A montanha mágica

domingo, março 09, 2008

Another Brick in the Wall






Hey, teacher, leave those kids alone!



A Maria João Ruela perdeu ontem uma boa oportunidade de encostar a sr. ministra da educação às cordas, mais uma vez. Mas... Maria João Ruela também percebe pouco, investigou pouco, informou-se pouco. É pena.
Vejamos: a srª. ministra disse que nesta fase a avaliação dos professores apenas será aplicada a um universo de 7000 professores entre os 143 000.
Ora, este universo de 7000 será o universo que terá saído das universidades nos últimos 10 a 12 anos. São os professores contratados. Contratados. Que todos os anos são contratados para suprir vagas. É a lei da oferta e da procura. Entram 7000 e ainda ficam de fora 43 000 contratados. Até aqui ok? Siga.
Ora, a avaliação destes contratados, na qual me incluo, pode e deve ser vista como uma ratificação da nota atribuída pela universidade há muito pouco tempo. Nada nos programas mudou, infelizmente, quer a nível científico quer a nível pedagógico, isto é lindo, também não. Então por que raio se quer que um colega qualquer ratifique uma nota atribuída pela universidade num tão curto espaço de tempo? Faltas de noção de tempo da História. Disciplina maldita. Já viram que quem tutela o ministério é alguém formado numa disciplina, área ciêntífica, que mais não é do que uma área auxilair de disciplinas mais abrangentes como a Filosofia, a História, a Matemática, a Língua Portuguesa, Música etc, etc?
Mas voltemos à universidade, a um curso vocacionado para o ensino ministrado pelas nossas academias. Vou dar o meu exemplo mas adapta-se a muitos milhares, será quase o mesmo.
Fiz um curso numa área de ensino numa disciplina durante cinco anos. Durante os mesmos tive 4 anos, em simultâneo, de formação científica em História, pronto já disse, e em pedagogias. Muitas cadeiras. Muitas. No quinto ano fiz um estágio pedagógico durante um ano numa escola pública. Fui responsável por quatro turmas do ensino básico: duas do sétimo ano de escolaridade e duas do oitavo ano de escolaridade. Depois tive uma turma de regência do 11º ano, isto é, a esta turma leccionava eu uma semana, na seguinte um colega nas mesmas condições, na outra outro, nas mesmas condições, e depois voltávamos ao princípio. Durante todas as semanas do ano. Certo? Ok.
Durante o ano tivemos 3 orientadores/avaliadores que assistiam às nossas aulas: um orientador da escola onde estávamos a fazer o estágio e dois professores da universidade. Um da área científica e outra do Departamento de Pedagogia. Para aferirem de. No fim de quase todas as aulas tínhamos de nos auto e hetero-avaliar. Primeiro entre colegas e depois ouvir os conselhos, críticas e sugestões dos orientadores e dos colegas. Durante um ano.
Para além dos alunos que constituíam as turmas tínhamos cinco pessoas ao fundo da sala a ouvir e a reparar e a anotar tudo o que dizíamos ou fazíamos. E no fim conversas de auto e hetero-avaliação.



Ora, passados dez anos vou ser avaliado em e no quê? Somos nós, os contratados, as cobaias prestes a entrar na arena. Serve para o quê? Para saber se se é bom, mau ou assim assim? Da universidade pública onde fiz o curso só tenho a dizer bem. Muito bem. Encontrei dois mestres (acham pouco? no que me diz respeito, enquanto eu durar eles viverão), que me marcaram para a vida e sei que todas as notas que fui conseguindo foi porque trabalhei e me dediquei muito. Cheguei a uma cidade que não conhecia, longe de casa e dos amigos, como acontece a tantos milhares, e consegui arranjar calma, serenidade e rotina suficientes que me permitiram chegar e atingir os objectivos propostos. Mas podia não ter acontecido. E teria sido fácil não ter acontecido. Muito fácil. Fácil demais. Felizmente que não aconteceu.
Agora, neste momento, a cobaia já está a entrar na máquina. Sou contratado, sou dos que se move na linha ténue da oferta e da procura. Como muitos milhares.
Estão a ver, Júdite de Sousa, Maria João Ruela e Fátima Campos Ferreira? É fácil. Ir a uma escola durante uma semana e conversar para saber do que se há-de falar. Com quem quiser conversar com vocês.
A escolha de melhor professor do ano ou do mundo e arredores é a prova provada do que esta gente pensa e sabe sobre o assunto. Pague-se a alunos para irem para uma sala de aula em Julho ter uma aula de TIC. E fotografias muitas.
A maior parte, 95%, dos colegas que fui conhecendo nas escolas públicas, em dez anos, podiam muito bem ser professores no São João de Brito.





fotogramas do filme Pink Floyd's the Wall.


posted by Luís Miguel Dias domingo, março 09, 2008

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