sexta-feira, novembro 06, 2009
1. Só ainda não mandei um grande avé a Casanova porque ando a ler os seus dois últimos textos em fotocópias que me iam deixando na caixa do correio, semana a semana, até agora, e foi isso, assim, sim, pois, também.
E que dois grandes textos.
Mas antes, dizer só que não deixa de ser delicioso e irónico que aquele que coloca a fasquia da crítica e da recensão literária nos jornais e revistas portugueses na excelência não queira mostrar o rosto e assine com um pseudónimo.
Ao lado de outros que estão sempre de dedo no ar e em bicos de pés é um sopro de vida. Lobo Antunes dizia na entrevista a Lucas Coelho, de há duas semanas atrás, que a crítica devia ser outra coisa, Casanova já é essa outra coisa.
Dos textos que me meteram na caixa do correio aquele que quero destacar é o intitulado Um dos maiores etecéteras da actualidade, salvé! Avé.
a não demonstração estética, por parte do crítico, que justifica a aquisição da obra
a escassez do espaço é apontado como o principal motivo
2500 caracteres
universidade e os jornais e revistas: o crítico ideal deve tentar a síntese possível entre estes dois pólos: especulação especializada e opinião subjectiva
coerência
o talento crítico de Barthes conseguiu sobreviver à vasta imbecilidade que é o estruturalismo
evitar dizer coisas que poderiam ser ditas sobre qualquer outro livro é um bom começo
Em última instância, o talento encontra a sua própria consistência --não na insipidez militante ou na adesão fanática a uma constituição, mas na vivacidade, e na resistência ao banal
Casanova, ao contrário de outros que não tendo o seu talento mas se arvoram em talentosos e do meio e mais não fazem do que a figura de Mr. Bumble, eleva a qualidade, resiste ao banal e ao acomodamento e, ao contrário de ainda outros, não debita máximas estilo eu não me decepciono com os jornalistas porque não espero demasiado, uma vez que sei que toda aquela gente dormiu na mesma cama, teve a mesma condição.
O insuportável não é isso que diz mas o que se vê, 4 em 5.
Ainda bem que Casanova não sabe disto e não se acomoda. O esperar demasiado, expectativas, depende do onde se quer estar ou onde se está metido. O resto é conversa.
O segundo texto de Casanova, sobre o 2666, é excelente.
2. "não são segredo [os rituais maçónicos)", "Por tradição, a maçonaria não identifica os seus membros vivos, a não ser que o próprio aceite divulgar o seu nome", "uma ode à América, disse a revista Time", "organização de homens livres que se reúnem para discutir tudo", "honra e palavra", "a ignorância é o que ajuda o caos a crescer", "quem não partilha o conhecimento nunca deixará de ser medíocre", "a tolerância, o respeito pelo outro", "a maçonaria foi secreta enquanto era ilegal", depois a jornalista remata "Agora já não é.", "não são poucos, nem raros", "filantropo", jornalista: "também por lá passa a ideia de que não basta ser-se iniciado para se aceder ao conhecimento."
Estas citações são todas retiradas do texto da jornalista Isabel Coutinho (esta jornalista escreveu uma vez qualquer coisa como: quando o site da revista ler não é actualizado fico nervosa ou ansiosa) publicado no jornal público da passada sexta-feira, dia 30 de Outubro, a propósito do lançamento do último livro de aventuras de Dan Brown.
Dizer o quê sobre as citações acima expostas?
Dizer o quê sobre a existência de associações secretas, hoje, em democracia?
(Pessoas de todas as profissões e ocupações encontrarem-se em reuniões que só elas sabem onde para esquadrinharem um plano de acção, claro que filantrópico, para a sociedade onde estão inseridos e pretendem dominar? passa pela cabeça de alguém? passa.)
Todas as citações são para lá do medíocre e também contraditórias, a da liberdade dos seus membros então é de ir às lágrimas de gargalhada em gargalhada, onde podemos ir também quando se fala em aceder ao conhecimento, de filantropia e de honra e palavra, já me dói a barriga, pára.
Mas não passaria de uma risota se não fosse grave, muito grave, a existência destas e doutras associações secretas nos dia de hoje. Vou dizer devagar e depois repito: são elas as responsáveis, em grande parte, pelo atraso deste país.
Sim:
são elas as responsáveis, em grande parte, pelo atraso deste país.
São elas as mantenedoras e promotoras da mediocridade em quase todos os sectores da vida portuguesa. Nota-se isso tão bem.
Fidelio.
3. O quase jornal diário i num rosa choque cueca publicita "30 escândalos que marcaram Portugal", depois entra-se e já só são "Escândalos que marcaram a democracia", engana, mas adiante.
Quase diário e quase a passar ao lado de uma grande carreira também. Peguemos neste bom serviço de lembrar escândalos e de os dar também a conhecer e pensemos no que aconteceu em Inglaterra para aí em Maio deste ano, as notícias das escandalosas despesas pessoais com dinheiro do Estado pelos actuais e de há bem pouco tempo políticos ingleses, não me lembro já se também britânicos, não interessa.
Pergunta, aqui as perguntas são todas retóricas, ao i: queriam investigação melhor para fazer em Portugal?
4. Iii-ouu-aaii! Iii-ouu-aaii! Iii-ouu-aaii! Iii-ouu-aaii!
Iii-ouu-aaii! Iii-ouu-aaii! Iii-ouu-aaii! Iii-ouu-aaii!
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posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, novembro 06, 2009