quinta-feira, outubro 30, 2008
Alexandra Lucas Coelho com Maria Velho da Costa;
a certa altura da conversa que
"é uma discussão de há muito, se a Rússia é Europa, se aquilo não são já orientais"
a autora de Myra "Por amor de Deus! Não me diga uma coisa dessas. Não pode haver essa discussão. Quem era a grande vanguarda nas artes, na música, nos anos 20 na Europa? A Rússia. Na pintura, na música, no ballet. Os russos absorveram certos valores e certos interesses europeus e desenvolveram-nos com uma grandeza... Bem sei que estamos a falar de determinadas castas-classes.
Na Rússia sente-se a presença mongol, oriental, mas na Grécia também, na Turquia também. Aqui não se sente, mas devia sentir-se a presença africana. Havia milhares e milhares de negros aqui no século XIV. Para onde é que foram? Estão dentro de nós, geneticamente."
Malevitch
A Rússia de Hoje e o Homem de Sempre, de Leonardo Coimbra, seminal, ajuda a estender o que Velho da Costa diz, e a estabelecer um paradoxo; respondendo à pergunta "este livro será o quê? Acho que é mais contra o racismo. É ferrenhamente cosmopolita. Os melhores são todos da mesma pátria. Os piores também.
Quando a cabo-verdiana diz --depois daquele baile que gostei muito de fazer, quando as diferenças se diluem-- que ´não devia haver países nem nações`, é um pedaço de sabedoria."
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, outubro 30, 2008