, o que é curioso pois os temas da conversa eram mais para o deprimente, até que eu já não aguentei e pedi-lhe outro bolinho mágico, pelo menos mais um, e então Morini viu as horas e disse que era normal que eu tivesse fome, e que faria uma coisa melhor do que dar-me um bolinho de pistácio, tinha reservado uma mesa num restaurante de Turim e ia levar-me a jantar lá. (p. 185)
O pai de Amalfitano opinava que todos os chilenos eram uns maricas. Amalfitano, que tinha dez anos, dizia-lhe: ó papá, maricas são os italianos, repare só na Segunda Guerra Mundial. O pai de Amalfitano olhava muito sério para o filho quando este dizia aquelas palavras. O pai dele, o avô de Amalfitano, tinha nascido em Nápoles. E ele próprio se sentiu sempre mais italiano do que chileno. (...) Depois vinham as investidas: os pugilistas chilenos são todos uns maricas, todos sem excepção, dispostos a deixar-se enganar, dispostos a deixar-se comprar, dispostos a baixar as calças quando só se lhes pediu que tirem o relógio. A isto Amalfitano, que aos dez anos não lia revistas desportivas mas sim de história, sobretudo de história bélica, respondia que esse lugar estava mais reservado para os italianos e remetia para a Segunda Guerra Mundial. O pai então ficava em silêncio, a olhar para o filho com franca admiração e orgulho, como que a interrogar-se de onde raios teria saído aquela criança, e continuava em silêncio durante mais algum tempo e a seguir dizia-lhe em voz baixa, como se lhe contasse um segredo, que individualmente os italianos era corajosos [aqui nesta parte há uma gralha, verbo e adjectivo não condiz]. Mas admitia que eles em massa eram uns autênticos palhaços. E resumia dizendo que era isso, precisamente, o que ainda dava alguma esperança." (páginas 233 e 234)


LMD, fotograma de The Treasure of the Sierra Madre, John Huston



Aqui há três quatro anos, governava Romano Prodi, um imigrante romeno assassinou uma cidadã italiana, romana, creio. O que é que se pediu nos jornais, o que é pediam os partidos o que é pediam e diziam? Que se expulsassem todos os romenos de Itália, que já bastava, que não podia continuar. Que se expulsassem todos os romenos de Itália. Que se expulsassem todos os romenos de Itália.

Socorro.

Jornal Público, domingo 28 Março 2010, capa: "Regionais vão testar força de Berlusconi, páginas 12 e 13, Mundo: Episódios e palavras de uma campanha à italiana, A gafe: "Aos 73 anos, o homem dos implantes de cabelo e das plásticas sem fim, cujas gafes Massimo D`Alema um dia descreveu como ´planetárias`, não resistiu a marcar a última semana de campanha com um comentário ao seu estilo. A aparência como tema, com a governadora do Piemonte, Mercedes Bresso, como alvo: ´Sabem por que é que Bresso está sempre maldisposta? Porque, de manhã, olha no espelho para se maquilhar e vê-se, Assim, o dia dela fica estragado`, disse na terça-feira em Turim. Bresso, candidata do centro-esquerda de 65 anos, respondeu à altura: ´Estou sempre bem-disposta. E maquilhagem não uso muita, não preciso de tanta como Berlusconi. Sou nova, estou em forma e não fiz nenhuma plástica."

Jornal Público, terça-feira 30 Março 2010, capa: Regionais em Itália, Extrema-direita segura resultado de Berlusconi... página 9, Mundo: título: Berlusconi ultrapassa teste eleitoral graças à subida da Liga do Norte nas regionais "A maior abstenção dos últimos 15 anos e uma forte subida da Liga Norte --o partido xenófobo aliado de Silvio Berlusconi poderá, pela primeira vez, governar duas regiões. Estes são os dados mais marcantes das eleições regionais em Itália, a que o primeiro- ministro sobreviveu, ao conseguir arrebatar pelo menos duas das onze regiões que a esquerda governava.

Estamos todos um pouco enojados [...], os políticos passaram pouco tempo a falar do conteúdo e demasiado das tricas políticas e isso não agradou a ninguém, confirmou Armando Rizzo, eleitor de Roma ouvido pela Reuters.

No Norte a esquerda já não existe, está KO [...] só o PdL resistiu ao tsunami da Liga, vangloriou-se Bossi, o primeiro dos líderes a comentar os resultados.

Mas se o crescimento dos aliados do Norte permitiu a Berlusconi ultrapassar o último teste eleitoral antes das legislativas (previstas para 2013), poderá ser elevado o preço a pagar: Bossi já fez saber que pretende mais pastas no actual Governo (detém já três ministérios) e não esconde as suas ambições à Câmara de Milão, na posse do PdL.

