sábado, novembro 24, 2007
"Ao contrário de "O Homem Sem Passado" (que era uma "comédia", embora se possa pensar que no cinema de Kaurismaki a diferença entre uma comédia e um drama depende de pormenores minimais), "Luzes no Crepúsculo" é trágico e pessimista como um conto russo. Na primeira cena, o protagonista ouve a conversa de três tipos que descem a rua a falar sobre escritores russos. como se decidissem qual deles é o mais desesperado - Dostoievski, Gogol, e fixam-se em Pushkin, que (dizem eles) "mal nasceu já estava morto". É um aviso, um anúncio, para a personagem e para os espectadores? "Não tinha pensado nisso, mas é uma boa ideia. Escreva que sim. É um aviso."
(...)
O pessimismo de "Luzes no Crepúsculo" é reforçado pelo facto de Kaurismaki não conceder à sua personagem a benção de partir para outro lugar no fim. "Este estava demasiado ferido, demasiado espancado. Mas dei-lhe amor, isso não basta?" "
Excerto da conversa, entrevista, que Luís Miguel Oliveira teve com Aki Kaurismaki, no ípsilon de ontem.
posted by Luís Miguel Dias sábado, novembro 24, 2007