quinta-feira, agosto 06, 2009
um destes dias comprei uma revista de viagens, por 3,80 euros, porque ofereciam, logo ali, o Dead Man, de Jim Jarmusch, Homem Morto, em português
Só num deserto de suplementos literários, suplemento, de jornais é que o ípsilon continua a ser legível, exceptuando-se o que por lá escrevem três ou quatro pessoas, que é o motivo pelo qual o continuo a folhear e a ler, e três ou quatro já é muito bom, dirão, parece.
A começar pelas capas, que têm sido de uma miséria, ai, aquela de Chico Buarque cheirou a trintona a mandar que a capa seja assim e mais nada. Esta semana tantas capas possíveis, apenas em dois filmes tão grandes. Quase a passar ao lado de uma obra prima de Jarmusch... O filme às voltas dentro da cabeça, deixou-me siderado.
São esses dois filmes que aqui me trazem, para dizer que Luís Miguel Oliveira, mais uma vez, nos brinda com dois excelentes textos. É preciso agradecer, e agradeço, obrigado, a crítica teve utilidade para si? Sim Não. Sim.
Importo, no entanto, de outro blog, convidado do público, de rerum natura, esta prosa
"Enviar um comentário
1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome.
2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem manda bocas.
3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias."
para poder fazer um comentário à conversa que Luís Miguel Oliveira teve com James Gray: a dado passo da pergunta e da resposta:
"Falou em traços autobiográficos. Uma coisa que "Duplo Amor" transporta dos seus outros filmes é a ambientação entre as comunidades emigrantes de Nova Iorque, especialmente a russa. Livrou-se da Máfia, que é sempre uma óptima figura de estilo para falar deste tipo de mundos de identidade muito vincada, mas continua a fazer o retrato de uma cultura muito particular. Até que ponto isto é uma coisa pessoal?
É totalmente pessoal. É a minha origem. Sou neto de russos que emigraram para a América. Cresci em ambientes parecidos com os dos meus filmes, conheço muitos dos lugares onde filmo como a palma da minha mão. Tenho um relação profunda com estas comunidades fechadas, onde o espírito familiar se confunde com a preservação de uma identidade cultural e conduz a uma espécie de insularidade. É o mundo de onde venho."
Acho que Gray não continua a fazer um retrato de uma cultura muito particular, claro que sim, mas não é esse o ponto, ele continua é a contar histórias universais, dentro da sua cultura, o.k., mas o que se deve destacar é a sua universalidade, a sua intemporalidade, é disso que se faz uma obra prima, entre outras coisas, que possamos dizer que ele conta a nossa história, que nos vejamos lá a nós, como bem sabe LMO.
Não me esqueço que no ano em que Colisão ganhou o oscar de melhor filme estava a ouvir rádio, antena 3, e lá alguém disse que aquela história só podia ser contada e filmada em LA, o que estou em desacordo profundo, pelas mesmas razões também.
E sobre Os Limites do Controlo, obrigado outra vez.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, agosto 06, 2009