A montanha mágica

segunda-feira, outubro 19, 2009

E NÃO ANDAM POR AÍ,

À NOSSA PROCURA?



"E por que não – disse para mim próprio - representar esta inaudita situação de um autor que se recusa a deixar viver algumas personagens, nadas vivas na sua fantasia, personagens que infusas de vida se não resignam a ser excluídas do mundo da arte? Elas já se destacaram de mim; vivem por conta própria; adquiriram voz e movimento; já se tornaram por elas mesmas, nessa luta pela vida que travaram comigo, personagens dramáticas, personagens que mexem e falam por si; já se vêem como tal; aprenderam a defender-se de mim; saberão também defender-se dos outros. Pois bem, deixemo-las ir aonde vão habitualmente as personagens dramáticas para terem vida: ao palco. E vejamos o que acontece.



Sem querer, sem saber, no tumulto da sua exaltação, cada uma delas, a fim de se defender das acusações da outra, exprime apaixonada e sofridamente o que tantos anos foi o tormento do meu espírito: o equívoco da compreensão mútua, irremediavelmente baseado na abstracção vazia das palavras; a personalidade múltipla de cada um consoante todas as possibilidades de ser que há em nós; e, enfim, o trágico conflito imanente entre a vida que se move e modifica e a forma que a fixa, imutável.

Duas destas personagens, sobretudo, o Pai e a Enteada, falam desta fixidez atroz e inelutável da sua forma, na qual ambas vêem exprimir-se para sempre, definitivamente, a sua essência: para uma o castigo, para a outra a vingança. E defendem-na contra os esgares factícios e a versatilidade inconsciente dos actores, procurando impô-la ao vulgar Director da companhia que a queria alterar de forma a daptá-la às exigências do teatro.



O facto é que a peça foi verdadeiramente concebida como uma revelação espontânea da minha imaginação, num desses momentos em que, como por prodígio, todos os elementos do espírito se correspondem e trabalham em divino acordo. Nenhum cérebro humano, trabalhando a frio, por mais que se esforçasse, teria conseguido penetrar e satisfazer todas as exigências da sua forma. Deste modo, as razões que vou aduzir para esclarecer esses valores não devem ser entendidas como intenções que presidiram à elaboração desta peça e que vou agora defender, mas tão somente como descobertas que, mais tarde, de espírito repousado, pude fazer."



SEIS PERSONAGENS
À PROCURA DE AUTOR
ARTISTAS UNIDOS
SET ~ OUT O9

posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, outubro 19, 2009

Powered by Blogger Site Meter

Blogue de Luís Dias
amontanhamagica@hotmail.com
A montanha mágica YouTube




vídeos cá do sítio publicados no site do NME

Ilusões Perdidas//A Divina Comédia

Btn_brn_30x30

Google Art Project

Assírio & Alvim
Livrarias Assírio & Alvim - NOVO
Pedra Angular Facebook
blog da Cotovia
Averno
Livros &etc
Relógio D`Água Editores
porta 33
A Phala
Papeles Perdidos
O Café dos Loucos
The Ressabiator

António Reis
Ainda não começámos a pensar
As Aranhas
Foco
Lumière
dias felizes
umblogsobrekleist
there`s only 1 alice
menina limão
O Melhor Amigo
Hospedaria Camões
Bartleby Bar
Rua das Pretas
The Heart is a Lonely Hunter
primeira hora da manhã
Ouriquense
contra mundum
Os Filmes da Minha Vida
Poesia Incompleta
Livraria Letra Livre
Kino Slang
sempre em marcha
Pedro Costa
Artistas Unidos
Teatro da Cornucópia


Abrupto
Manuel António Pina
portadaloja
Dragoscópio
Rui Tavares
31 da Armada

Discos com Sono
Voz do Deserto
Ainda não está escuro
Provas de Contacto
O Inventor
Ribeira das Naus
Vidro Azul
Sound + Vision
The Rest Is Noise
Unquiet Thoughts


Espaço Llansol
Bragança de Miranda
Blogue do Centro Nacional de Cultura
Blogue Jornal de Letras
Atlântico-Sul
letra corrida
Letra de Forma
Revista Coelacanto


A Causa Foi Modificada
Almocreve das Petas
A natureza do mal
Arrastão
A Terceira Noite
Bomba Inteligente
O Senhor Comentador
Blogue dos Cafés
cinco dias
João Pereira Coutinho
jugular
Linha dos Nodos
Manchas
Life is Life
Mood Swing
Os homens da minha vida
O signo do dragão
O Vermelho e o Negro
Pastoral Portuguesa
Poesia & Lda.
Vidro Duplo
Quatro Caminhos
vontade indómita
.....
Arts & Letters Daily
Classica Digitalia
biblioteca nacional digital
Project Gutenberg
Believer
Colóquio/Letras
Cabinet
First Things
The Atlantic
El Paso Times
La Repubblica
BBC News
Telegraph.co.uk
Estadão
Folha de S. Paulo
Harper`s Magazine
The Independent
The Nation
The New Republic
The New York Review of Books
London Review of Books
Prospect
The Spectator
Transfuge
Salon
The Times Literary...
The New Criterion
The Paris Review
Vanity Fair
Cahiers du cinéma
UBUWEB::Sound
all music guide
Pitchfork
Wire
Flannery O'Connor
Bill Viola
Ficções

Destaques: Tomas Tranströmer e de Kooning
e Brancusi-Serra e Tom Waits e Ruy Belo e
Andrei Tarkovski e What Heaven Looks Like: Part 1
e What Heaven Looks Like: Part 2
e Enda Walsh e Jean Genet e Frank Gehry's first skyscraper e Radiohead and Massive Attack play at Occupy London Christmas party - video e What Heaven Looks Like: Part 3 e
And I love Life and fear not Death—Because I’ve lived—But never as now—these days! Good Night—I’m with you. e
What Heaven Looks Like: Part 4 e Krapp's Last Tape (2006) A rare chance to see the sell out performance of Samuel Beckett's critically acclaimed play, starring Nobel Laureate Harold Pinter via entrada como last tapes outrora dias felizes e agora MALONE meurt________

São horas, Senhor. O Verão alongou-se muito.
Pousa sobre os relógios de sol as tuas sombras
E larga os ventos por sobre as campinas.


Old Ideas

Past