A montanha mágica

sábado, julho 04, 2009

If you ever go to Houston (2)






Num dia à noite fim de tarde da semana passada o director da PT Zeinal Bava foi convidado a dar uma grande entrevista na rtp 1, um desses canais que dá e tem o que de melhor há no mundo, da televisão, com o objectivo principal de esclarecer se a empresa que dirige estaria ou não interessada no canal de televisão TVI, e se estava e se pretendia comprá-lo como é que era possível o governo português não o saber, pela voz maior do chefe do governo da república portuguesa.

Sobre o que Zeinal disse não há nada a dizer porque não disse nada, sorry, disse sim: que a PT está interessada em conteúdos e que quer dar aos seus clientes o que de melhor há nas televisões por esse mundo fora, disse-o uma, duas, três, quatro, cinco, seis, mais de seis, seguramente; só os U2, veja, conseguem melhor, para a estação espacial internacional.

Claro que foi assunto para fala daqui fala dali falando.

De alguma coisa do que foi dito duas alíneas:

a) Cintra Torres, que acha que tem quase sempre razão, com aquele ar enfadado, quase quase a chegar a Nuno Rogeiro, só lhe falta publicamente não olhar para os seus interlocutores, foi quem mais perto esteve das conclusões mais acertadas, sobre o que disse Bava:

"Zeinal Bava também disse à RTP1 que as responsabilidades da PT são para com as bolsas de Lisboa e Nova Iorque, onde está cotada, e que não dispor de conteúdos é um ´colete de forças`. Pois, mas a PT, além de Lisboa e Nova Iorque, também está cotada em S. Bento e o ´colete de forças` é a golden share. Não é razoável Bava resumir a compra da Média Capital a um negócio económico quando ele era, para Portugal, para os portugueses, um negócio político." Até aqui chega.

O brilhante profissional que Zeinal pode ser não o deve levar a julgar que à sua volta é só paisagem: passou a entrevista a falar na bolsa de nova iorque e de conteúdos e a dizer que é para isso que trabalha e que é para isso que olha como se nada mais existisse, haja ou não consequências e não interessa que sejam assim ou assado? Terá sido assim que os seus colegas das bolsas de todo o mundo, vá lá, actuaram e pensaram e nos fizeram chegar até aqui, crise mais crise mais crise? Este homem repetiu insaciavelmente esta receita: só economia, só negócio, só economia, só negócio.

b) é isto que o director do jornal quase diário i não percebe quando escreveu o que escreveu no editorial do dia... Sábado e Domingo, 27/28 Junho, número 45, e o intitulou "O que se passou realmente na PT". O que se passou passou-lhe a si ao lado, não conseguiu ver mas diz que viu tudo. Comece por experimentar uma pirâmide de valores, que vale o que vale, mas comece por aí.

Obama, Obama, Obama, e não se aprende nada.

Para terminar mais uma alínea:

c) Rui Tavares e José Manuel Fernandes pegaram-se, e o peso, senhores, que Rui Tavares já carrega, tão pesado, tão pesado. Adiante. Uma das razões da pega é também quem viu primeiro a crise, e ambos viram muito tarde, já há dez anos, repito, e já o escrevi aqui (momento burn after reading), já há dez anos, 10, se estava a ver para onde se caminhava, mas... enfim. Alguns indicadores de há 10 anos a esta parte que se foram acumulando porque não se foram resolvendo, ninguém queria ver, isto por aqui na nossa terrinha, da soleira da nossa porta:

1) lojas de comércio com pessoas a mais lá dentro a servir poucos clientes;

2) lojas comerciais onde não entrava um cliente durante um dia inteiro;

3) o número de automóveis per capita;

4) e quando o petróleo subir?;

5) o preço das casas e haver compradores para elas: 125, 150, 150, 200, 250, 300, mil euros?;

6) os parques dos hipermercados sempre cheios de carros;

7) os lucros dos bancos.

É preciso levantar a cabeça, os da filosofia costumam dizer que os historiadores são os coscuvilheiros da coisa e ... não está mal, não está mal.

Pode-se dizer falar falar falar mas o que há também a mudar, como sempre, é a mentalidade, a predisposição para isto ou para aquilo, para visões abrangentes e gerais, e não de realpolitik, só especializações havia de dar no que está a dar.
E aquilo que se ouviu da boca de um dos mais prestigiados executivos na grande entrevista é mais do mesmo.

posted by Luís Miguel Dias sábado, julho 04, 2009

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