A montanha mágica

sexta-feira, agosto 07, 2009

If you ever go to Houston (7)







Mikael Larsson, I know what you´re thinking. Neon letters. 12×180cm.2009



1. Tantas e tantas conversas, sobre se será melhor ter condutores de táxi licenciados ou não, desfeitas num ápice, em meia dúzia de frases, tão fácil e tão comovedor. Dizem nada, ou melhor: dizem muito, dizem aquilo que pedro adão e silva já tinha dito na sic-notícias acerca do desempenho das funções sr. governador do banco de Portugal; rapidez de decisão e, sobretudo, pragmatismo. O mais importante não interessa.
Se interessasse a pergunta seria a de Bolaño: "o jovem envelhecido sou eu?" ou "isto tem solução?"

2. Assisti, num destes dias, ao lançamento de um livro em que um dos oradores convidados, dirigindo-se para a assistência, se perguntava, nos perguntava, retoricamente, por que é que Portugal era o que era e não era outra coisa? Porquê? Se tinha tudo para o ser. E ele que trabalhando algures na Europa quando cá vem, quase todos os fins de semana, cada vez mais ficava admirado por Portugal ser o que é. Por que é que não dá o salto? Porquê?
Já estava tão enfastiado com aquilo que estive vai não vai quase a responder-lhe sem o deixar acabar de falar, mas não o fiz. Já sei. A resposta é simples e todos a sabem, só que a vidinha é muito mais importante. E a retórica há-de continuar.

3. Há um artigo em que António Manuel Hespanha, ancorando-se em Karl Popper e em Thomas Kuhn, sobre e na mudança de paradigmas científicos, escreve sobre a Históra enquanto Ciência.
E lá pelo meio, a título de exemplo, reflecte sobre se a História se deve vender ou não e como e com que efeitos, dando como exemplo José Hermano Saraiva, claro está.
Isto para chegar à crónica "Distinção e distância", de Rui Tavares, no público do dia 5de Agosto de 2009, onde o autor discorre sobre o termo elite, e as elites portuguesas.
Rui Tavares é infeliz em quase todo o texto, não se pede que venda a História mas que, ao menos, nos dê uns laivos da mesma, assim para o muito condensado. Digo: falar de elites portuguesas sem referir o mau serviço que, neste campo, o Marquês de Pombal prestou a Portugal: déspota esclarecido (Londres, Londres) perseguiu quem lhe podia fazer concorrência no poder, pensando apenas na sua carreira, uma vez que D. José estava dominado: a perseguição/tortura/morte de famílias nobres, a perseguição/expulsão dos jesuítas, a real mesa censória... Foi há 250 anos, acha possível não falar destes factos e vir falar de elites portuguesas?
E como exemplo vai buscar José Saramago para explicar a quadratura do círculo, para estarmos, os portugueses, ao nível das elites mundiais. Aqui Tavares rendeu-se à televisão. Não é preciso nenhum prémio, toda a gente sabe, menos aqueles que querem palco, se existe, aqueles que façam o que fizerem estão sempre de megafone na mão a dizer: vejam agora o meu mortal à rectaguarda, agora a minha pirueta, e logo a seguir a minha dupla pirueta com mortal à rectaguarda, meu, minha, meus minhas.
O maior poeta do mundo é português e não aparece, a elite internacional?
A resposta à sua pergunta é a mesma que ao ponto 2 deste texto e ainda ao ponto 1 do mesmo.


posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, agosto 07, 2009

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