A montanha mágica

sexta-feira, maio 13, 2011

Alterando o ângulo de visão (6)


VI – lembro-me que num verão ouvi alguém gritar desde a costa, da velha varanda de um farol


Num pdf ali numa janela ao lado, M.E.Keating, em escritas nómadas e subversão do paradigma da viagem, escreve

“Num livro relativamente recente dedicado a Jacques Derrida (e escrito com a sua colaboração) - Jacques Derrida - La contre-allée (1999) - Catherine Malabou considera a reflexão sobre a deriva como o centro do pensamento de Jacques Derrida e como base de uma reflexão aprofundada sobre a questão da viagem. Diz ela,
Tout ce qui en Occident s'est appelé voyage a toujours présupposé comme sa condition de possibilité une solidarité indéfectible voire une synonymie entre deux termes: dériver et arriver".

De facto, a palavra deriva reenvia tanto para uma ideia de "desvio regular", de "variação progressiva" numa rota traçada entre dois pontos fixos, como para uma ideia de "perda de rumo", "deslocação não controlada", "derrapagem". E estas duas vertentes parecem constituir tradicionalmente a identidade da chamada literatura de viagens. Continua C.Malabou,

"Voyager implique ordinairement que l'on quitte un rivage familier pour aborder l'inconnu. Le voyageur dériverait d'une origine fixe et assignalable pour arriver quelque part, en ayant toujours la possibilité de rentrer chez lui, de regagner la rive de départ. Il dériverait jusqu'à l'arrivée, accomplissant ainsi le cercle de la destination. Au sein de ce cercle peut et doit se produire ce qui confère au voyage son sens et permet de le distinguer d'un simple déplacement: l'événement de l'étranger. /…/ Arriver, en dérivant, à l'etranger: tel est l'ordre qui rend possible le dévoilement de l'autre".
(Malabou, op.cit: 12-14)

É assim que a Odisseia - paradigma da viagem na cultura ocidental - se pode definir como a combinação destes dois sentidos da deriva, em que o primeiro (desvio de e em direcção a um ponto fixo) enquadra e dá sentido ao segundo (falta de controle, derrapagem), integrando a aventura e afirmando a história de Ulisses, antes do mais, como a possibilidade de regressar a casa, pelo que a deriva do herói funciona bem mais como sinal da origem, da proveniência, que como "perda de rota":

La dérive comme indicateur de provenance l'emporte sur la dérive déroutante dans la stricte mesure où l'origine n'est pas elle-même sujette à la dérive qu'elle rend possible: l'origine ne voyage pas (Malabou, op.cit.: 14-15)”.

E reflecte sobre três casos: Robyn Davidson, Bruce Chatwin, Michel Butor.


Um destes dias enquanto procurava uma pasta encontrei uma reportagem da revista pública, domingo, 13 de Abril de 1997, “não é verdade que as aventuras do seu alter ego (…) falam, com mais silêncios do que discursos, mais ausências do que presenças e mais sugestões do que afirmações dessa atitude fundamental perante a vida e os outros que não impõe regras nem dogmas, e aceita tudo como aquilo que é? (…) Sob um céu plúmbeo, árvores inclinam-se inteligentemente à força do vento. Índios mimeticamente instalados no manto vegetal olham para longe. Silhuetas animais ou humanas, quentes até doer, compõem bailados mágicos. Merlin e o sortilégio das fadas celtas expondo-se quase como suave despudor. A memória de África patente nos rostos escuros, orgulhosos e altivos do Cush ou das mulheres. Os apontamentos avulsos e ´etnográficos` de uma deambulação helvética. A inspiração de Kipling e dos seus poemas. A magia poderosa e avassaladora das superfícies líquidas do Pacífico onde tudo começa e tudo acaba. O derradeiro e premonitório balanço de uma vida na fábula de Saint-Ex. (…) E como confessou o artista ao seu biógrafo ´as minhas viagens foram para mim a ocasião de ir a um lugar que já existia na minha imaginação.´” Assina o texto da reportagem Carlos Pessoa.

