A montanha mágica

quinta-feira, outubro 13, 2011

Quem olhos tem, veja o que a salta à vista


A mediocridade que influencia o espaço público e que acaba por o definir e caracterizar está e estará garantido por muitos e muitos anos, por aqueles que agora já são medíocres mas que ainda e já acusam outros de o serem

É incrível a falta de alguma visão e ainda mais incrível a falta de visão para eleger escolher selecionar garantir um conjunto de setores que independentemente deste ou daquele aspeto seja respeitado e mantido e claro criticado, a longo prazo; já se vai perceber, em dois ou três exemplos apenas

Comecemos por um editorial do jornal público de um destes dias: a respeito de possíveis alterações ou mudanças na organização do poder autárquico, finaliza assim o público: "Só quem não conhece o país real pode ficar descansado com este incentivo à propensão de muitos autarcas para o caciquismo, o nepotismo e para o aprisionamento da vida comunitária". É tudo verdade, direi mesmo: é mesmo assim que já se passa. Só quem não conhece é que não escreve assim também para e sobre outros setores, e são tantos.

Por exemplo, o actual ministro da educação não percebe, desconhece mesmo, o estado mental do país (um pesadelo bem pesado), de como se exerce o poder nas instituições que tutela, e por isso mesmo fala em mais autonomia para as escolas (desde concursos e assim) e para câmaras municipais um poder de organização e de seleção de prioridades no ambito da educação. "Só quem não conhece o país real pode ficar descansado com este incentivo à propensão de muitos autarcas para o caciquismo, o nepotismo e para o aprisionamento da vida comunitária".

E por exemplo, o parolo do Secretário de Estado da Cultura veio um destes dias dizer que ele e o governo de que faz parte vão valorizar os resultados das bilheteiras nos cinemas e nos teatros. E viram e leram assim muitas bocas a estas palermices? Não, pois não, claro que não. Calados que nem ratos, quando é preciso encontrar um homem, o silêncio é aterrador, escreve Musset.
Passados três meses de ter chegado à blogosfera este agora secretário de estado da cultura já dizia e definia quem era quem e já fazia a lista dos clássicos.
Por que é que não se ouviram críticas contundentes sobre o que ele disse acerca dos resultados das bilheteiras nos jornais diários e semanários?
Porque o número de parolos por km2 que há cá é mais do que muito; a pergunta clássica é: "e o que é que eu ganho com isso?" Badamerda.

Outro exemplo do jornal público, de um dos seus cronistas, Rui Tavares, que até há bem pouco tempo assinava como historiador: depois de passar quase os últimos seis anos, que para a população portuguesa foram a cavar ainda mais o buraco onde já estávamos, a escrever muito pouco, muito pouco sobre o executivo governamental anterior este cronista reparou agora, desde há algumas semanas, que era preciso estar mais atento e vigilante: repare-se: crónica de dia 26/9: "É tempo de os jornais, rádios e televisões fazerem o seu papel de informar a população, representar a sociedade civil e responsabilizar os governantes".

Palmas + palmas (agora de pé) + palmas

É tempo? Não, Rui Tavares, não. É sempre tempo e foi sempre tempo e será ainda sempre tempo. Ganhe um pouco de vergonha na cara, que lhe fará e dará muito jeito. Mas ca puta de lata.

Mais mediocridade que assegurará o que já somos e que ainda mais tempo seremos:

- Vasco Pulido Valente, numa das suas últimas crónicas, numa sexta-feira, elogiou Medina Carreira: a capacidade análise e de conseguir ver antes, de estar atento e vigilante. Ora, Medina Carreira tem sido alvo das mais variadas patetices por parte de cronistas portugueses (claro que podem, claro que podem) inclusivé por ser uma pessoas mais lúcida do que as outras e de vir dizê-lo publicamente; um cronista houve (Pedro Mexia) que há uns meses disse no jornal público que Medina Carreira era uma das piores coisas que havia no país por aqueles dias, no auge do socratismo e amigos. Hoje é cronista do semanário expresso, onde aproveita para escrever muitas coisas medonhas;

- ainda no semanário expresso (aquilo é um circo, que se fosse de categoria B seria excelente) temos o cronista Henrique Raposo (fiquem atentos que um dia ele mudará a História de Portugal e arredores e hoje já detem muita influência sobre aquilo que as pessoas e os indivíduos pensam e refletem em geral, por favor acompanhem-no de perto) que, enfim, na última edição decidiu escrever sobre o filme Gran Torino: "Como existe gente distraída (e herege), não irei contar o final (...) Ser um clássico é isso mesmo: contar uma história sem formalismos ocos. Caríssimos cinéfilos distraídos, aproveitem a deixa do Expresso e vejam o filme, por favor. E tenham lenços à mão";

- no mesmo saco mas na Revista Única, página 39 à guisa de Raposo, Mexia (assim sem vergonha nenhuma também na cara, chamou um destes dias crítico feroz a João Pedro George), Tavares e outros tantos: "Na banheira: foram necessários 45 minutos e um tapete antiderrapante para obter o retrato ideal. São José Lapa aguentou com profissionalismo dentro de água, apesar de sentir calor e ter de ser borrifada várias vezes";

- ainda no mesmo saco e também na mesma revista, página 10: a crónica vitalícia de Clara Ferreira Alves: Para acabar de vez com a cultura: sem palavras, dá dó;

- sobre o zé coordenador do espaço livros do mesmo semanário, é o que não pode deixar de ser, é assim;

Portanto, é muito mau (segundo eles é tudo inveja, como não podia deixar de ser), não é? sim, sobre os dias metuendos

Gonçalo Tavares: "Em suma, exclamar, por exemplo:
- Estamos a passar uns dias metuendos! --não melhora os dias, mas torna mais requintada a nossa frase sobre os dias. E a elegância, mesmo em tempos metuendos, é qualidade que não deve ser ignorada."

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, outubro 13, 2011

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São horas, Senhor. O Verão alongou-se muito.
Pousa sobre os relógios de sol as tuas sombras
E larga os ventos por sobre as campinas.


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