quinta-feira, maio 20, 2010
Taganrog, Anton Tchékhov: 150 anos 150 posts (10/150)
LMD, fotografia de telemóvel do livro citado, Maio, 2010
"Pavel tinha a superstição campónia do uniforme
e o facto de poder chegar a ver os filhos na farda
oficial dos professores ou na dos funcionários públicos
sorria-lhe quase tanto como vê-los ricos. Quando Alexandre,
depois de obter o diploma de matemática na Universidade de
Moscovo, conseguiu um lugar de funcionário aduaneiro em Taganrog,
Tchekov, ao escrever-lhe, em Maio de 1883, dizia: «O pai conta a
toda a gente que tu arranjaste um belo lugar. Quando se embriaga,
não fala senão no teu uniforme. Por favor, descreve-lhe o
uniforme que usas e não deixes ao menos de lhe falar na
maneira como és visto na catedral, no meio dos grandes
deste mundo». Quando, três anos depois, Ivan entrou
para o ensino, Tchekov escreveu a uma das suas
primas: «O pai está muito feliz: Ivan comprou
um boné com um tope e mandou fazer uma
sobrecasaca com reluzentes botões de metal».
Quatro anos mais tarde, ainda, quando Miguel,
ao concluir o curso de direito na Faculdade de Moscovo,
foi nomeado colector de impostos, Tchekov escrevia a Suvorine,
em Dezembro de 1890: «Miguel tem um uniforme de funcionário
público de sexta classe e amanhã vai fazer visitas fardado.
O pai olha para ele com lágrimas de admiração a brilharem-lhe nos olhos»."
David Magarshack (trad. João Gaspar Simões), Tchekov,
Editorial Aster, Lisboa, 1960.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, maio 20, 2010