sábado, julho 19, 2008
Quando ouvi falar a primeira vez no chip aquilo de que me lembrei imediatamente foi da história do Capitão Koons, no Pulp Fiction.
Diz o Capitão Koons ao puto, que o ouve sem pestanejar:
"- Este relógio que aqui vês foi comprado pelo teu bisavô durante a 1ª. Grande Guerra. Comprou-o num armazém em Knoxville, Tenesse. É da marca da primeira casa que fez relógios de pulso; até então as pessoas só andavam com relógios de bolso. Comprou-o o cabo Erine Coolidge, no dia em que partiu para Paris.
Foi o relógio do teu bisavô, que o usou durante todo o tempo que esteve na guerra. Depois de feito o seu dever, voltou para a tua bisavó, tirou o relógio e guardou-o numa lata de café, onde ele ficou, até o teu avô, Dane Coolidge, ser chamado pelo seu país para ir para a Europa combater outra vez os alemães. Desta vez chamaram-lhe 2ª. Guerra Mundial. O teu bisavô deu este relógio ao teu avô, como amuleto. Infelizmente, o Dane teve menos sorte que o pai dele; era fuzileiro e morreu juntamente com os outros em Wake Island.
O teu avô sabia que ia morrer, tinha a certeza, nenhum deles tinha ilusões de que sairia daquela ilha vivo. Portanto, três dias antes de os japoneses a tomarem, pediu a um artilheiro de um transporte da Força Aérea, um tal Winocki que nunca antes tinha visto, que entregasse ao filho bebé, --que ele nunca vira sem ser por fotografia-- o seu relógio de ouro.
Três dias depois estava morto, mas Winocki cumpriu a palavra. Quando a guerra acabou foi visitar a tua avó e entregou ao teu pai, ainda bebé, o relógio de ouro do pai.
Este relógio... ... ... que o teu pai tinha no pulso quando foi abatido sobre Hanoi. E capturado, e detido num campo vietnamita. Sabia que se os chinas vissem o relógio, lho confiscavam...Lho tiravam. E para o teu pai, este relógio pertencia-te por direito, e não ia deixar nunca que pusessem as patas no relógio do filho.
Por isso, escondeu-o no único sítio onde podia, dentro do cu. Durante cinco longos anos, andou com ele enfiado no cu. Depois, antes de morrer de desinteria, passou-mo. E eu tive-o escondido dentro do meu cu durante mais dois anos. Até que, ao fim de sete anos, me deixaram voltar para casa.
E agora... Rapazinho, entrego-te eu o relógio a ti."
Sem mais nem menos.
posted by Luís Miguel Dias sábado, julho 19, 2008