E de alguns volumes, que não vou identificar:

Página 7: “Deixa ver… Mmh… Sim, mas… Não é um náufrago… Aposto que sei quem é!”
Última página: “Errante, como a asa branca do albatroz ao sabor do vento monótono do Pacífico, vai a vela do verdadeiro marinheiro, ontem e hoje, num dia qualquer deste mês…”

Página 7: “- Vocês não me parecem lá muito gregos…
- O que veio ele fazer cá abaixo?”
Última página: “…vamos, caro amigo, deixemos este local. Tivemos muita sorte em encontrar este junco. Pertencia a alguém que se parecia consigo.”

Página 4: “Como é que foste capaz de estar tanto tempo longe de Buenos Aires querida?”
Última página: “… Parto esta noite, Fosforito… Para o sul…”

Página 5: “Das facécias do Barão Corvo Ás de Trelawny. Os apontamentos do Barão Corvo fazem alusão a um manuscrito de Lord Byron, escondido por Trelawny em Veneza.”
Última página: “Para onde vais?”

Página 15: “Ainda não sei. Por certo, os senhores são da Pitágoras.”
Última página: “Vou sair desta história de ´Sirat al Bunduqiyyah` e peço para entrar numa outra, noutro lugar…”

Página 9: “Penso que devia decidir-me a partir. Sempre que venho a Veneza , torno-me preguiçoso.”
Última página: “Para onde vais?
Não sei! Adeus, Xangai-Li.”

Página 8: “Um avião austríaco!”
Última página: “Pode ser que sim… mas a única coisa de que tenho a certeza é que à força de olhar para o ar apanhei um belo torcicolo. Em toda esta história… foi a única coisa que eu fiz!”

Página 7: “ Corto Maltese descansava preguiçosamente na única varanda da pensão Java, em Paramaribo (Guiana holandesa). Sentia-se, à primeira vista, que se tratava de ´um homem do destino`.”
Última página: “Vá-se lá saber, sargento… Parece que sim… Mas quem sabe tudo desta história é… Aquela maldita gaivota!!!”.


Em A noite abre meus olhos:

essa sombra que tens
disse-me o oficial de serviço
já não és

*

ali muitas vezes se sentiu a tempo/de perder uma ilusão...

*

Nos autocarros cheios, nos corredores do metropolitano

*

alugamos bicicletas para chegar à costa/à procura do que resta

*

Ao entardecer corremos/ao pontão sobre o mar

*

percorriam grandes distâncias até um recanto/que outros achariam desigual/ ou sentavam-se no fim da terra

*

«nos penhascos frente ao mar/o caminho abandonado…»

*

Não queria nenhum lugar/viajava ao longo dos anos mais para longe

*

Abandonavam lentamente a terra/mas ainda tremeluzia no canal uma claridade

*

a correr pelo pontão de madeira/onde um homem foi morto

*

Sentava-se num pilar do molhe/com um sorriso incalculável

*

E mesmo à beira do abismo/exibia uma facilidade talvez sem razão

*

Uma paisagem muito ao longe/quando se regressa/continuamos a vê-la no escuro

*

Percorria os lugares daquela fotografia/a muralha de silvas, a quinta reencontrada

*

por isso gritava/como náufrago/em qualquer lugar da noite

*

Estava tão quieta que podia/reconstruir o tempo instante a instante

*

é assim que rodo/à volta de lugares desconhecidos

*

Tinha passado toda a noite/ele mesmo se sentia perdido

*

A velha ponte de madeira/entre estações

*

Amo os que atravessaram os campos/desamparados/mais do que se pode

*

Quando depois voltava/prendia o barco no pequeno ancoradouro/ainda despenhado das varas de um relâmpago

*

Um nome arde tanto/de repente todos os caminhos parecem de regresso

*

tinhas de repente uma pressa desesperada/ como quem do mundo inteiro

*

Abandono a casa o horto o lugar á mesa/o casaco de que gostava, sobre o leito dobrado

*

Pela neve sem rasto
caminhou
aquele que busca um amor

*

Desço as escadas de casa

*

os insignificantes flutuam/ao vento contínuo de Deus

*

cada um de nós jaz por terra muito depois que se levanta/tudo o que possui não cobre metade do seu reino

*

Atravessei contigo a minuciosa tarde

*

Os orantes são mendigos da última hora/remexem profundamente através do vazio

*

hoje só lá se passa/para os saldos de Madrid

*

Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado/na constelação onde os tremoceiros estendem

