sexta-feira, julho 02, 2010
1. Enquanto que por cá se continua com a medição dos pirilaus
2. Rui Ramos, com lucidez, escreve no expresso de 26 de Junho uma crónica sobre o norte de Portugal. O norte, como é natural, tem muitos defeitos, como todos os outros sítos do mundo. Mas, claro, mas como tem sido mal tratado por uma Lisboa que não conhece nem quer conhecer o país, acha que a ideia disto ou daquilo é boa sem saber que é fundamental, apenas gabinetes e intriga, e também porque muita da ambição/sonho dos administrativos do norte é ir para Lisboa, para qualquer lugar. Nunca percebi, cada vez menos, as dificuldades de afirmação de uma região de 2 milhões e tal de habitantes, sem incluir a Galiza espanhola, não ter quase jornais próprios, canais de tv próprios e mais importante não ter sede de ir a correr para Lisboa, cidade bela.
Um exemplo: o ar enfadado daquele secretário de estado no programa que muda Portugal todas as segundas-feiras, aquele ar enfadado; ele está certo, todos os outros são parvos, não entendem, e aquele sistema de pagamentos de portagens é digno de... sei lá um office inglês, estão a imaginar Gervais a explica-lo? Triste sina. Será ele um predestinado? Predestinado a quê?
Ao norte, todo: o lema, a máxima de Unamuno: "primeiro a verdade depois a paz".
Que país é este?
3. Não simpatizo com ele, mas isso não interessa para aqui. Caderno principal do semanário expresso, dia 19/6/2010, página 32, texto de Ricardo Costa, último parágrafo:
"Sócrates, sem pensar e sem ninguém que o aconselhe, exige um pedido de desculpas! É bom que alguém lhe lembre que as escutas serão públicas em Outubro. E já agora, que se recorde como meia dúzia de jornalistas e políticos o puseram a ridículo em Junho do ano passado e levaram ao fim de um negócio escandaloso sem recorrerem a escutas. Bastou a verdade."
Fixemo-nos unicamente no que Ricardo Costa escreve, sem querer saber de mais nada, publica no semanário que tem atravessado os regimes e é director de informação da sic e mais não sei o quê, diz o que diz e ninguém diz nada. As palavras já têm pouco valor. Aquele segundo ponto do parágrafo... e o terceiro? Alguém se dá conta?
O genérico do aportuguesado Dartacão... mas em vez disso adapte-se pirilaus, pirilaus da burguesia portuguesa, pirilaus, pirilaus.
Já não via o expresso da meia noite, na sic-notícias, há milhões de anos mas a sexta-feira passada, 18/6, vi. E o que vi? Vi duas pessoas querer ir mais longe, mais insatisfeitos, Pedro Lomba e Eduardo Dâmaso e uma nova tia do regime, António Costa Pinto, lamentável. Quanto aos primeiros não me interessa/interessou a capelinha, barricada ou que quer que seja, só como se mostraram, e pareceu-me bem.
4. O mandatário para a juventude da campanha de Manuel Alegre é Jacinto lucas Pires, que há uns meses, num dos momentos mais quentes dos protestos e da contestação às políticas de Maria de Lurdes Rodrigues, Ministério da Educação, que começou com o princípio do fim da educação pública na república de Portugal, citou, fixe-se, o colunista e director do semanário Expresso Fernando Madrinha. Citou-o e pôs-se do lado dele, acho que o título do post era Feliz Beiriz, ou assim.
É a vida. Mulholand Drive? Brinca brincando.
Esta semana a ex-ministra da educação parola volta à capa do mesmo semanário que se colocou ao lado dela e surpresa das surpresas diz atenção atenção: "professores preferem ser todos iguais". É um regabofe, o ridículo em acção e ao vivo. Vai lançar um livro intitulado: "A Escola Pública Pode Fazer a Diferença". Atiramo-nos para o chão já ou mais daqui a um bocado?
Ganhe vergonha na cara.
5. Custa-me a entender que uma grande parte de cristãos católicos mais velhos sem hábitos de leitura, mais novos sem hábitos de leitura, cujos principais orientadores das suas vidas são muitas vezes as organizações católicas das suas freguesias, vilas ou cidades, tenha a opinião, negativa que tem sobre José Saramago e a sua obra literária.
E custa-me a entender, será mais uma das razões por que se diz que a instituição igreja é muito conservadora em relação a, quando depois em alguns momentos, muito tristes como este, a morte, depois se ouve em programas e debates membros da mesma que diz o que diz o que disse o observador romano do vaticano sobre Saramago e a sua obra e o que dizem outras pessoas da igreja quando lhes é solicitado que opine sobre o mesmo.
