terça-feira, setembro 30, 2008
"Como se pode ver, produziu um longo romance, e não uma novela. O que aconteceu?
OATES: No acto da escrita, como geralmente acontece, a «novela» adquiriu uma vida mais profunda, mais urgente, e também épica, transformando-se num romance extenso. «O que aconteceu» é o que normalmente acontece nestes casos. Blonde tem vários estilos, mas o predominante é o do realismo psicológico, e não o do registo efabulatório/surreal. O romance é uma narração póstuma feita pelo sujeito.
Depois de ter abandonado a forma de novela, engendrei uma forma «épica» com o propósito de criar espaço para lidar com as complexidades da vida. Era minha intenção apresentar um retrato feminino tão emblemático do seu tempo e lugar como Emma Bovary foi em relação ao dela. (Na verdade, Norma Jeane é mais complexa, e seguramente mais admirável, do que Emma Bovary.)"
in Joyce Carol Oates (Maria João Lourenço), A Fé de um Escritor Vida, Técnica, Arte, Casa das Letras, 2008.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, setembro 30, 2008