terça-feira, janeiro 26, 2010
Ora, 11-19h30=08h30m.
Sabia que a partir daquela hora da manhã, daquele dia, que não tinha de se levantar, ia despertar, naturalmente. Moleskine pronto.
1º set:
Logo nos primeiros momentos do jogo Murray, qual poeta romancista futebolista basquetebolista, esconde muito bem a decisão de uma pancada até ao último último momento e Nadal que contava com a bola para um lado a viu passar por outro lado, espectador como nós.
Logo a seguir, estava 1-1, Nadal pede para visionar a decisão de um dos árbitros. Nesta altura do jogo, o que procura Nadal? Precipitou-se ou, muito hispânicamente, quer pôr em sentido o árbitro britânico? Esta nota é ela própria hispânica.
Quebram os serviços mutuamente nos segundos pontos.
Murray está a crescer e a asfixiar Nadal, como bem diz um dos comentadores do jogo no eurosport... até ao 5-2.
Murray deve ter visto o Suiça-Portugal ou o Angola-Mali e... ia-se dando mal. Relaxar tendo como adversário Nadal? Ia-se dando mal, 6-3, não parece mas ia, dentro do jogo é outra coisa.
Fly to Melbourn with...
[pequeno almoço, chã pão fresquinho compotas caseiras sumo de laranjas caseiras]
2º Set:
Ao 3-2 para Nadal, quebrando o serviço ao escocês, fogo de artifício, Australia day. Os comentadores dizem que o encontro se vai decidir em pequenos pormenores e por isso os dez minutos de luzes extraordinárias no skyline do eurosport ia ser uma das provas. Os comentadores do eurosport falam sempre muito e apressadamente, a não ser o do atletismo. Vamos ver, mas os dados do jogo não dizem isso ou, variando, é quase sempre em pormenores mais espessos.
Murray recupera, o set tem pontos maravilhosos, aquele lob, mas mostra também que a sorte, ou pequenos incidentes (bola na parte superior da tela a passar para o lado do espanhol e outra que cai a milímetros de uma das linhas defendidas pelo escocês), está do lado de Andy.
Todavia, Murray está mais forte, mais confiante, mais dominador, melhor. 7-6 com 7-2 para Murray.
2-0.
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3º Set:
1-0 para Murray. 15 x 15 no segundo jogo, Nadal interrompe e pede ao árbitro de cadeira o fisioterapeuta, ouve-se alguém gritar. Está mau, diz Nadal, desanimadíssimo e inconsolável. Samuel Úria: Não sou eu que sou baladeiro/ Vocês é que têm mel nos ouvidos/ Às vezes eu chego ensanguentado/ E elogiam-me o padrão dos vestidos.
Depois da massagem, 2-0 e 3-0. Murray dirige-se à cadeira para descanso e alimentação e Nadal diz-lhe que não consegue continuar, abraçam-se e termina o jogo.
Jim Courier, no fim e como entrevistador, estava chato.
Nunca vi Murray jogar tanto.
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Nota à parte, também ela tipicamente hispânica:
- as editoras espanholas deviam traduzir para espanhol a Ilíada, Homero, da Cotovia, traduzida por Frederico Lourenço; tenho para aqui alguns recortes de uns jornais espanhóis de quando Nadal chegou a número um a dizer que ele era inumano e coisas assim. Nadal não merecia aquele chauvinismo todo quando o próprio demonstrava/demonstra uma humildade absolutamente notável.
Quando se lêem os jornais espanhóis fica-se com a noção que em qualquer lado onde houver um espanhol a haver sucesso é quase todo motivado por ele, quase sempre exclusivamente. Espanha. Espanha.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, janeiro 26, 2010