sexta-feira, agosto 01, 2008
Aqui para aí há dez anos rabisquei um texto, tenho-o ali num caderno, sobre os novos e futuros campos de concentração. E desabafei a ideia com alguém que não me chamou nem maluco nem tonto.
Reflectia por aqueles dias sobre a imigração ilegal (expressão detestável), via-os todos os dias muito cedo a entrarem em carrinhas que os levavam, e a trabalharem em calçada portuguesa, contratados por serviços públicos, ou sub-contratados (é não é?), desde as oito da matina até às vinte debaixo de um sol sufocante, e que às vezes, na rua, pediam para lhes carregarem os telemóveis uma vez que não tinham direito ao cartão de plástico, se não existiam... assentar paralelos, barragens, e à noite pediam meia dose para levar.
Ora, na altura chamei campos de concentração aos países desenvolvidos do mundo ocidental, mais ao Japão; àqueles países, continentes ou sub-continentes, onde já não se morre de fome nem de doenças das quais já não se devia morrer.
Nós, os habitantes desse mundo, estávamos num campo de concentração, ao contrário.
Hoje, continuamos a ler e a ver notícias sobre pessoas que se afogam no Mediterrâneo. Quantas por dia? Quem não tentaria?
Um dos holocaustos, hoje, passa por querer entrar nestes campos e não conseguir ou...
Li, um destes dias, que em Itália há filas obrigatórias para recolher as impressões digitais de imigrantes.
posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, agosto 01, 2008