[Numa caixa de texto na mesma página 9, Mundo]: Governador suspeito de ligações à Máfia aliado de Berlusconi em novo escândalo na Sicília".


Jornal Público, quarta-feira 31 Março 2010, página 16, Mundo, título: Liga domina a itália rica e quer passar a ditar a agenda política de Berlusconi. "O real vencedor das regionais não foi o ´Cavaliere`, mas o partido de Bossi, que alargou a sua influência e pretende agora ser o ´motor da maioria`. A esquerda estagna

O liguista Luca Zaia, ministro da Agricultura, foi plebiscitado na região do Veneto (Veneza). Outro, Roberto Cota, arrebatou ao centro-esquerda o Piemonte (Turim), região operária e emblemática sede da FIAT. A votação da Liga subiu exponencialmente na Lombardia (Milão), muito perto dos números do Povo da Liberdade (PdL) de Berlusconi, o que tem alto valor simbólico.
Prossegue também a paciente implantação em territórios da esquerda como a Toscana (Florença), a Emilia-Romagna (Bolonha), a Ligúria (Génova) ou a Úmbria (Perúgia). O seu score nacional é baixo, dado ser uma formação nortista. Mas subiu de 5,7, nas regionais de 2005, para os actuais 12,7.

As reformas será a Liga a determiná-las. Defenderá os ´interesses do Norte` e tentará fazer avançar, contra o sul, o ´federalismo fiscal`, com ´todos os riscos inerentes à unidade nacional´."


Agora da Lusa:

"5:51 Sábado, 9 de Jan de 2010

Roma, 09 Jan (Lusa) - Pelo menos nove imigrantes ficaram feridos na sexta-feira, dois deles com gravidade, durante uma verdadeira caça ao imigrante desencadeada pela população de Rosarno, na Calábria, depois de confrontos entre imigrantes e a polícia, numa manifestação na quinta-feira.

De acordo com o governador civil de Reggio di Calabria, o balanço total dos incidentes é de 37 feridos, 19 imigrantes e 18 polícias.

Em ataques separados na sexta-feira, dois imigrantes ficaram gravemente feridos ao serem agredidos com barras de ferro, cinco foram deliberadamente atropelados por viaturas e dois outros, atingidos com tiros de caçadeira, ficaram feridos nas pernas."


E agora do Correio da Manhã, onde até há um vídeo:

"Segundo a imprensa italiana, mais de cem habitantes ergueram barricadas junto ao local onde centenas de imigrantes realizavam um segundo dia de manifestações, perto da Câmara da localidade. O cerco transformou-se em assalto indiscriminado, durante o qual dezenas de imigrantes foram perseguidos e agredidos.

Os tumultos foram a resposta a uma manifestação de imigrantes que na quinta-feira degenerou em violência. Nessa noite, centenas de imigrantes, na sua maioria africanos ilegais que trabalham nas colheitas, saíram à rua para protestar contra o facto de dois deles terem sido atingidos por disparos de armas de pressão de ar. O protesto tornou-se violento após a intervenção da polícia, e em resultado disso centenas de carros foram incendiados e inúmeras casas e comércios apresentavam estragos significativos. A tensão levou o chefe da polícia, Antonio Manganelli, a enviar um forte contingente de agentes para controlar o território.

Entretanto, na madrugada de ontem, 250 imigrantes foram retirados da localidade, escoltados pela polícia, sob os aplausos da população. Esse grupo ficará num centro de acolhimento em Crotone, a cerca de 170 km, mas outro grupo, mais numeroso, com cerca de 500 pessoas, mantém-se em Rosarno, sob vigilância.

Os tumultos acontecem numa altura em que o governo decidiu fixar em 30% a proporção máxima de estrangeiros que poderão frequentar a escola este ano."


Socorro; quantas vezes?


Olha, ainda há bocado li isto, isto é uma palavra bonita:

"Por última vez, pues, el 11 de abril, ni resignado a morir ni angustiado por la muerte, sino furioso, extraordinariamente irritado por la idea de que pronto ya no estaré aquí, en medio de la belleza del mundo o, por el contrario, en su grisácea insipidez -que en este caso concreto son la misma cosa-, por última vez, diré lo que creo que tengo que decir.

Un jeep solitario en el estrépito de la batalla. Dos hombres de uniforme. Uno de ellos era civil, quizá periodista. El otro era un oficial, primer teniente. Pero lo importante no es eso. Lo importante son sus nombres. El civil se llamaba Egon W. Fleck, el oficial, Edward A. Tenenbaum. Decid estos nombres en voz alta y contened vuestras risas, contened vuestras lágrimas. Dos judíos norteamericanos fueron los primeros en franquear la entrada al campo de Buchenwald, acogidos como vencedores por los hombres en armas de la resistencia antifascista.

http://www.elpais.com/articulo/opinion/ultimo/viaje/Buchenwald/elpepiopi/20100405elpepiopi_15/Tes

Hoy, para emplear las palabras del gran escritor europeo Claudio Magris, lo fundamental ya no es luchar contra los totalitarismos, sino combatir los particularismos, convertir esta problemática suma de 27 países libres en una estructura multiforme y orgánica con una misma razón democrática."


