A montanha mágica

quarta-feira, setembro 22, 2010

Daí Mounier sublinhar «a importância da fidelidade e da presença no mundo do compromisso, querendo centrar a acção no testemunho e não no sucesso»




daqui


"No entanto, temos de lembrar que uma das principais obras sobre o pensamento de Mounier continua a ser “Emmanuel Mounier” de João Bénard da Costa (Morais, 1960), que é muito mais do que uma antologia, como o autor a apresentou no momento em que foi lançada. Na Europa, o livro de João Bénard é uma referência indiscutível, que agora ressurge, perante a obra de Guy Coq e o reconhecimento da actualidade do pensamento de Mounier.


O EXEMPLO DE MOUNIER

Emmanuel Mounier, cujos sessenta anos da morte (22.3.1950) se assinalaram este ano, foi um dos autores que mais profundamente pensou o tema da democracia. E o livro de Guy Coq conduz-nos sabiamente à reflexão sobre a essência da democracia. Nos «Cahiers de l’UNESCO», em Abril de 1949, o filósofo escreveu «Réflexions sur la démocratie», onde abordava o problema da tendência totalitária das democracias ditas populares, nas quais «o ideal é a anulação de toda a distância, da distância entre governos e governados, ente o Estado e a nação, todos se tornando governantes (inquisidor, polícia, disciplinador do seu próximo), da distância entre governados pela generalização do conformismo e da solidariedade no terror político». A partir desse texto, pensador político Jacques Le Goff salientou, em Janeiro de 1983, na revista «Esprit», sob o título “Totalidade e distância”, a importância dessa questão. «É aí que reside a falha, o ponto de fractura, o lugar da falta que põe a tónica nas referências muito sólidas duma crítica radical do totalitarismo, hoje marcado pelos trabalhos de Claude Lefort e Marcel Gauchet, que aprofundaram esta reflexão sobre a anulação da distância como matriz do totalitarismo».


O PERIGO DA ANULAÇÃO DA DISTÂNCIA

A sociedade onde a distância aparece anulada é a que podemos designar como a de «nós outros», que se esgota e se confunde na ausência de fronteiras entre o próprio e o alheio, entre nós e os outros, levando à promiscuidade pública – que nos recorda a anti-utopia de Yevegeny Zamyatin (1884-1937) intitulada, exactamente, «Nós» (e que deve ser lida com «Mil Novecentos e Oitenta e Quatro» de George Orwell). Em segundo lugar, depois dessa sociedade sem distância, encontramos a «sociedade vital», cujo elo é constituído pela vida em comum e por haver um fluxo vital, biológico e humano, orientado para o viver melhor. Aí ainda não há a relação de pessoa a pessoa – «cada um fica no plano de uma vaga representação do todo», faltando a ligação entre os valores e cada «vocação pessoal». Já não temos a sociedade de nós outros, mas estamos ainda perante uma sociedade fechada, caracterizada pelos seus interesses e o seu utilitarismo imediato. «Se ela não for animada do interior por uma verdadeira comunidade espiritual, tende a fechar-se sobre uma vida cada vez mais mesquinha e sobre uma afirmação cada vez mais agressiva». Em terceiro lugar, para além da sociedade da anulação da distância e das sociedades vitais, Mounier fala da «sociedade razoável». Esta procura compreender que a ciência, a razão objectiva e o direito são mediadores fundamentais, ainda que insuficientes para assegurar a existência de uma comunidade pessoal criativa e de responsabilidades partilhadas. A sociedade de «nós outros» supera a insociabilidade do indivíduo isolado, as sociedades vitais preocupam-se com a sobrevivência colectiva, enquanto a sociedade razoável procura ir mais além, aceitando a imperfeição e propondo a articulação entre as diferenças, considerando a comunidade como uma «pessoa de pessoas». «Quantas famílias mais não são do que falsas Pessoas colectivas fundadas no desprezo ou na segurança, no hábito ou no dá-me dá-me»? E, segundo Emmanuel Mounier, a maneira de chegar ao compromisso leva-nos à «distância unitiva». E assim a verdadeira comunidade deve ser a «pessoa de pessoas», na qual o lugar de cada um é insubstituível e essencialmente desejado pela ordem do todo. Deve haver distância, mas também capacidade de agir em prol do bem comum."


Guilherme d'Oliveira Martins


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, setembro 22, 2010

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