A montanha mágica

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Não aprendemos nada


No cinema, quem aguarda pelos créditos finais, muitas das vezes, é premiado, surpreendido, leva com surpresas... Ou não. Normal.

No mais recente filme de Werner Herzog mesmo mesmo no fim dos créditos finais podemos ler que um dos seguranças tem nome português. Voilà.




Já algumas vezes reparei no pouco entusiasmo vs logo pouca atenção que se se dedica ao conceito de hominização, e que é facilmente posto de lado. É pena, claro. Mas é a vida. E também num país de advogados a governar e a escrever não seria de esperar que o conceito de hominização fosse muito o alvo de atenções, convenhamos.

Também me mete um pouco de confusão ler/escrever sobre cinema sem o relacionar, sem o tornar transversal, como ele é, pintura, literatura, poesia, arquitetura, escultura...

Mas voltemos ao conceito de hominização: definição de cabeça: longo e lento processo de evolução física e intelectual que leva o hominídeo a homem, de 4,5 milhões de anos até ao ano 40 000. Mais ou menos assim. da floresta para a savana, bipedismo, libertação da mão, o dedo grande do pé tornou-se firme e fixo, volume do cérebro aumentou: do australopiteco, homo habilis, homo erectus, homo neandertal, homo sapiens, homo sapiens: de 500 cm3 para 1500 cm3.

Achei as crónicas que li sobre A gruta dos sonhos perdidos, de Werner Herzog, medíocres.

Porque será? A falar alto no carro poucos serão aqueles que do lado de fora nos apelidarão de malucos, embora de tontos seja mais fácil: entusiasmo vs tudo adquirido vs ausência de espanto. Estamos assim? Parece. Julian Bell diz do resto.

Um dos livros agora em saldos na fnac é o muito bom (ainda que antes do tempo chame ao hominídeo Homem, p.9, e pessoa primeiro do que indivíduo) Espelho do Mundo Uma Nova História da Arte, Julian Bell, Orfeu Negro, 2009.

Só um pequeno excerto:

"À distância estonteante, difícil de conceber, de 30 000 anos, a segurança da arte de Chauvet emerge com um vigor que cativa a imaginação --apesar de, como sucede com todos os grandes murais de grutas, a maior parte de nós só pode ter acesso a ela por meio de fotografias e reproduções. Como estes pintores viam, como tacteavam o seu caminho até à energia dos animais! Picasso ao visitar Lascaux em 1940, comentou: ´Não aprendemos nada.`Soluções gráficas, como o recurso a um traço mais ou menos carregado para sugerir o ímpeto do corpo de um rinoceronte a avançar, estabelecem uma ligação imediata com a imaginação moderna. O sombreado sugere a modelação dos corpos, como se estes estilistas, tal como outros na Grécia clássica ou na Itália do séc. XIII, estivessem a imitar as esculturas em relevo. Há mesmo uma sugestão de perspectiva na maneira como as cabeças e os membros estão virados e sobrepostos.
Desde os seus primórdios, a pintura rupestre europeia envolveu efeitos assaz naturalistas. Mas isso não explica o facto de as pessoas terem trocado a luz do Sol por galerias frias, escuras e perigosas para a praticar --muitas vezes voltando ao mesmo local, milénio após milénio. Isto constituía um ritual com um conjunto lato de participantes: algumas mães estampadas ou com um contorno desenhado com pigmento soprado em paredes rochosas eram de crianças. Em muitas grutas, o desenho de animais parece menos um acto de criação de imagens visíveis do que de pessoas que regressam para acrescentar um traço a um local tornado significativo por gravuras anteriores, o que pode explicar o facto de algumas constituírem um emaranhado ilegível de garatujas sobrepostas. Porém, nos tecto de Altamira e Lascaux, vemos as imagens habituais de cavalos, bisontes e veados, em formações mais ou menos ordenadas. Estes tectos são tão altos que os artistas que trabalhavam neles devem ter usado andaimes. Iluminadas por candeias e tochas, as suas imagens teriam revelado um espectáculo bruxuleante e inacessível a quem as observasse de baixo --um equivalente paleolítico das nossas experiências actuais no ecrã de cinema ou do comboio-fantasma das feiras.

[...]




Deslumbrantes, a gruta e as pinturas.

Começamos a contar desde quando?

posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, janeiro 25, 2012

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