O que me leva foi porque ouvi o padre Carreira das Neves dizer o que disse na tv e depois saber/ver/ouvir leigos católicos cuja tolerância é menor em relação ao escritor e à sua obra, que ficam assim pró atónitos sem saberem o que dizer, e encavados, envergonhados.
Naturalmente que a responsabilidade também é da igreja, mas a esta é feita de Homens, e os Homens têm muitos defeitos, e muitas qualidades, mas..., sim há um mas, mais trabalho precisa-se, e não se colocar naquele sítio de quando ouvimos alguém criticar/dizer qualquer coisa e nós sabemos que não é assim mas que naquele momento nos interessa que seja nos calamos, oh, sim, sim.
6. Na segunda-feira passada quando cheguei a casa já depois da meia noite liguei a televisão e na rtp 1 mais uma vez decidia-se o futuro de Portugal naquele programa chamado prós e contras, agora era a vez do futebol português no mundial. Custou-me identificar António de Oliveira mas lá para o fim o homem lá disse que quando foi com ele decidiu que ia ser para cima dos adversário a todo o gás, assim é que era, e agora, por ele, devia ser assim. Comigo, disse ele, Comigo. Esqueceu-se de dizer, como muitas vezes nos esquecemos, que substitui o homem que estava a seu lado naquele programa quando este tinha feito um grande campeontao da Europa, na Holanda e Bélgica, e esqueceu-se, aí parecia o diabo a fugir da cruz, do segundo lugar no europeu realizado em Portugal edo quarto lugar no mundial realizado na Alemanha. Na Alemanha. Esqueceu-se de Scolari, naqueles minutos que vi, não ouvi o nome do brasileiro uma vez que fosse, vai ser como um fantasma, já é, e vai ser durante muito tempo. O nosso quinhão de mesquinhez mundial é das coisas mais parolas que temos oportunidade de dar ao mundo.
7. Os jogos de futebol e tudo o que os rodeia, ainda mais num mundial, são, também, um excelente exemplo para vermos como tudo tenta ser controlado e depois difundido: as análises logo a seguir aos jogos, mesmo durante o jogo, com os revisionistas em directo, a limpar ou a sujar, depois de um consenso difunda-se ou mata-se e esfola-se ou é muito bom.
Tal como nos debates na Assembleia da República, com membros do governo ou apenas deputados, digam o que disserem têm logo por debaixo da voz deles um corrector/revisonista a explicar o que foi dito minutos antes.
As pessoas acham que vêem e ouvem mas não, isto à vista de milhões de olhos. Imagine-se o que se passa nos gabinetes, cada vez mais pequenos e abafados, ai Kafka, Kafka.
8. Neste país começa a dar um jogo do mundial cujo comentador/relatador/revisionista em directo é um indivíduo que começou por falar cinco minutos na rádio num programa de merda que tentava incutir risos ao fim do dia de trabalho e que se limitava a ser uma espécie do homem que mordeu o cão programa de outro indivíduo que enfim mas que agora está ali a comentar/relatar jogos e o que interessa é isso mesmo ser assim ou em forma de assim, o`neill.
9. Casanova piou again cedo de mais, no seu texto da revista cujo papel devia era ser reciclado, as fotocópias que me entregam da mesma são, cedo de mais no seu texto sobre Don DeLillo. Escrever o que escreveste sobre Cosmópolis mostra que quem pode estar/andar enganado és tu e não DeLillo. Cedo, again.
Guillul canta, o profeta interpreta, esse é o seu dom.
Ricardo Quaresma é recebido com um estádio cheio de adeptos de futebol na Turquia, e fala com eles ao microfone; eles loucos.
A Teresa que está na África do Sul desde os doze anos diz que está sem palavras, que nem sabeo que dizer ou fazer e por aí assim porque alguns dos jogadores da selecção portuguesa de futebol lhe acenaram de dentro do autocarro à chegada deste ao estádio onde se ia realizar o jogo entre a selecção portuguesa e norte coreana.
Máximas? Frases curtas? Ditos? Aforismos? Porque é que precisamos de ti, e o que é que estás aqui a fazer? Queres te faça um desenho? Escusas de responder, aqui as perguntas são sempre retóricas.
10. Estou aqui e nem sei o que escrever sobre isto, como é possível? É mesmo sem palavras. Tão mau, tão mau, tão mau. Não é possível, pois não?
Que país é este?
posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 02, 2010