segunda-feira, novembro 17, 2008
Gosto desta capa, ainda não está em promoção, não dá lugar a frases tiradas de recensões apressadas e frouxas publicadas nos jornais, o que é bom, muito bom, ainda bem, muito bem. Sobre os contos, que não conheço, ainda não posso escolher uma ou outra citação mas fica aqui o que está na página oito, gosto de ter este livro nas mãos, mesmo.
"Lidamos o melhor que podemos com a nossa exposição ao mundo durante a vida, e recorremos a todos os expedientes necessários para sobreviver. No entanto, é evidente que, no fim de contas, o nosso conhecimento depende da relação viva entre aquilo que vemos à nossa volta e nós próprios. Se a exposição é essencial, ainda mais o é a reflexão. O discernimento não se alcança frequentemente no clique de um instante, como uma fotografia feliz, mas vem a seu tempo, mais lentamente, e apenas de dentro. O reconhecimento mais nítido é certamente aquele que surge marcado pela simpatia, tal como pelo choque --trata-se de uma forma de visão humana. E claro que isso é uma dádiva. Lutamos, enfrentando qualquer dor ou escuridão, movidos apenas pela esperança de a poder receber, e enfrentamos qualquer esforço, rezando para a manter. [Cedo descobri que] que tinha de procurar aquilo que precisava de descobrir sobre as pessoas e as suas vidas [...] escrevendo histórias. [Compreendi] que o meu desejo, na verdade, a minha contínua paixão, seria não apontar o dedo em julgamento, mas afastar uma cortina, aquela sombra invisível que cai entre as pessoas, o véu de indiferença perante a presença de cada um, a maravilha de cada um, a tribulação humana de cada um.
Eudora Welty
prefácio ao seu álbum de fotografias
One Time, One Place: A Snapshot Album (1971)"
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, novembro 17, 2008