quarta-feira, setembro 08, 2010
Taganrog, Anton Tchékhov: 150 anos 150 posts (13/150)
LMD, fotografia via telemóvel do livro citado, 2010
"«Vi», conta Tchekov, «os traços de um dos mais belos rostos que ainda vira em toda a minha vida. Uma verdadeira beleza estava diante de mim e eu logo dei por isso e o compreendi ao primeiro golpe de vista, como se vê e compreende um raio de luz».
Esta arménia, provàvelmente, era a mesma de que Tchekov, muitos anos depois, falaria a Suvorine, dizendo-lhe que imediatamente se apaixonara por ela. Segundo conta Suvorine, Tchekov estivera muito tempo a olhar para a sua imagem reflectida nas águas de uma fonte. Esta contemplação narcísica (Tchekov era, realmente, um bonito rapaz) fora interrompido pelo súbito aparecimento de uma rapariga dos seus quinze anos que vinha buscar água. Tchekov tão enfeitiçado ficou pela sua beleza que a estreitou nos braços e pôs-se a beijá-la. Depois ficaram ambos por muito tempo silenciosamente a contemplar-se nas águas da fonte. Ele não queria sair dali e ela parecia ter esquecido por completo o balde da água que viera encher..."
David Magarshack (trad. João Gaspar Simões), Tchekov, Editorial Aster, Lisboa, 1960.
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, setembro 08, 2010