*

Sem darmos conta já estávamos encalhados/numa qualquer estrada secundária

*

Saíam da cidade em direcção ao mar/para lugares que se pareciam/a uma graça que buscavam:

*

Nas grandes praças da Europa por onde quer que se vá

*

tomo o caminho por onde vieste/tropeçando como os que não têm olhos

*

Depois de ter fechado tudo, abro de novo a porta/e corro cambaleante para a vazia escuridão

*

Vigiava nuvens e sombras pela fajãs

*

E, de facto, um viajante da geração seguinte, Pausânias,/relata ter visto, no declive acima do templo

*

Que dizem os exploradores,
os viajantes, os peregrinos que há muito julgávamos perdidos,
os berberes, os transumantes,
os foragidos

*

Atrás de ti o caminho luminoso/como se o abismo tivesse uma cabeleira branca

*


De o Viajante sem sono:


estende o teu corpo ao longo do barco/que desce silencioso o canal

*
Quando bruscamente nos separarmos na encruzilhada de rápidos

*

Talvez nos caiba viver por cidades estranhas

*

lembrança do viajante/que se demora apenas um dia

*

e quando atravessamos o corredor na penumbra/os espelhos não nos reconhecem

*

Busca dentro e fora, no cimo e no raso/por túneis, declives e intervalos/Passa, mas não de um ponto a outro

*

Faltam atlas com algum detalhe/para as emissões nocturnas

*

Caminhas quase sem te moveres/os campos estendem um corpo

*

Imaginamos lugares estritos
para o sublime que vem afinal
depositar-se à nossa soleira

*

Se deres um passo atrás, talvez te coloques a tempo/de uma estação clemente

*

Nem que seja pelo pobre caminho entre aldeias/por meio de ervas da altura de um homem

*

Atravessamos a noite com uma vontade irreprimível de cantar




pormenor de, Richard Serra, The Matter of time


de o Tesouro escondido:

“E se é verdade que o motivo que desperta o canto é um acontecimento pessoal concreto,…”

«Os velhos deviam ser como exploradores.»


Em Perdoar Helena:

“Só o homem está parado, não te deste conta?

Parado? Do mundo animal, sim, talvez o homem seja a criatura sedentária… mas (e sorri, imitando)… nenhum homem estátua, erguido no seu tripé, com o pobre prato de moedas diante, pensa sequer concorrer com a imobilidade de que é capaz, não sei, uma rosa… um arbusto… Os jardins estão cheios de uma imobilidade que nos está vedada… inacessível.

E se eu te disser que os jardins são berberes em deslocação… vagabundagem… movimento!

Estás a defender, portanto, que as plantas… as grandes árvores se deslocam?

Sim… isso… e numa distância, meu Deus, incalculável. Olha para a alameda… Donde pensas que chegaram todas aquelas espécies? Vieram do Cáucaso, da Sibéria, do Tibete, da América…

(corrigindo-o) Não terão vindo propriamente… foram, com certeza, trazidas… importadas pela administração municipal…

Por ventos, por correntes marítimas, nos grandes invernos, digo-te eu… ocultas nos pés dos escravos, escondidas algures na trouxa de um distraído mercador ou entre o pêlo dos animais… nas dobras mais que invisíveis de qualquer acaso… as sementes foram (sublinha com ironia) importadas assim.

[…]

Juro que não o percebo. Uma noite, ele chegou, virou-se para mim e disse: partigiano.

[…]

E não se dava por essa migração clandestina, ninguém detectava esse tráfico singular?!

[…]

(recobrando) É estranho. O que eu sinto agora é que estamos sempre a um passo, quer nos dirijamos para um lado ou para outro… quer se trate da vida ou da morte. E a isso não se pode fugir… Por mais branda que sopre a brisa, por mais branda… a noite penteia as glicínias com seu pente aguçado.

(pausa) Sabes o povo berbere… os nómadas…

Sim…

Estamos demasiado ligados à ideia de viagem… sair pelo mundo e tornar à mesma casa, na mesma rua, no mesmo bairro de Ítaca, de Nova Iorque… O nomadismo não é uma viagem assim…

Continue.

O nomadismo é uma viagem sem fim…

E…

O que disseste dos pintores parece-me muito superficial.

