sábado, abril 30, 2011
a dado passo o tio Boonmee diz que e começa a dizer que numa das suas vidas matou homens, mulheres, insectos (acho mesmo que os nomeia). e depois silêncio, o vento, a brisa, o verde contagiante que transborda da tela.
e uma pessoa em silêncio repete: homens, mulheres, insectos. e sobressalta.
no ípsilon de ontem, na curta mas muito boa conversa/entrevista, Manoel de Oliveira diz a dado passo ao jornalista que diz que "a morte é dum maiores mistérios. Mas neste filme filma-a, de facto, ou o seu espírito."
Manoel de Oliveira diz "Sim, o espírito. Tem a ideia de que toda a matéria é imóvel? Toda ela se move na vida pela força do espírito, é este que a anima. E quando a pessoa morre, o espírito solta-se.
Quando estava no colégio de jesuítas, em Espanha, diziam-nos que, depois da morte, as almas vão para o purgatório. Cheguei à conclusão, na ingenuidade dos meus 16 anos, que o mundo era uma fábrica de almas. Hoje, penso numa imagem muito certa: os rios. Têm uma vida e passam por ela torturados, e quando desaguam no mar, perdem a sua personalidade pois juntam-se ao absoluto. Depois, vem o calor, a evaporação e as chuvas que caem sobre a terra. A fonte renasce e o rio continua. Vamos sempre para o absoluto, e depois um retorno que gera continuidade. Para os budistas, quando morre uma pesso, a alma sai e pode instalar-se num gato. Falei com o Dalai Lama e pus-lhe essa questão: se a pessoa morre e a alma passa de uma humano para uma fera, não perde a evolução do raciocínio? Disse-me que não, pois o que conta é o esforço. Percebi que a vida, em si mesmo, é um esforço enorme em tudo o que fazemos. Mas é ele que activa a imaginação."
mas é ele que activa a imaginação.
gostei muito da fotografia da página 24.
posted by Luís Miguel Dias sábado, abril 30, 2011