sábado, maio 31, 2008
ípsilon de 18 de Abril de 2008: Luís Miguel Oliveira sobre Zombies censurados, excerto:
"Onde há "zombies" há "discursos", talvez até "metáforas" (por vezes em excesso), ou seja recursos idiomáticos. Às vezes encontram-se pessoas que se espantam por "os críticos" levarem os "zombies" a sério -- podiam perguntar por que razão levam (ou levavam, quando os havia) os "cowboys" a sério, porque é a mesma coisa."
ípsilon de 25 de Abril de 2008:
"Maria José Oliveira: Incluiu versos do poeto argentino Roberto Juarroz num dos contos. Porque é que o fez?
Enrique Vila-Matas: Os versos explicam que não existe um vazio absoluto, que por trás de um vazio há sempre outro vazio. Mas estes versos têm uma história. Porque também aparecem num livro que teve muito sucesso em França e foi recentemente editado em Espanha, "O Teorema de Almodovar", de um autor chamado Antoni Casas Ros. Este livro é de um escritor que nunca ninguém viu porque ele tem o rosto desfigurado devido a um acidente. A sua história, aliás, é narrada no livro. Sabe-se que tem 37 anos, vive em Roma, tem nome e apelido catalães, gosta de livros de Roberto Bolãno e dos meus e não quer que ninguém lhe veja o rosto. Vive como se fosse um fantasma. Quando escrevi sobre este livro, num jornal, ele enviou-me um e-mail. Pensei: "O homem invisível escreveu-me". E foi impossível localizar o seu endereço electrónico.
Tudo o que está a contar podia ter saído de um livro escrito por si...
Temos mantido uma correspondência estranha. Às vezes não sei como despedir-me dele. Um abraço será algo muito afectivo e não sei que aspecto ele tem, não sei quem é. "
posted by Luís Miguel Dias sábado, maio 31, 2008