quinta-feira, março 31, 2011
gosto muito de Don DeLillo mas![]()
Carlos de Oliveira, Trabalho Poético, Assírio & Alvim, 2003.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, março 31, 2011
terça-feira, março 29, 2011
[fotografia LMD, pormenor de ]Rui Chafes, S/Título, 2011 [no âmbito da exposição Sobreimpressões - M. G. Llansol: Uma Visão da Europa].
Não tenho linguagem para dizer uma linha que seja, exige poesia, deste e do trabalho de Rui Chafes, dedicado, ali, agora, numa sala, da cor do lume, do CCB, galeria Mário Cesariny, a Maria Gabriela Llansol, onde quase sempre fulgurantemente desarmados estamos. A decepação e o florescimento.
Ferro. Luz. Sombra.
Decepação. Sépalas. Comunidade.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, março 29, 2011
domingo, março 27, 2011
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desenho de Ilda David para [O começo de um livro é precioso]; [Não quantas vezes a alma se nomeia] in O começo de um livro é precioso, de Maria Gabriela Llansol, Assírio & Alvim, 2003.
posted by Luís Miguel Dias domingo, março 27, 2011
quinta-feira, março 24, 2011
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in Carlos de Oliveira, Trabalho Poético, Assírio & Alvim, 2003.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, março 24, 2011
terça-feira, março 22, 2011
I - José Tolentino Mendonça e Luís Miguel Cintra falam sobre o livro bíblico do Cântico dos Cânticos.
II e III - Luís Miguel Cintra lê o Cantico dos Cânticos.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, março 22, 2011
segunda-feira, março 21, 2011
in Rima do Velho Marinheiro, de Samuel Taylor Coleridge
logo no princípio, 15º verso
Prende-o com o brilho dos olhos--
e depois no 46º verso
Com o olhar a reluzir
e depois a contar do fim para o prícipio, ao 10º verso
Com seu olhar luminoso
e os últimos quatro versos
Ia como que aturdido
Como alguém desassisado:
Pela manhã era um homem
Mais triste e mais avisado
caminho ainda mais longo, em diferentes versos
Ficava a língua mirrada
Com secura atroz;
Sufocado por fuligem:
Ninguém podia ter voz.
A garganta ressequida,
E o olhar vidrado
Gargantas como cal viva,
Lábios negros recozidos
Os lábios estavam molhados,
A garganta estava fria,
e por ali, também
Largo e brilhante ia o Sol;
Que velas brilham ao sol
Como teias sem canseira?
A grade por onde a fronte
Do Sol ardente rompia?
Com rastos de fulgor branco
Dentro da sombra do barco
Vi o seu rico aparato
Luzia o penedo, e a igreja
A luz da Lua, silente,
Muitas formas, que eram sombras
em todo o poema, do início para o fim
Só então pude rezar;
Eu a rezar soluçante
E rezar: todos unidos,
Reza melhor quem mais ama
Todas as coisas, as grandes
Como também as pequenas
in Colecção 98 Mares, (trad. Gualter Cunha), Expo 98, Lisboa, 1997.
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, março 21, 2011
sábado, março 19, 2011
Suffering humanity (kneeling couple and girl standing behind them): their pleas to the knight in shining armor (the man in golden armor with a sword) as the external driving force, compassion and ambition (the female figures behind the knight) as internal motivation moving him to take up the fight for happiness.
The hostile forces. The giant Typhoeus, against whom even the gods battle in vain (the monster with mother-of-pearl eyes extending across the entire front wall with his blue wings and snake-like appendages); his daughters, the three gorgons (the three women standing to the left of Typhoeus). Sickness, madness, death (the mask-like female heads above the gorgon heads). Lasciviousness, wantonness, intemperance (the group of three women to the right of Typhoeus. Intemperance wears a conspicuously ornamented blue skirt with applications of mother-of-pearl, bronze rings, etc.). Gnawing grief (the woman cowering on the right in the picture). The yearnings and desires of humankind fly past them.
