quinta-feira, dezembro 02, 2010
«Todos os títulos se dirigiram para este: Tendas no Deserto. Recolhi-o do livro de Levinas sobre Maurice Blanchot, numa passagem que une a arte e o rosto sob o signo do nomadismo: “A arte, segundo Blanchot, longe de iluminar o mundo, deixa perceber o subsolo desolado, fechado a toda a luz que o sustém e devolve à nossa estadia a sua essência de exílio e aos prodígios da nossa arquitectura a sua função de tendas (cabanes) no deserto” . E Levinas retoma esta expressão no início do parágrafo seguinte: “Tendas (cabanes) no deserto. Não se trata de voltar atrás. Mas para Blanchot, a literatura relembra a essência humana do nomadismo. O nomadismo não é a fonte de um sentido, aparecendo a uma luz que nenhuma mármore devolve, mas o rosto do homem” .
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Cada auto-retrato é apenas um abrigo temporário, num êxodo de quem sabe não ter aqui morada permanente. Um si sem lugar, fora do lugar, deslocado, que se reconhece a si mesmo como o lugar de errância.»
Paulo do Vale
«Nesta exposição, deixamos os desenhos nas paredes, sem moldura e sem protecção do vidro, para assim se poder experimentar de modo directo a matéria, o próprio cheiro da tinta de óleo, das cinzas; ver as falhas no papel rasgado, sentir a presença física, eminentemente física, destas obras. Não apenas de uma imagem, fantasmática, mas da sua carne—criada num combate corpo a corpo, que pressentimos, entre o artista e o papel.»
Paulo do Vale
Catálogo Assírio & Alvim, 2010
Curadoria Paulo Pires do Vale
Fundação Carmona e Costa, INAUGURAÇÃO 4 de Dezembro (Sábado) às 17h00
Exposição patente até 26 de Fevereiro '11 de Quarta a Sábado das 15h00 às 20h00
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, dezembro 02, 2010