terça-feira, setembro 07, 2010
1. Entre 1975 e 1979:
"as vítimas eram eram violentamente espancadas, electrocutadas ou sufocadas com sacos de plástico enfiados na cabeça. Eram despidas e as partes genitais submetidas a choques eléctricos", "por detrás de todos estes crimes, por detrás de todas estas torturas este homem controlava inteiramente e conscientemente a máquina criminosa da S-21 (nome pelo qual era conhecida a prisão)", "em geral, cortávamos a garganta aos presos. Degolávamo-los como frangos", "o editorialista do jornal Le Monde de 27/7 escreve ´aqueles que queriam saber, sabiam, através de algumas notícias transmitidas sobretudo por religiosos. Mas poucos quiseram olhar a verdade de frente e o Le Monde teve a sua quota-parte nessa cegueira`".
excertos retirados da crónica No inferno dos Khmer vermelhos, de Esther Mucznick, jornal público, 12 de Agosto de 2010.
2. Jornal Público, 20 de Agosto de 2010, com Christopher Hitchens:
"Sente-se insultado quando as pessoas dizem que rezam por si?
Não, não, aceito-o desde que o façam para a minha recuperação. Mesmo que isso não mude nada.
Posso dizer [Jeffrey Goldberg, num blog da Atlantic] que ele não se importa, seja de que maneira for, com o que vocês pensam ou rezam, mas naquilo que me diz respeito e a toda a equipa da Atlantic deixem-me dizer-vos: vão-se foder. Acredito que Deus me vai desculpar por esta [dirigindo-se às pessoas que lhe enviaram e-mails a dizer que as suas preces não eram para desejar a recuperação de Hitchens]."
3. 13 e 14 de Agosto de 2010:
Obama: Muslims have right to build mosque near 9/11 site
Muslims have the right to practice their religion" just like anyone else. "That includes the right to build a place of worship and a community center on private property in lower Manhattan, in accordance with local laws and ordinances," Obama said at an Iftar dinner at the White House honoring the Muslim holiday of Ramadan. "This is America."
Obama said he understands the emotions aroused by the issue, including the objections of 9/11 victims' families who want the Islamic center to be built elsewhere in the city. But he said that the terrorists who attacked the World Trade Center do not represent Islam, but are killers distorting a great religion.
"That's who we are fighting against," he said. "And the reason that we will win this fight is not simply the strength of our arms, it is the strength of our values."
as reacções:
Uma organização de famílias de vítimas do 11 de Setembro reagiu com indignação perante as palavras assertivas do Presidente: "Barack Obama abandonou a América no local onde o coração da América foi partido há nove anos, e onde os seus valores verdadeiros foram mostrados para todos verem", afirmou, num comunicado, Debra Burlingame, co-fundadora das Famílias de 9/11 para uma América Segura e Forte. "Agora este Presidente declara que as vítimas do 11 de Setembro têm de carregar mais um fardo... Estamos estupefactos."
4. Depois de em Itália, para aí há 4 anos atrás, o governo de Romano Prodi ter começado a dar ouvidos a vozes que pediam a expulsão de todos os romenos por um deles ter assassinado um cidadão romano, o Repubblica chegou mesmo a fazer capa de expulsão; Berlusconi; agora Agosto de 2010:
"Mas, horas depois, os aliados do Presidente voltaram à carga. “Não evacuamos os acampamentos porque eles são ciganos [...] mas porque há uma realidade a que não podemos fechar os olhos”, disse o ministro do Interior, Brice Hortefeux. “E a realidade é que, hoje em dia em Paris, um em cada cinco roubos é cometido por um romeno”, disse o ministro, segundo o qual os crimes praticados por estes estrangeiros na capital “aumentaram 259 por cento em 18 meses”.
A evacuação dos acampamentos é, por isso, para continuar, como é para continuar a expulsão dos que ali viviam. Besson revelou que desde 28 de Julho – data em que Sarkozy prometeu mão dura contra o crime – já foram repatriados 979 cidadãos romenos e búlgaros, dos quais 828 de “forma voluntária”.