The yearning for happiness finds appeasement in poetry (the female figure with the lyre).
The arts lead us into an ideal realm, the only place where we can find pure joy, pure happiness, pure love (the five women, of which the upper three point to the last scene illustrating Schiller's Ode to Joy). Choir of angels in paradise. "Joy, thou gleaming spark divine. This kiss to the whole world!" (concluding scene with women's choir and embracing couple).
Gustav Klimt, Beethoven Frieze, daqui.
posted by Luís Miguel Dias sábado, março 19, 2011
sexta-feira, março 18, 2011
in Carlos de Oliveira, Trabalho Poético, Assírio & Alvim, 2003.
posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, março 18, 2011
quinta-feira, março 17, 2011
clicar em cima para tentar ler e ver melhor, Financial Times, 12/13 March, 2011.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, março 17, 2011
quarta-feira, março 16, 2011
LMD, mi divisa es:, Salamanca, 2008
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, março 16, 2011
sábado, março 12, 2011
posted by Luís Miguel Dias sábado, março 12, 2011
sexta-feira, março 11, 2011
sem título, mas a imagem é um PrtSc do dossier pedagógico da peça A Cacatua Verde, em cena num dos palcos no Teatro Nacional D. Maria
A dado passo voltei para trás e voltei a reler o parágrafo ou a frase:
Escreve José Tolentino Mendonça, "E que os instrumentos que temos para chegar ao coração uns dos outros são inquietantemente limitados. Basta reconhecer como o nosso olhar, este olhar que tão a miúdo absolutizamos, está prisioneiro do presente: aquilo que o olhar anota é sempre e só o presente histórico nas suas configurações. Enquanto que no interior de cada um, o passado e o futuro têm uma força insuspeitável, um impacto a perder de vista."
E tive necessidade de voltar a ler mais duas ou três vezes e de olhar para a estrada, lá fora:
prisioneiro do presente; aquilo que o olhar anota é sempre e só o presente histórico...
Talvez seja, acabei por concordar ao fim de meia dúzia de leituras, mas não é assim tão automático e tão universal, tão mecanizado, não acredito que seja, e acho mesmo que não é, que há pessoas que quando em confronto quando em observação ou acção ou reflexão estão muito para lá do presente histórico, antes convocam todo um lastro que lhes permite decidir, ajudar, avaliar melhor, de texto com mais vírgulas, mais lento, muito mais lento, de observar e agir.
Depois lembrei-me das palavras de Luís Miguel Cintra no ípsilon de 25 de Fevereiro:
"Agora que estou mais velho, não me é possível conceber a vida a nível individual. Em relação a tipos mais novos, tenho quase a certeza de que essa consciência não existe: as pessoas limitam a sua vida ao período individual que vai do nascimento até à morte."
Também com Cintra concordo para depois discordar, por esse quase que também sinto e tenho sentido necessidade de colocar em quase tudo o digo e escrevinho. Quase. Mas acho que é mais insuportável a luta pela eternidade, que é foi e será quase sempre um ou o leitmotiv de milhões e milhões de seres humanos. Ao mesmo tempo que agrega em si aquilo de que a natureza humana é capaz, do bem e do mal. Meios e fins. Viagem. Quantas viagens? Com que idade chegamos ao não ver apenas o presente histórico, ao não individual? Chegamos lá, como? Com que ambições? Qual cosmovisão? Qual cosmogonia? Em que estado?
