A montanha mágica

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

três contra um




fotograma de Eyes Wide Shut de Stanley Kubrick



Já se adivinha: quando jogamos contra a Itália ou contra a França a derrota está à vista, é quase sempre assim, quase sempre, assim. Ontem não havia de ser diferente. Mas podia.
Hoje fiquei admirado, os elogiadores de serviço de Ricardo Quaresma mostraram-se cabisbaixos, calados. O homem até foi o melhor. E nada, ninguém lê nada. Se calhar já se cansaram de andar sempre a dizer o mesmo. Temos de ter paciência.
Ontem só vi a primeira parte, por questões de lazer. Ouvi, enquanto me deslocava, na rádio, tsf, os primeiros vinte minutos da segunda parte. E fiquei abismado, com o que ouvi. O bode expiatório era Ricardo, o da baliza, que procurava a partir dalí e em todos os lances, e a todo o custo, a redenção depois de ter sido considerado o culpado no primeiro golo dos italianos. Haja paciência.
Que fique desde já claro que qualquer jogador pode falhar um passe, deve, mesmo, que pode mesmo em cima da linha de golo conseguir atirar a bola por cima da trave, que não é por isso que deixa de ser um grande jogador ou simplesmente mediano ou mesmo fraco, com dois pés esquerdos. É muito mais normal do que parece, parece-me.
Quaresma parece um puto, pelas piores razões. Ele já devia saber utilizar a trivela. Não a devia usar sempre. Repito: não a devia utilizar sempre. Outra vez: não a devia usar sempre. Há momentos para tudo. Qualquer pessoa sabe que fazer um passe com o interior do pé é, na maior parte das vezes, muito mais seguro do que fazê-lo com a parte exterior do mesmo. Muito mais. Mesmo para os sobredotados do exterior do pé.
Ontem, no lance imediatamente anterior ao golo dos italianos, "um contra-ataque conduzido por Quaresma, quando estavam três portugueses para um defesa contrário, terminou com o adversário a recuperar a bola e a utilizar a mesma arma para inaugurar o marcador. Ouvia-se o triste fado português, com a Selecção Nacional a jogar bem, a criar oportunidades e o adversário a marcar." Que necessidade tinha Quaresma de fazer aquele passe de trivela? Responderão: porque o faz sempre, e se o faz sempre mais probabilidades tinha de o fazer bem feito. É uma hipótese. Penso o contrário. Naquele lance ele não podia nem o devia ter feito. É mais difícil controlar a qualidade do passe quando este é feito com o exterior do pé, e ainda mais quando são passes curtos. Se os mágicos fizessem sempre o mesmo truque às tantas estariam a fazê-los para ninguém.
O resultado foi que Ronaldo correu quase até à linha lateral, ou de fundo, para apanhar uma bola que lhe devia ter aparecido em posição frontal à baliza, ao guarda-redes italiano. Também podemos pensar na hipótese de Quaresma ter querido complicar a vida a Ronaldo para este fazer daquele lance perdido uma lance de génio, talvez ele quisesse ver isso.
É que depois quando entrei no carro os relatadores e revisonistas em directo só diziam que o Ricardo, o da baliza, tinha estado muito mal e tal, redenção e tal. Enfim. O futebol é um lugar estranho. Num treino de futebol qualquer treinador teria interrompido dezenas de vezes, se preciso fosse, para que aqueles três jogadores fizessem golo. E não seria nada meigo.
Mas o mais estranho foi que Grosso, o jogador italiano que cruzou para o golo, que se calhar nem consegue chutar de trivela, fez um passe normal para uma lance em que a bola acabou dentro da baliza portuguesa.
Gostei muita de expressão do jornalista "um contra-ataque conduzido por Quaresma, quando estavam três portugueses para um defesa contrário, terminou com o adversário a recuperar a bola e..."
Era bom que ele, Quaresma, visse muitas cassetes com imagens dos jogos de Leo. E eu que já vi mais três vezes imagens/resumo do jogo não vi mais nenhuma do lance dos três contra um.


posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, fevereiro 07, 2008

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