quinta-feira, dezembro 20, 2012
Michel Freitag : “O objecto original da arquitectura não é, em primeiro lugar, fazer abrigos ou praticar caminhos. Se, desde os tempos da caverna, houve um verdadeiro acto construtor, não foi o que fechou a entrada por meio de um muro de pedras ou uma barreira de ramos, foi o que, diante da sua abertura, dispôs um terrapleno (templum), que prolongou esse orifício por meio de um desimpedimento construído e delimitado; não foi a obra que edificou uma cabana entre as árvores, mas a que abriu e circunscreveu uma clareira na floresta.”
Templum como um espaço/área sagrada que permitiu desde logo aos hominídeos o tempo do encontro; aquecerem-se à volta da fogueira enquanto cozinhavam carne ou peixe e que assim levou ao recuo dos maxilares (comida mais mole) que por sua vez fez aumentar a caixa craniana levando pois ao desenvolvimento do cérebro. Tudo isto acompanhado com a necessidade de comunicar uns com os outros, até chegar à fala, à palavra.
Foram precisos milhões de anos para chegar aqui e HOJE ainda conservamos, acho que intactas, estas conquistas ainda que paralelamente também tivéssemos desenvolvido a capacidade de criar muros que funcionaram e que funcionam quer como obstáculos/isolamento quer como desafios (como Koolhaas também refere).
Por isso, dizer que Lucy ainda trepava às árvores mais não é do que dizer estamos aqui. Atentos. Vigilantes. Ao lado uns dos outros? Estamos? O que é que estamos quer dizer? Ao lado uns dos outros? O que é que isto quer dizer?
Esta semana quantas vezes já te apeteceu subir a uma árvore?
[Alberto Giacometti, Place]
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, dezembro 20, 2012