Cintra diz, assino por baixo: "Para mim o momento mais difícil de interpretar é quando parece que aconteceu a revolução. Não posso deixar de acreditar que aquele homem que viveu oprimido não tenha um momento de entusiasmo. Age como se o cinismo tivesse uma oportunidade de desaparecer. Mas é um segundo, porque imediatamente volta tudo ao normal (...) Há um lado biográfico, ou de ligação com as minhas memórias de vida, que me separa de muitos que intervêm no espectáculo. Eu lembro-me do que pode ser o entusiasmo de uma mudança política. Reconheço isto naquilo que sentimos com o 25 de Abril -- que não foi um segundo, mas um tempo mais dilatado. E as histórias das revoluções são normalmente isso, momentos. Na revolução soviética há um momento de felicidade e de transformação total, que se reflecte na própria arte, mas é um período muito curto. Depressa começa a reconstrução das estruturas do poder. Há constantemente, nestes processos, a sensação de que algo se perdeu. Mas a vida é assim (...) O que ali fica em evidência [Revolução Francesa] é que a máscara da História com maiúscula simplifica a complexidade da vida. Há uma espécie de cilindragem, e de destruição do indivíduo, que a História tem necessariamente de fazer, dividindo em preto e em branco opressores e oprimidos."
Foi essa reflexão que José Gil mostrou da actualidade portuguesa num programa de televisão um destes dias, que o embate com a realidade, o desfasamento entre a palavra e a acção, hoje mais espectáculo, era necessário para daí se poder sair mais espesso mais lúcido e renovados. Clarice a perguntar felicidade, isso serve para quê?
E então José Gil e o psiquiatra Amaral Dias lucidamente (ao contrário de tantos outros mais insignes e outros mais instalados) entenderam o que estava em causa na manifestação convocada para o dia 12 de Março de 2011 na Avenidade da Liberdade em Lisboa, e da sua importância.
Os tantos outros são muitos, que num corrupio desataram a escrever artigos e a aparecer nas tvs a dar opinião quase nunca muito bem fundamentada porque o que é preciso é falar, falar, falar, falar (e dizer que não foram ainda à net, a essa nova grande puta). E disse-se de tudo. Referiu-se o dadaísmo e o surrealismo de algumas frases como acabar com toda a classe política ou de melhorar um hospital em Penafiel, mas não se disse que aquelas reivindicações enumeravam um conjunto de vícios e problemas instaladaos que urge resolver, que é preciso dar atenção, não. Deve ser porque é verdade.
E outros são, por exemplo, Mário Soares, e o seu paternalismo bacoco e vaidoso, o senhor que, para mim, nunca se mostrou humilde mas antes astuto e oportunista e com sede imensa de palco, que no prefácio ao Indignai-vos!, de Stéphane Hessel, diz que os portugueses se podem indignar.
Obrigado.
Logo no segundo parágrafo, Hessel destrona e sumaria: herdeiros genuínos.
Tony Judt propõe o mesmo itinerário em "Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos".
Voltando ao princípio, com que idade, com que lucidez, com que intenções se vê o que se vê, com que consciência do colectivo, com que vontade? A dúvida é, o que é o nosso presente histórico?
Os mais velhos têm quase sempre a tendência para dizer que os mais novos são sempre mais ignorantes e assim, olha, olha.
posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, março 11, 2011
quarta-feira, março 09, 2011
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, março 09, 2011
terça-feira, março 08, 2011
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, março 08, 2011
segunda-feira, março 07, 2011
in Ruy Belo, Todos os Poemas, Assírio & Alvim.
