sexta-feira, julho 24, 2009
1. Espantosa é a admiração que grassa pelo país fora em relação ao aluno que transitou de ano, não de ciclo, com nove níveis inferiores a 3 (três).
Espantosa não foi a admiração em relação ao número de disciplinas que os alunos têm hoje em cada ano lectivo desde o início do segundo ciclo (5º e 6º anos) até ao final do terceiro (7º, 8º e 9º anos).
Good morning, Vietnam.
2. A publicidade do jornal público ao dvd de Leonard Cohen que vai para as bancas no dia 28/7/ "Um filme surpreendente. Mesmo na parte em que Rufus Wainwright canta a centésima quinta versão do Hellelujah" é manifestamente bárbaro, vale tudo, a nossa exigência está muito baixa, o dinheiro vale nada.
3. José Saramago, toda a vida comunista ortodoxo, apoiante de António Costa nas próximas eleições autárquicas --incrível, a desfaçatez, o desplante, a total falta de vergonha, o grau zero-- a dizer "para o bem e para o mal, não pareço ter mudado muito de ideias em quarenta anos. Sinceramente, não sei se me deverei felicitar ou corrigir."
Pena que Houellebecq não escreva um romance onde Saramago apareça como personagem.
4. Acerca da crónica Conflito e conteúdo, de Rui Tavares, do dia 22/7, no jornal Público: não é querer muito uma coisa (um lugar, uma conversa, uma fotografia, um autógrafo, um cumprimento num dado momento: desde a festa de anos, a um casamento à fila no primeiro dia de ministro ou de director ou...) apenas porque sim, mas antes se deseja mais, ou não, quando muitas pessoas a querem; onde está um holofote há sempre quem queira lá estar perto, é da natureza humana e por isso é também da História, como bem sabe.
Outra coisa é ser político, ninguém precisa de dizer em campanha eleitoral que é melhor que ganhe o outro ou que não se importa que ganhe o adversário.
O que é preciso esperar é que essa pessoa não se candidate nem se recandidate e o diga ao partido, ou, ainda melhor, o próprio partido sem medo de perder poder ou o poder afaste essa pessoa, que por lá querer estar, fincar pé, o arrasta inevitavemente.
Claro que estamos a falar de poder e de acção política, ética? realpolitik? presidente da junta?
Clístenes. Péricles. Aristóteles. Urge lá voltar.
O que escreveu, caro Rui Tavares, é conjuntural, precisamos do estrutural.
Napoleão dizia que não conseguia reflectir nem tomar decisões debaixo de um tecto, que tomou as suas principais decisões caminhando debaixo das estrelas, da lua, do sol ou das nuvens.
posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 24, 2009