LMD, fotograma de 3 godfathers, John Ford


E aqui chegados ponto de partida, situo-me muito perto daquilo que Maria Velho da Costa diz sobre o sentir-se ou não a literatura, e também muito chegado ou formatado, se quiser, pelo Onde jaz o teu sorriso? de Pedro Costa; para mim, é aqui que o 2666 também é morada. Consultório?


posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, abril 08, 2010

Powered by Blogger Site Meter

Blogue de Luís Dias
amontanhamagica@hotmail.com
A montanha mágica YouTube




vídeos cá do sítio publicados no site do NME

Ilusões Perdidas//A Divina Comédia

Btn_brn_30x30

Google Art Project

Assírio & Alvim
Livrarias Assírio & Alvim - NOVO
Pedra Angular Facebook
blog da Cotovia
Averno
Livros &etc
Relógio D`Água Editores
porta 33
A Phala
Papeles Perdidos
O Café dos Loucos
The Ressabiator

António Reis
Ainda não começámos a pensar
As Aranhas
Foco
Lumière
dias felizes
umblogsobrekleist
there`s only 1 alice
menina limão
O Melhor Amigo
Hospedaria Camões
Bartleby Bar
Rua das Pretas
The Heart is a Lonely Hunter
primeira hora da manhã
Ouriquense
contra mundum
Os Filmes da Minha Vida
Poesia Incompleta
Livraria Letra Livre
Kino Slang
sempre em marcha
Pedro Costa
Artistas Unidos
Teatro da Cornucópia


Abrupto
Manuel António Pina
portadaloja
Dragoscópio
Rui Tavares
31 da Armada

Discos com Sono
Voz do Deserto
Ainda não está escuro
Provas de Contacto
O Inventor
Ribeira das Naus
Vidro Azul
Sound + Vision
The Rest Is Noise
Unquiet Thoughts


Espaço Llansol
Bragança de Miranda
Blogue do Centro Nacional de Cultura
Blogue Jornal de Letras
Atlântico-Sul
letra corrida
Letra de Forma
Revista Coelacanto


A Causa Foi Modificada
Almocreve das Petas
A natureza do mal
Arrastão
A Terceira Noite
Bomba Inteligente
O Senhor Comentador
Blogue dos Cafés
cinco dias
João Pereira Coutinho
jugular
Linha dos Nodos
Manchas
Life is Life
Mood Swing
Os homens da minha vida
O signo do dragão
O Vermelho e o Negro
Pastoral Portuguesa
Poesia & Lda.
Vidro Duplo
Quatro Caminhos
vontade indómita
.....
Arts & Letters Daily
Classica Digitalia
biblioteca nacional digital
Project Gutenberg
Believer
Colóquio/Letras
Cabinet
First Things
The Atlantic
El Paso Times
La Repubblica
BBC News
Telegraph.co.uk
Estadão
Folha de S. Paulo
Harper`s Magazine
The Independent
The Nation
The New Republic
The New York Review of Books
London Review of Books
Prospect
The Spectator
Transfuge
Salon
The Times Literary...
The New Criterion
The Paris Review
Vanity Fair
Cahiers du cinéma
UBUWEB::Sound
all music guide
Pitchfork
Wire
Flannery O'Connor
Bill Viola
Ficções

Destaques: Tomas Tranströmer e de Kooning
e Brancusi-Serra e Tom Waits e Ruy Belo e
Andrei Tarkovski e What Heaven Looks Like: Part 1
e What Heaven Looks Like: Part 2
e Enda Walsh e Jean Genet e Frank Gehry's first skyscraper e Radiohead and Massive Attack play at Occupy London Christmas party - video e What Heaven Looks Like: Part 3 e
And I love Life and fear not Death—Because I’ve lived—But never as now—these days! Good Night—I’m with you. e
What Heaven Looks Like: Part 4 e Krapp's Last Tape (2006) A rare chance to see the sell out performance of Samuel Beckett's critically acclaimed play, starring Nobel Laureate Harold Pinter via entrada como last tapes outrora dias felizes e agora MALONE meurt________

São horas, Senhor. O Verão alongou-se muito.
Pousa sobre os relógios de sol as tuas sombras
E larga os ventos por sobre as campinas.


Old Ideas

Past