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, março 07, 2011
sexta-feira, março 04, 2011
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pedi um café de cima da mesa peguei numa revista já sem capa e com algumas manchas de vinho tinto e Renzo Piano a dizer
brincar com a luz
posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, março 04, 2011
quinta-feira, março 03, 2011
LMD, sem título, 2011
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, março 03, 2011
quarta-feira, março 02, 2011
absolutamente muito ótimo, do blog da cotovia, Daniel Jonas: estou de acordo com ele
"Agora travava-se um despique aceso entre um jovem dramaturgo, Tiago Rodrigues, e Isabel Stilwell. Tiago comparava a actualidade laboral do jovem à de um escravo; Isabel que não. Afinal — num momento particularmente tenso em que a jugular lhe criara um carocinho — “os escravos não organizavam protestos nem iam para a rua, graças a Deus.” Pasmei. Dei-lhe o desconto, compassivo. Afinal, quantas vezes, enfurecidos num debate, não somos amiúde levados pela ira da retórica até ao arrazoado insano? Simpatizei, empático. Mas depois da refrega da jugular de Isabel, e da minha racionalidade pia, uma dúvida inquieta persistia, a douda. Precisava mesmo de saber se Stilwell, pela graça de Deus, pensava mesmo aquilo sobre escravos. Precisava de saber se Isabel era apenas ignara ou tentara, estulta, o difícil e arriscado número da ironia, sem sucesso. Deu-lhe a moderadora em tom jocoso e peixeiro: “E Spartacus?” Anuí. Não podia discordar da mediação da graça de Fátima. Spartacus! Sem dúvida: Spartacus! Kubrick. Kirk Douglas. Spartacus! Poderia invocar outros. Mas eram tantos! — Toussaint L’Ouverture e a rebelião escrava da Revolução Haitiana, por exemplo, a rebeldia consistente e sistemática na história da escravatura do Brasil, todos os movimentos de libertação racial, colectivos ou pessoais, como Rosa Parks e aquele lugar livre no autocarro que pelos vistos circulava na rua— tantos eram e seriam que, prostrado, sem forças, caí na minha melancolia e fiquei absorto a considerar o canal. Estava exangue. E aquele “graças a Deus”?... Seria um acto sincero de agradecimento e ainda por cima ao mesmo Deus que eu adoro? E nem a tradução daquele graças a Deus por um mero ainda bem, ou, como diria Lauro Dérmio, still well, em amaricano, foi capaz de levantar a minha moral. O problema persistia. Ainda bem que os escravos não se revoltavam? Seria Aindabem a favor da escravatura? Era ignorante, graças a Deus e ainda bem? Perguntas, perguntas... E aquele “nem iam para a rua”... Era para ser levado à letra? Escravos que iam para a rua no intervalo da sua função de escravo? E seria aquela triste ignorância uma espécie de admoestação ao jovem com apetite pela manifestação organizada?: Vejam bem (Vejam bem, não, caramba) Olhai, atentai no escravo que não organiza nem protesta! Considerai o escravo, jovens, e segui o seu exemplo. A metódica organização do pensamento de Aindabem implorava ali por um momento de humor que pudesse intervir em socorro do espectador em apuros. E o humor interveio. Eis que alguém ainda não identificado pelas câmaras, levantado da primeira fila, pede a palavra. Fátima não sabe o seu nome. Ele apresenta-se. É presidente de uma associação de estudantes-escravos com uma impronunciável sigla: FASCIA ou qualquer coisa do género."
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, março 02, 2011
terça-feira, março 01, 2011
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é o título/provocação que algumas vezes utilizo para iniciar conversas sobre hábitos de leitura e de que livros estão a ler e assim mais ó menos.
Para partilhar com algumas turmas no âmbito da semana da leitura que a escola onde leciono está a promover, decidi preparar um documento powerpoint, pela terceira vez na vida, com meia dúzia de preciosos parágrafos, transcritos, do excelente texto As armas desarmantes de Adília Lopes, de Rosa Maria Martelo, que pode ser lido aqui.
O powerpoint pode ser consultado ali em cima no scribd, no canto superior direito.
"“Que as pessoas valham dinheiro e sejam olhadas e avaliadas pelo que luzem é o escândalo absoluto”, indigna-se Adília numa das notas. E um pouco adiante, e depois de ter associado o dinheiro ao poder, acrescenta:
«Horroriza-me o poder e o culto do poder. O dinheiro, o sex-appeal, a inteligência, o snobismo são as quatro faces do monstro do sucesso, do sussexo, esse tigre de papel, esse ópio do povo, de todos os povos, da burguesia e da aristocracia, da massa e da elite, das operárias e das tias, dos psiquiatras e dos carvoeiros. Antes o fracasso, o falhanço. Antes andar aos caídos que aos subidos. Meto no mesmo saco a inteligência porque a inteligência está muitas vezes ao serviço da estupidez.»"
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, março 01, 2011