segunda-feira, julho 12, 2010
Enquanto crianças e adolescentes contando-nos dava duas equipas de futebol, lá pelos caminhos da aldeia, no campo velho na feira no campo grande e no ringue, a fazer lembrar Oliveira mas também Kiarostami.
No meio de nós havia dois irmãos que pegavam na bola numa ponta do campo e fintavam tudo o que lhes aparecesse pela frente, e para ser mais equilibrado, dizíamos, tinha de jogar um numa equipa e o outro noutra, mesmo que assim as regras não fossem cumpridas, muitas vezes distribuídos pelos lugares onde morávamos. Muda aos cinco e acaba aos dez.
Às vezes chegavam ao outro lado do campo a rir, e outras vezes os próprios colegas de equipa não lhes passavam a bola porque se não também não jogavam. Era para eles um jogo quase solitário, mas não. Hoje as vedetas planetárias parece que pensam assim. Erro.
Muito mais tarde, já de equipamento e chuteiras e gravações a cal no pelado e lugares distribuídos e cartões amarelos e vermelhos vi como um deles era um mago da bola, depois de recuperarmos o esférico e de o endereçar como que carta registada tantas eram as linhas, como agora se diz, e as clareiras.
Xavi não finta dessa forma porque já quase ninguém finta, Messi quando se lembra e mais ninguém, e não precisa, Xavi gosta muito de matraquilhos e eu acredito que mesmo nos varões de matraquilhos e ele crie essas clareiras e linhas, e que a bola estará sempre nos varões do meio e três quartos da equipa dele, tanto lirismo é preciso.
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, julho 12, 2010