[…]

Os que viajam, voltam para trás… regressam à sua rua, aos seus tectos amados, aos olhos de Penélope… Os nómadas…

E os nómadas…

Os berberes dizem que os nómadas desposam o vazio… falam das núpcias com o vazio…

Não compreendo.

Mas queres compreender?

[…]

Digo-te que não pude deixar de prosseguir, partigiano.”


Do jornal público de 21 de Abril de 2011, no Festival da Literatura em Viagem Gonçalo Tavares terá dito:

«“cavalguemos e que possamos fazer viagens grandes, é impossível sair do reino do pai, é impossível escaparmos à nossa herança, aos nossos valores. Qualquer viagem, por mais longínqua que seja, nunca consegue ir ale dos limites do reino animal.

“Fazermos as histórias das viagens é fazer a história das diferentes linhas rectas que se foram traçando. Mas hoje nós estamos fascinados com o ponto de partida e com o destino. De certa maneira já eliminamos a própria linha. Classicamente a viagem era o percurso. Agora, quando falamos de viagem, quase sempre nos referimos ao destino. A história da viagem é a história da eliminação do percurso. De certa maneira, eliminamos o conceito de viagem clássico.

“A presença actualmente deveria ser definida pelo sítio onde está a atenção. Se eu estiver numa sala, ao lado de uma pessoa, e estiver no computador a dar atenção a alguém que está na China ou no Japão, é evidente que estou presente na China ou no Japão. Estou mais afastado da pessoa que está a dois metros de mim. E, se for assim, se nós estamos onde está a nossa atenção, o conceito de viagem pode mudar bastante. A viagem, se calhar, até é uma mudança da posição da nossa atenção. Podemos ir até ao outro lado do mundo, mas se a nossa atenção ficar em Lisboa, basicamente não viajamos. Se considerarmos esta ideia de que a viagem é o percurso da atenção, então podemos fazer grandes viagens físicas e não movimentar a nossa atenção, podemos ficar parados, apesar de termos viajado até à Índia. Cada vez mais, o que nos importa é onde está a nossa atenção e não onde estão os nossos pés. Essa é a grande diferença.

“Eu mudei tanto que não te reconheci.

“Eu não reconheço o outro, não porque ele tenha mudado, mas porque eu próprio mudei.

“E por isso é que, de certa maneira, o grande perigo da grande viagem é que nós mudamos tanto que, quando voltamos a casa, não reconhecemos as pessoas que deixámos. Este é o grande perigo, mas é também a grande potencialidade da viagem.»




pormenor de, Alberto Carneiro, [esta linha que percorre]


Em A Leitura Infinita “O homem é esse ser a caminho, que no espelho da incompletude e do inacabado se mira e reconhece, ele que entra na condição da vida seu «incessante trabalho» [Maria Zambrano]. No jogo da sua liberdade, nas grandes e pequenas escolhas do existir, no modo como articula o diálogo com os outros e com o mundo é que se vai definindo. É que se vai criando. Tornar-se pessoa é, portanto, bem mais do que uma questão de concepção ou nascimento.
O existir-em-construção é o lugar onde a Fé se inscreve. Por isso, o nomadismo de Abraão não é apenas uma referência sociológica: é uma exigência da Fé, essa itinerância, esse desejo de que transportaremos pelo corpo do mundo para que ela se torne o nosso próprio corpo. É aqui que Abraão irá construir um modelo de crença.”

O amor faz dos enamorados nómadas, buscadores e mendigos. Todo o diálogo de amor é uma conversa entre mendigos: não entre gente que sabe, mas entre quem não sabe; não entre gente que tem, mas entre quem nada retém. Por isso a maior declaração de amor não é só uma ordem, é um pedido: «Grava-me como um selo em teu coração, como selo no teu braço, porque forte como a morte é o amor.» (Ct 8,6).”


