domingo, agosto 26, 2007
A bandeira vermelha
Lá fora uma bátega de água a lembrar os melhores dias do princípio do fim das férias grandes. A praia deserta, a rebentação desmedida, camisola de lã no corpo, a bandeira vermelha. Dentro de casa aquele calor das casas quentes em Agosto. Um livro aberto em cima de uma mesa junto a uma natureza morta. Tabaco, isqueiro, telemóvel, uns euros, um lápis, um cd, um jornal, uma revista, uma garrafa com água, um raio de luz.
Um sorriso nos lábios ao lembrar aquela troca de palavras entre Libânio e Prisco sobre o preço a cobrar por umas cópias: "Mando-te pelo meu pupilo Glaucon ligeiramente menos de metade das memórias do [_________________]. Custou-me exactamente trinta solidi de ouro a cópia desta metade. Contra recibo dos restantes cinquenta mandar-te-ei o resto do livro. Do que me dizes na tua carta, só posso concluir que o trabalho que mandaste fazer em Atenas, no Verão passado, foi obra dum admirador que te fez um preço especial como sinal da tua estima pelas tuas superiores contribuições à filosofia e à retórica." :)
Ligo a tv e na dois em vez de estar a dar um resumo do que foi o segundo dia dos campeonatos... mais do mesmo. A ministra da cultura quando abre a boca é cada tiro cada melro. Como todos os outros até chegar ao primeiro. Fale mais baixo, por favor. Com quem falará esta gente? Quem ouvirão? Terão noção? Parecem anestesiados. A realidade interessar-lhes-à? Klüft por exemplo. Dibaba? Era um começo.
Ligo o pc e abro a janela. A chuva parou. O céu pintado de uma cor que não sei se já existe ou se chegará a existir. Abro janelas.
A chuva voltou. Volto ao Apóstata. Setembro já não tarda.
posted by Luís Miguel Dias domingo, agosto 26, 2007