Mas agora Paris quer alargar as situações em que um estrangeiro pode ser “conduzido à fronteira” – a forma mais coerciva de expulsão – para incluir nelas o roubo e a “mendicidade agressiva”. Uma interpretação radical da directiva europeia de livre circulação que permite aos estados expulsar cidadãos comunitários, mas apenas quando estejam em causa “razões graves” de ordem, segurança ou saúde pública."
5. O excerto que a seguir se segue encontra-se no jornal público de sábado, dia 4 de Setembro de 2010, na página 16, e até lá chegarmos não vimos nenhuma chamada na capa e para quem como eu lê o jornal do fim para o princípio nem no editorial se lê nada. Anote-se, e sublinhe-se. Só apetece dizer foda-se, foda-se, foda-se.
"É um tema que nehum político alemão gosta de abordar: o impacto da imigração no tecido social e económico do país. Sarrazin escreveu que a integração de comunidades muçulmanas, e a sua elevada taxa de fertilidade, levará ao declínio económico da Alemanha e à erosão do seu ´coeficiente de inteligência` colectiva - o país estaria a ficar ´mais burro ` em resultado da ´imigração descontrolada`, alegou (...) nomeadamente quando Sarrazin se refere às ´predeterminações genéticas` dos judeus que os diferenciam de outros grupos étnicos."
6. Jornal Público, Sábado, 14 de Agosto, 2010, P2:
“Este cenário não nasceu ontem, mas o homicídio do dono de um rancho no fim de Março, atribuído a um imigrante ilegal, combinado com o facto de 2010 ser um ano de eleições para o Congresso, levou um punhado de republicanos do Arizona – incluindo o senador John McCain e a governadora Jan Brewer – a exigir maior protecção da fronteira (um eufemismo que, na verdade, quer dizer: encerramento da fronteira). E abriu caminho para uma nova lei em que o Arizona reclamava o direito de questionar qualquer ´suspeito ` sobre o seu estatuto de cidadania ou residência.”
7. Aqui há três, quatro anos Nuno Melo, na Assembleia da República, enchia o peito, que à lapela tem as insígnias, emblema, símbolo, de um partido que se diz democrata cristão, e exalou do mesmo fedor: os indigentes que por aí andam isto e aquilo, e mais assim e mais assado.
8. No telejornal, RTP1, do dia 21/8 José Alberto de Carvalho, cada vez mais repugnante, abre o programa que apresenta a dizer que no conflito no Rio de Janeiro há uma linha e ele diz "se me é permitido, aqui na zona [apontando num mapa no computador] nesta zona, entre o bem e o mal"... uma zona entre o bem e o mal, foi o que ele disse. Assim. Sem mais. Ponto. "Se me é permitido... entre o bem e o mal". Jasus. Quando é que editará um livro?
9. A certa altura do mês de Agosto uma palermice intitulada, chamada de polémica Bolaño, que ele isto e que ele aquilo, que os livros dele, este e aquele, assim e assado, diziam leitores que não tinham conseguido passar da página tal e outros arrependiam-se de ter comprado o livro que aquele dinheiro tinha sido desperdiçado e que agora não sabiam o que mais fazer da vida, outros que não percebiam, que não aguentavam que lhes contassem sonhos, outros queriam uma frase, uma só frase que lhes mostrasse um qualquer eldorado e não a conseguiram encontrar, outros que outros se aproveitaram, a maior parte a dizer merda pela boca fora... bláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábl
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Embora não simpatizando com quem edita Bolaño por cá e também com o muito mau gosto das sessões de lançamento e algumas capas, agradeço-lhes quase todos os dias e estou sempre à espera de encontrar outro nas livrarias. Às vezes não estamos preparados para certos livros e assim, é a vida; a não ser que se queira mais visitas nas páginas de blogues, esperem pela vez e quando ela vier, se chegar, façam, ainda assim, uma festa.
Melquiades Estrada teve três enterros.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, setembro 07, 2010