Em o Hipopótamos de Deus e outros textos há um intitulado Aprendo a rezar com os pés e diz “caminham em filas ao lado das estradas nacionais, por trilhos de terra batida, atravessando pequenos povoados que antes desconheciam, cruzando horas e horas a paisagem de giestas em silêncio. Têm em português um nome que deriva de uma forma latina: per ager, que significa «através dos campos»; ou per eger, que significa «para lá das fronteiras». Definem-se, assim, por uma extraterritorialidade simbólica que os faz, provisoriamente, viver sem cidade e sem morada. Experimentam uma espécie de nomadismo: não se demoram em parte alguma, comem ao sabor da própria jornada, dormem aqui e ali. Num tempo ferozmente cioso da produção e do consumo, eles são um elogio da frugalidade e do dom. Relativizam a prisão de comodismos, necessidades, fatalismos, desculpas. E os eu coração abre-se á revelação de um sentido maior.
A verdade é que é difícil ter uma vida interior de qualidade, se nem vida se tem, no atropelo de um quotidiano que devora tudo. Na saturação das imagens que nos são impostas, vamos perdendo a capacidade de ver. No excesso de informação e de palavra, esquecemos a arte de ouvir e comunicar vida. Quando damos por nós, há à nossa volta um deserto sem resposta que cresce.”


Entretanto na fila para o peixe, falta apenas uma pessoa para chegar a minha vez, e volto ao princípio, às primeiras palavras da entrevista de vinte e seis de Março último ao jornal i:


"Comecemos por um esquecimento, que me diz ser obra rara. O da carteira.

Se pensarmos que os nossos esquecimentos são sempre significativos, que querem sempre sinalizar alguma coisa, tem graça nos tempos que correm o desejo de andar sem carteira. Lembra-me uma provocação que vi o Manoel de Oliveira fazer numa entrevista na televisão. Ele dizia estar interessado em pensar o que seria uma sociedade sem dinheiro. Se em vez da compra e da venda, vivêssemos unicamente da troca de bens, de serviços. No fundo, eu penso que em mim há uma nostalgia do dom, uma certa utopia de uma sociedade do dom. Mas de facto para tomar uns cafés, dá jeito trazer a carteira.

Que objectos costuma trazer consigo?

Sabe, eu gosto muito de olhar para os caracóis. Se tivesse que escolher um ser vivo na natureza para falar de mim, era o caracol. Por causa de uma frase que está associada: "Tudo o que tenho, trago comigo". Mesmo quando ando de bolsos vazios, como é o caso deste dia inesperado, penso que trago sempre tudo comigo.

[...]

Como foi a transição para o continente?

Para mim foi uma aventura fascinante. Lembro-me que caminhava muito a pé e tinha a experiência da cidade, do tecido urbano. Ainda não tinha verdadeiramente conhecido isso. Foi importante até para me descobrir.

Nunca se sentiu perdido na cidade grande?

A alegria tem sempre em si um susto. Pelo menos a minha começa por ser sempre uma consciência de que as coisas são maiores que nós. E que continuamos a caminhar para elas.

Continua a ser um bom caminhante na cidade?

São Francisco de Assis dizia que caminhar a pé é já rezar. Se for assim, já tenho rezado muito. Há itinerários de que gosto muito. O jardim das Amoreiras, Campo de Ourique. Lisboa é tão bonita e diversificada. Sempre um espanto que nos é oferecido. Nunca regressamos pelo mesmo caminho por onde partimos."


Para terminar este ponto seis, nos deliciosos volumes de Histórias, de Heródoto, a quem muito aproximo a poesia de Tolentino Mendonça, mais tarde, noutro ponto, Heródoto de Halicarnasso, o pai da História, deixemos as dúvidas noutro lado, Maria Helena da Rocha Pereira escreve “os informadores de quem recolheu dados nas diversas terras por onde andou ascendem a mais de trezentos, na contagem de Lateiner”, e, numa nota de rodapé deste livro primeiro das Histórias, acrescenta “pelo que toca a Heródoto, vão longe os tempos em que se punham em dúvida as suas declarações pelo mundo antigo. Veja-se, entre os autores mais recentes, Immerwahr, `Herodotus`426, que dá como certas as viagens pelo Sul da Rússia, Babilónia, Síria, Palestina, Egipto (com permanência de quatro meses [onde chegou mesmo a medir as pirâmides de Quéops e de Quéfren, também do prefácio]) Cirenaica, Itália do Sul, Mar Egeu e continente grego.”

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, maio 13, 2011

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São horas, Senhor. O Verão alongou-se muito.
Pousa sobre os relógios de sol as tuas sombras
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