quarta-feira, julho 29, 2009
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Amanhã, Fundação Calouste Gulbenkian - Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão.
A apresentação será feita por Suhail Malik, director de departamento de Pós-graduação "Fine Arts Critical Studies" Goldsmith`s College.
O livro, contém textos de Doris von Drathen, Suhail Malik, Angelo Capasso e uma entrevista de Paulo Pires do Vale à criadora.
Da entrevista:
"PPV: Costumas indicar a referência evangélica à passagem de Cristo na casa de Marta e de Maria para explicar o teu nome (Marta Maria Bastos Wengorovius). Parece-te também fazer sentido essa referência para ajudar a compreender esta exposição: a acção e a contemplação? Alguma delas é «a melhor parte»?
MW: A acção e a contemplação são um pouco como a consciência da pele; quando olhamos para a pele pensamos que a pele corresponde a alguma coisa que não se mexe mas, no entanto, o que se passa é que o movimento desta é imperceptível para os olhos mas não para o tacto. Quero dizer assim também a contemplação não é a coisa parada e a acção a coisa que mexe."
De Malik:
"A arte-uso de Wengorovius sugere pelo menos isto: que o exercício da imaginação não só é travado pelo objecto mas também é libertado por ele, e que, a uma micro escala, esta libertação é uma exigência de repensar simultaneamente a naturalidade da nossa atenção aos objectos, a subordinação da imaginação à compreensão desse objecto, e as formas possíveis de sociabilidade que são ocasionadas por esta exigência sobre a nossa atenção. A atenção sobre a atenção requerida pelos objectos performativos da arte de Wengorovius pede-nos que reflictamos sobre o facto de a atenção não ser um acto solipsista acessível apenas ao filósofo solitário orientado para as verdades racionais da ordenação cognitiva, mas um acto convivial no qual podemos apenas verificar-nos a nós próprios e à força da nossa relação com objectos por meio da verificação social das pequenas libertações da imaginação. Nisto existe uma exigência revolucionária, mesmo sendo proposta de modo necessariamente silente na arte de Wengorovius por meio de brincalhonas confrontações de uma linha, de uma pequena acção numa cidade, de um teste à nossa posição perceptual, da nossa confusão em relação à lua. A exigência tem de ser silenciosa porque aqui, sem razão, não pode existir um objectivo a atingir, não pode haver uma certeza num futuro melhor, mas apenas uma prevaricação do que tem de ser, de outra forma, tomada como objectivo. Este desejo revolucionário, uma revolução social sem ordem, é ao que a arte de Wengorovius nos impele."
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, julho 29, 2009