terça-feira, setembro 02, 2008
"- Nunca foi ao dentista, pois não?
- Não, é a minha primeira vez.
- Dá para ver. Deixe-me ver. Estou a ganhar mérito por fazer um check-up gratuito a um monge.
- Que mérito? Sou como qualquer outra pessoa. Gostava de ser uma pessoa normal. Mas há uma qualquer força misteriosa que tem influência sobre mim. Veste-me com roupas cor de açafrão que não consigo largar. Eu tinha o sonho de ser DJ, de ter uma loja de livros de banda desenhada. Ser DJ parecia engraçado. Ouvia um programa de rádio da cidade. Tocavam música pop.
- Ouve música americana?
- Sim, ouço música moderna.
- Eu queria pedir uma música, mas não tinha telefone. Por isso, enviei uma carta. E apresentei-me. O DJ respondeu-me e convidou-me para jantar. Ao jantar, convidou-me para ser DJ. Mas eu recusei. Não sei porquê. Sempre quis...
- Eu sou cantor. (...)"
in Síndromas e um Século de Apichatpong Weerasethakul
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, setembro 02, 2008