A montanha mágica

sábado, outubro 15, 2011

as medidas que o primeiro ministro da república de portugalinho anunciou ao país são de uma pouca vergonha indescritível e de uma violência avassaladora

não disse por exemplo que as empresas vão ter de passar a dividir com os trabalhadores uma percentagem do lucro que obtêm, como em França, por exemplo

não, não disse; disse que vão ter de trabalhar mais meia hora por dia

e disse também que 1000 euros não dão o direito e o dever de sair de casa nas férias nem a inspirar e a expirar melhor duas vezes por ano

não sei como é que se pode continuar a ser político (e a gravitar em torno de) hoje em portugalinho, não sei como insistem em continuar a aparecer e a falar enquanto tais, que pouca vergonha, mas que porca miséria

o "o que é que eu ganho com isso", o "força, força, que o que é preciso é fazer alguma coisa" + a parolice genética do "eu é que sou o presidente da junta" dá nisto; ora, é preciso deixar de fazer festa à volta disto

mas pelo que se vê, estamos mal; os interesseiros estão à frente de quase todos os setores ou à porta, vê-se a transpiração; e um país que tolera associações secretas, como a democracia de portugalinho, está à espera do quê?

ouçamos um Mestre, José Mattoso:




pois, não conseguimos ouvir mais, só hoje e agora dei por isso, mais uma vez este vídeo tem problemas, de uma das vezes assaltaram-me o canal de vídeos e apagaram-me este e tantos outros, hoje dou por ela que este vídeo é interrompido, sem explicações, aos 38 segundos num total de 5 minutos e quarenta e seis segundos. E ainda faltava dizer tanto muito.

Mas como transcrevi um excerto do que foi dito, por o considerar muito importante, aqui ficam as palavras, sublinhados meus:


“O conceito de fraternidade proposto pelos revolucionários de 89 inspirava-se, de facto, consciente ou inconscientemente, no modelo monástico e religioso da Idade Média Ocidental. A sua origem é, portanto, profundamente cristã. Não apela para a fraternidade de irmãos de sangue mas entre irmãos de crença.

Mas a vida monástica não é, evidentemente, uma solução para a organização da sociedade, mas apenas um sinal, um símbolo que promete transfiguração da fraternidade humana em fraternidade divina.

Todavia, ao contrário do que acontecia na vida monástica e religiosa, e muito menos nas confrarias, seria impensável considerar a fraternidade revolucionária como um ideal que processe a diminuição do indivíduo na comunidade. As regras monásticas criaram práticas tendentes a suprimir a vontade própria e a sacrificá-la ao Bem Comum.

A evolução da cultura ocidental depois da Idade Média, todavia, não foi nesse sentido. Pelo contrário, valorizou cada vez mais a autonomia individual na criação intelectual e artística, no desenvolvimento da personalidade, na responsabilidade pessoal, na iniciativa da acção.

A fraternidade revolucionária é temperada pela liberdade. Concebe a formação e o desenvolvimento da sociedade como resultado da associação harmónica de esforços voluntários individuais.

Aparentemente esta ____ já não espelha de uma maneira tão evidente a origem cristã. Em si mesma, porém, não só não contradiz mas constitui uma forma mais perfeita da realização. Uma vez que Jesus Cristo aceita entre os seus discípulos não só homens mas também mulheres, não só adultos mas também crianças, não só pessoas sãs mas também cegos, estropiados e leprosos, não só judeus vulgares mas também levitas e sacerdotes do templo, não só fariseus e cumpridores da lei também mas também publicanos e soldados romanos, e se entre os seus discípulos havia temperamentos tão diferentes como os de Pedro e de João deve-se concluir: que a imitação de Cristo exige a edificação do Bem Comum, exige a conciliação da edificação do Bem Comum com a realização pessoal.

A realização pessoal implica a liberdade para com todas as leis do mundo. Por isso diz S. Paulo aos Gálatas, que foi para a liberdade que Cristo nos libertou.
Se o ideal monástico medieval não põe em evidência o indivíduo mas a comunidade, é em Jesus Cristo que tem de se procurar a valorização na convivência fraterna, como apoio e estímulo à realização pessoal.

[…]

Contudo, a fraternidade em que falam os liberais pode ter uma inspiração diferente e ao mesmo tempo muito mais precisa. Na mente dos seus ideólogos tinha sem dúvida como modelo oculto a fraternidade maçónica. Para alguns dos seus principais fautores significada a ajuda mútua na prossecução de um modelo de sociedade organizada em função da implantação do progresso universal, como era concebido nesse período.

Este objectivo devia ser alcançado com o concurso e sob a orientação de uma elite esclarecida. A sua eficácia baseava-se na coordenação de esforços de indivíduos escolhidos a dedo, no compromisso da ajuda mútua, tanto para garantir o sucesso pessoal de cada um deles como para suprimir os obstáculos à realização da humanidade por meio do progresso.

Se teoricamente não existe contradição entre fraternidade maçónica e fraternidade cristã, também não se pode negar em muitos casos concretos que o que prevalece é a oposição. Assim acontece nas lojas que continuam o ateísmo e cujos membros se associam para beneficiar da troca de favores pessoais.

O carácter secreto da fraternidade maçónica, em si mesma, também não é incompatível com o ideal cristão, mas a ocultação das pessoas e dos meios de acção favorece a ambição pessoal e a conquista do poder económico e político por meio de processos ilícitos.

A sabedoria cristã não acusa a fraternidade maçónica como tal mas também não pode deixar de apontar os riscos, a perda dos critérios morais quando o objectivo é favorecer um grupo secreto e excluir os seus concorrentes.
"


NOVO (acrescentado horas mais tarde): aqui fica, então o vídeo:


posted by Luís Miguel Dias sábado, outubro 15, 2011

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