quarta-feira, junho 01, 2011
peguemos num exemplo da elite das elites: Chris Patten, ontem, segunda, na capa do jornal público diz que ele diz que o que interessa no século XXI são as ideias
quase no fim da conversa Patten cita Isaiah Berlin "somos todos feitos da mesma ´madeira apodrecida` da humanidade"
lembremo-nos que estamos a falar de um homem que "foi ministro britânico e chefe do partido conservador, último governador de Hong-Kong, comissário europeu e hoje é o chanceler da Universidade de Oxford e preside à BBC"
são as ideias o que interessa no século XXI, as ideias
já bem dentro da conversa e do que disse sobre a Alemanha, já lá iremos, diz: "A Europa precisa de uma narrativa, mas não tenho a certeza de qual deverá ser. Os meus filhos acham absolutamente normal que o Reino Unido faça parte da União Europeia. Mas se me perguntassem qual é o objectivo da União Europeia e eu lhes respondesse que é para que não haja mais guerra entre os seus países, eles não compreenderiam"
Paremos por aqui que já temos tanto mas tanto
Elite das elites que se reproduzem. Este homem que é tudo e mais alguma coisa, poderia, quem sabe, também, pertencer à sad do sporting clube de portugal, diz este homem, chanceler da univerdidade de Oxford, que a Europa precisa de uma narrativa, e não sabe qual, e que os seus filhos já não sabem que a União impede a guerra de voltar, os balcãs há quantos anos?, e já não compreenderiam esse argumento, nem a ideia que uma próxima guerra poderá arrasar qualquer cidade
Imagina-se qual o ministério a que os seus descendentes chegarão e fica-se muito preocupado
Quem sabe, a universidade talvez lhes possa dispensar as primeiras 100, 200 páginas do venenoso Diplomacia de Henry Kissinger, só para embate, talvez seja uma introdução plausível, espesso
Mas não saber qual é a narrativa (tem os assessores na moda) da Europa, da União Europeia?
Em relação a Alemanha diz a certa altura "os contribuintes alemães perguntam por que é que têm de ajudar a Grécia quando a idade de reforma dos gregos é mais baixa do que a deles ou quando pensam que estão a pagar os custos de medidas sociais de que eles próprios não usufruem totalmente. É compreensível que jornais como o Bild se transformem em tablóides como os do meu país"
Devia soar como um sino na cabeça, são estes indivíduos, cheios de poder de todo o tipo e os seus descendentes que ocupam e decidem sobre a vida de milhões de pessoas, se não de todo o planeta, que levarão/levam as ideias não se sabe para onde
percebe-se o cansaço e a falta de motivação e de iluminação no que diz
a madeira apodrecida tem diferentes camadas, diferentes níveis
as ideias dizia o jornal público na capa, e quase no fim sobre Obama "utilizou muito do seu capital político na reforma do sistema de saúde. Não reformou ainda o o financiamento das campanhas, que creio que pode ser quase tão importante"
quando umas linhas atrás "numa entrevista que deu no ano passado, perguntaram ao presidente da zona euro [Jean-Claude] Juncker, o que era preciso fazer para para melhorar a competitividade europeia e por que é que se fazia tão pouco nesse sentido. Ele respondeu: ´Bem, o problema não é que não saibamos o que fazer, o problema é que não sabemos se seremos reeleitos se o fizermos.` Não creio que seja o mais cintilante exemplo de lidernça política"
a Europa precisa de uma narrativa, mas não tenho a certeza de qual deverá ser
a imagem é de Hermann Broch, e vem também no público do dia 30/5, logo antes de Chris Patten , voilá, voilá
elite das elites num mundo que já não existe
até aos 40 anos somos ridiculamente ambiciosos a partir dos quarenta/45 anos seremos ridiculamente cegos
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, junho 01, 2011