terça-feira, janeiro 17, 2012
Pedro Costa, Manoel de Oliveira + Simone Weil
No dia 24 de Agosto de 2008, George Steiner desassossegou os leitores do el país e por arrasto outros muitos mais numa entrevista:
"Es muy facil sentarse aqui, en esta habitación, y decir: ´El racismo es horrible!` Pero pregúnteme lo mismo si se traslada a vivir a la casa de al lado una familia jamaicana que tiene seis hijos y escuchan reggae and rock and roll todo el día. O cuando mi asesor venga a casa y me diga que desde que se mudó a mi lado la familia jamaicana el valor de mi propriedad ha caído en picado. Pregunteme entonces! En todos nosotros, en nuestros hijos, y por mantener nuestra comodidad, nuestra supervivencia, si rascas un poco, aparecen muchas zonas oscuras. No le olvide."
Como para além de ser um querido Miguel Esteves Cardoso também é sábio, no público de 14/1/12 escreveu:
"Fala-se muito da corrupção, mas, a não ser uma vez em que talvez me tivesse enganado - mas, jogando pelo seguro, disse que não -, nunca me tentaram corromper, comprar ou recrutar para fosse o que fosse.
A minha integridade baseia-se inteiramente numa falta de ofertas. Gosto de pensar que nunca se aproximaram de mim por saberem, de antemão, que eu sou incorruptível. Mas, com cada ano e cada oportunidade que passa, o tempo joga contra mim. Por outras palavras: seria bem-vinda uma tentativa à qual eu pudesse responder que não, para provar a mim próprio que sou uma pessoa sã."
Mas acho que Miguel Esteves Cardoso esquece a dimensão secreta destas associações num Estado democrático, e é fundamental não o esquecer, pela forma.
Simone Weil: "Penso que jamais entraria, em caso algum, numa ordem religiosa, para não me separar através de um hábito do comum dos homens. Existem seres humanos para quem esta separação não acarreta grave inconveniente, porque se encontram já separados do comum dos homens pela pureza natural da sua alma. Para mim, pelo contrário. Creio já lho ter dito, transporto em mim o germe de todos os crimes ou quase. Apercebi-me particularmente disto no decurso de uma viagem em circunstâncias que já relatei. Os crimes horrorizavam-me, mas não me surpreendiam; senti-lhes a possibilidade em mim mesma; é precisamente por lhes ter sentido a possibilidade em mim mesma que me horrorizavam. Esta disposição natural é perigosa e muito dolorosa, mas, como toda a sorte de disposições naturais, pode servor ao bem se a soubermos usar convenientemente com o auxílio da graça. Ela implica uma vocação, que é a de permanecer, de alguma forma, anónimo, apto a confundir-se, não importa em que momento, com a massa comum da humanidade."
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, janeiro 17, 2012