A montanha mágica

terça-feira, julho 07, 2009

If you ever go to Houston (3)





Jenny Holzer, "MONUMENT", 2008.



Por que é que ele/ela disse isto aqui, por que é que ele/ela disse isto ali, por que é que quando o interesse está a aumentar tem de acabar, por que é que quando se está quase a chegar a um dos possíveis núcleos da questão já não há mais tempo, por que é que algumas/bastantes pessoas que exercem jornalismo em Portugal e se dão a ler ou a ouvir diária ou semanalmente têm vergonha de pedir aos seus entrevistados para lhes explicar o que querem dizer com isto ou aquilo, porque não sabem, não vêem, ou nunca pensaram nisso, disso têm todo o direito, e por terem essa vergonha mudam de conversa como que abandonando uma personagem algures numa história fazendo lembrar as seis personagens à procura de autor, no fundo, no fundo, algumas das pessoas que exercem jornalismo em Portugal são é muito criativas, Pirandello, Pirandello.

Podemos achar as perguntas, as observações, as chamadas de atenção etc., melhores ou piores, de mais bom gosto ou de menos bom gosto, mais acertadas ou menos acertadas, mais justas ou menos justas, não interessa, interessa mas para aqui agora não interessa, depende da cada um, mas o que interessa ou o que pode intressar é o seguinte, vejamos os dois exemplos que mais me chamaram a atenção nestes últimos quinze dias:

1) na entrevista a José Tolentino Mendonça, Única do dia 27 de Junho:

- a certa altura da conversa as jornalistas perguntam: "Quem o marcou?"

resposta: "Não só os grandes mestres católicos mas também Bernanos, Graham Green, Robert Bresson. Interessa-me uma certa insubmissão e um discurso contra-corrente, culturalmente novo. Por exemplo, Pasolini foi a certa altura muito importante. Neste sentido sou um libertário."

Acrescenta a jornalista, abrindo a discussão: "Pasolini não seria muito aconselhável..."

resposta: "Ou seria muito aconselhável."

veja-se o que a jornalista diz a seguir: "Disse que a sua vocação foi ´inconsequente e imprudente, uma coisa de juventude`."

?!
Pa-so-li-ni?
Pasoli-ni?
Pasolini?
Pa-so-li-ni?


2) na entrevista a Vasco Pulido Valente para a revista Ler, que li numas fotocópias que me meteram na caixa do correio:

- à observação de Carlos Vaz Marques, o entrevistador/conversador entertainer do regime literário hola/caras/vip:

"Isto vinha a propósito de ter desistido de escrever uma biografia do Eça de Queirós."

O Professor Doutor Vasco Pulido Valente responde:

"Achei que se tivesse menos 10 anos, se pudesse ler toda a interminável bibliografia dele, procurar os precedentes disto, valia a pena negar a ortodoxia interpretativa do Eça. Sem uma investigação bibliográfica que me levava cinco ou seis anos --ou mais... E isto não é o único ponto. Se ler a esta luz [o ateísmo de Eça, que Pulido Valente explica momentos antes] O Mandarim ou a A Relíquia, dois dos grandes livros dele, concordará que é difícil inverter as ideias comuns sobre isso. Já para não falar de Os Maias, que é um assunto ainda mais complicado."

e a pergunta seguinte qual é?

"O que é que mais lhe interessa no Eça de Queirós: a capacidade de criar um mundo próprio ou a capacidade de observação do mundo em que viveu?"

Ora, ora. Gerou-se aqui mais um personagem à procura de autor: a personagem a perguntar por que é que n`Os Maias "é um assunto ainda mais complicado"? Se alguém a vir ou a ouvir bater à porta falem com ela.

Onde Vaz Marques já não deu origem a nova personagem foi quando:

pergunta: "No caso português, para além do Oliveira Martins, encontra mais algum escritor maior da História?"

resposta: "Não. Mas, apesar de tudo, não estamos sozinhos no mundo. Há mais mundo para lá da História portuguesa. Há o Tocqueville, há o Michelet, há o Taine. Há muita gente. Há o Gibbon, para começar. Há grandes historiadores que foram grandes escritores. Também aí, eu sou uma personagem menor.

pergunta: "Sente que passou ao lado de alguma coisa, que podia ter sido uma personagem maior?"

resposta: "Por amor de Deus, isso é uma pergunta extraordinária. Se eu fosse capado e rico é possível que tivesse escrito melhor História.

pergunta: "Capado, porquê?"


ponto final parágrafo.

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 07, 2009

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