terça-feira, julho 14, 2009
1. Um destes dias porque quis embora aquela preguiça me condicionasse muito aquela mantive-me atrás de um carro que levava uma bicicleta em cima no capot, isto na autoestrada, e fui olhando olhando sem nada ver até que me passou à frente dos olhos que aquela bicicleta em cima daquele carro...
2. Num dia do meio da semana passada Mário Crespo convidou para o seu espaço de dar notícias e também de debate na sic-notícias Pedro Adão e Silva e a certa altura perguntou-lhe, ao jovem politólogo, que naquela posição tão grave parecia atrapalhado, até a voz lhe parecia mais difícil, perguntou-lhe o que é que ele achava do relatório da comissão de inquérito sobre o BPN e sobre o desempenho do sr. governador do banco de Portugal, Adão e Silva disse aquilo que contraria tudo o que possivelmente quis dizer quando disse que a política portuguesa precisa de uma revolução espiritual, a ver pelo exemplo que já deu na tv ele e outros colegas como ele a história das mentalidades em Portugal continuará a ser uma final de Wimbledon de 2008 ou, embora mais fraquinha, de 2009. Foi triste ouvi-lo dizer o que disse, e trágico.
3. Da cidade do conhecimento escreveu a semana passada no jornal público o ideólogo e intelectual, Vital Moreira, a quem nunca percebi o reconhecimento, que "não existe nenhuma resposta plenamente satisfatória para as limitações estruturais da democracia representativa"
vou repetir
"não existe nenhuma resposta plenamente satisfatória para as limitações estruturais da democracia representativa"
, mais: "são de acolher sem dúvida todas as medidas susceptíveis de melhorar a qualidade da democracia e de atenuar os factores que fazem da generalidade das democracias liberais contemporâneas ´democracias de baixa intensidade`. Todavia, não pode esquecer-se que entre os prinicipais factores para o desencanto social com a democracia representativa contam-se o défice de desempenho na resposta aos problemas das sociedades contemporâneas (insegurança, fraco crescimento económico, desemprego, saúde, alterações climáticas, etc.) e a instabilidade política e governativa."
Cheira a Fukuyama, serôdio.
Juro que nunca li mais do que meia dúzia de linhas e juro que nunca ouvi mais do que um ou dois minutos, uma ideia, vá, do que tinha para dizer quer na rádio quer na tv. Mas a semana passada... deve ter sido pelo parágrafo destacado.
É muito mau o que Vital Moreira escreveu e a resposta até podia estar na tal "revolução espiritual" de Adão e Silva, mas depois vai-se a ver e dá no que dá, mas dou duas pistas:
a) enquanto se fizerem relatórios assim da comissão de inquérito ao BPN
e
b) se achar o que se achou do desempenho do sr. governador do banco de Portugal
não melhorarão as democracias.
Só são duas pistas, para a próxima há mais, muitas mais, há tantas.
Ainda antes de me ir embora, por exemplo, aquilo que Maalouf referiu ao Público, partindo de Dostoiévski: "somos todos uma nação, e não podemos resolver problemas se não nos virmos assim: uma nação com muitas culturas. Quando começarmos a pensar dessa forma, entramos no que chamo o verdadeiro princípio da história."
4. que aquela bicicleta em cima daquele carro não levava os pedais presos e as rodas iam rodando.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 14, 2009