A montanha mágica

quarta-feira, março 11, 2009

Tem andado muito de moto?

Fiz recentemente uma viagem de São Petersburgo a Moscovo. Durou cinco dias. Fomos do Ermitage até ao Museu Pushkin, para inaugurar uma exposição de 300 anos de arte americana. Foi uma viagem fantástica.

Quer dizer que ainda vive a 200 à hora…

Tento abrandar um pouco, mas é verdade que ainda ando de mota.

Este filme do Wim Wenders fala de um fotógrafo. Todos nos lembramos de si de câmara na mão no "Apocalypse now" e também faz muita fotografia…

Concordo com a visão do Wim. Gosto mesmo do digital. O filme, com a revelação química, com o qual todos crescemos, está a ser substituído pelo digital. A diferença é que com o digital parece que estamos a pintar com a luz. Imprimo as minhas próprias fotografias digitais e quando usava filme nunca me preocupei em revelá-las.

Além da fotografia, também já fez vários filmes como realizador.

Mas a fotografia e o cinema têm apenas uns 120 anos de vida. Recordo-me sempre do que o Henri Langlois dizia quando eu vivia em Paris e ia à Cinemateca. "Dennis", dizia-me ele, muito à francesa, "todos os pedaços de filme, mesmo que nos pareçam muito maus, têm de ser preservados para o futuro, como os quadros do Renascimento".

E gosta que lhe tirem fotografias?

Ao longo dos anos, fui-me habituando. E cada vez mais me identifico com os fotógrafos. Mesmo os paparazzi. Que maneira dura de ganhar a vida eles têm! Têm a minha simpatia, por isso, gosto de lhes agradar o mais possível. Mas não tenho fotos de mim penduradas em casa. Tenho é fotos de Andy Warhol, Jasper Johns, Rauschenberg e outros artistas que admiro. Para dizer a verdade, até tenho uma: o John Huston, o John Ford e eu na cama…

Como é que isso aconteceu?

Foi na altura do "Easy rider". Uma marca de uísque fez um anúncio com o John Huston e comigo, para mostrar que não havia nenhum problema geracional. Ganhei uma pipa de massa. O John Ford estava de cama e convidei o Huston para ir lá a casa e tirar uma fotografia. O John Ford estava a ver um jogo de basebol. Três meses depois, morreu.

De quem foi a ideia de tirar a foto na cama?

Foi mesmo dele. A mulher até o queria trazer numa cadeira de rodas para fora da casa, mas ele disse: "vocês não têm mesmo o sentido do drama, vamos é tirar a foto os três na cama!"

É verdade que comprou um quadro do Andy Warhol por 75 dólares (cerca de 70 euros)? Ainda o tem?

Não. Tenho quatro filhos, todos de mulheres diferentes. A minha primeira mulher ficou com todas as obras de arte que eu tinha coleccionado. Há ano e meio, estava em Paris, e vi que um quadro do Lichtenstein que eu tinha comprado por 1200 dólares (cerca de 1000 euros) tinha sido vendido por mais de 17 milhões de dólares (cerca de 15 milhões de euros).

O que levou do primeiro divórcio?

Um pontapé no rabo! Foi tudo o que levei.

Acha que a Hollywood de hoje ainda mantém algum desse espírito rebelde que você corporizou?

Quando tinha 18 anos, fiz o "Fúria de viver", com o James Dean. Mas acho que nem ele percebeu o que estava a fazer. Ele foi o primeiro beatnik. Apareceu ao mesmo tempo que Kerouac e Ginsberg. Mas o Dean e o Brando, de t-shirt e moto... Nessa altura, em Los Angeles, para se arranjar uma mesa no restaurante tinha de se andar de gravata ou de laço. Foram tempos de mudança. Comecei por ser boémio; depois, fui beatnik; a seguir, hippie, depois, já não sei o quê… As coisas estão sempre a mudar.

Então, e o que é hoje?

Hoje, sou um conservador. Não, só às vezes…

Como é que se deu com o Wim Wenders, que vem de um mundo completamente diferente do seu?

Já tínhamos trabalhado juntos, há 31 anos, em "O amigo americano". O Wenders continua o mesmo. É uma pessoa gentil e compreensiva. Sabe o que quer e continua a fazer filmes maravilhosos.

De certa forma, nos últimos anos, tem-se especializado em papéis de "mau da fita".

É verdade que a morte não tem lá muito boa reputação… Quando digo qualquer coisa sobre o "mau da fita" no filme, não estou a improvisar, já estava no guião. Mas talvez seja um comentário meu à minha própria carreira.

A maior parte dos actores diz que os vilões são sempre as personagens mais interessantes…

Na maior parte das vezes, sim. Mas a minha formação é em Shakespeare e, no grande bardo, as melhores personagens são quase todas incestuosas e assassinas.

Qual foi a personagem mais difícil de representar?

Acho que foi um filme produzido pelo Jeremy Thomas na Austrália, chamado "Mad dog Morgan". Levei o papel muito a sério, mas fizemos as coisas mais inacreditáveis. Bebi tanto que chegaram a considerar-me morto! É incrível como a Austrália ainda lá está…

posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, março 11, 2009

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