terça-feira, junho 27, 2006
Olá.
Decidi escrever sobre o jogo de ontem (não é bem assim mas...) quando ouvi e vi Rodrigo Guedes de Carvalho dizer no jornal da noite da sic que jogo assim só se lembrava do Portugal vs Inglaterra de 2004. Já volto cá.
Deixei de comprar jornais há muito tempo. Deixei de ler alguns blogues há muito tempo, mas de vez em quando passo por lá para ver o registo. Um dia destes comprei o diário de notícias e na parte dedicada ao mundial vi que havia pessoas a escrever sobre o mundial que... valha-nos Deus, valha-nos Deus. Mais uma vez constatei que há pessoas que não sabem dizer não. Simples. Não. Não. Não. Não. Não. "O quê, esta a convidar-me para escrever sobre futebol? Ai aceito, aceito, é um privilégio. Sim." Sim. Sim. Sim. Sim. "O que é que eles pensam, acham que não consigo dizer meia dúzia de balelas sem dizer nada? Julgam isso?"
O que Rodrigo Guedes de Carvalho disse foi mais uma baboseira, das muitas que temos podido ouvir. Mas, claro, e ainda bem, também não era possível o contrário, que todos nós podemos dizer o que nos vai no cérebro. Sim. Até a actual Ministra da Educação quando recebeu a chamada para ver se queria ser ministra disse que sim, ora. Também não saberá dizer não, "que não, não posso. Eu é mais universidade, desculpe, sr. Primeiro Ministro. Isso é que era bom. Não, não, não quero. Obrigadinha."
Tenho à volta de 30 anos, 33, e lembro-me (mortal à rectaguarda) de para aí 3 jogos parecidos com os de ontem: o França vs Portugal de 1984 e o Alemanha vs Portugal de 1985 e o França vs Portugal de 2000. E está bem, o Portugal vs Inglaterra de 2004. Mas há mais.
Mas o que queria dizer (só quero dizer uma coisa, dizem alguns nas tvs depois de estarem a falar há 187 minutos) é que o destino é fodido, mas ontem não foi tão fodido. Porquê? Em 1966 quando defrontamos o Brasil, não sei se ao terceiro se ao quarto jogo, não me lembro e agora não me apetece ir procurar, os jogadores portugueses acertaram duas ou três cacetadas em Pelé e puseram-no fora do jogo. Julgo que ainda não se podiam fazer substituições. Creio, mas também já não me lembro, nem vou procurar. O Brasil ficou a jogar só com dez aí aos trinta e tal minutos de jogo. Ganhamos o jogo. Mortal à rectaguarda seguido de dupla pirueta.
Ontem o destino parecia estar a cumprir-se, e se calhar cumpriu-se. Se calhar toda aquela angústia, sofrimento e divertimento (viram que Van Basten não percebeu um caralho do que se estava a passar em campo?) já estava inscrito. Iam ser para aí 3-0 a nosso favor. Os holandeses iam ficar a jogar com dez antes mesmo do intervalo. Mas não foi assim e foi bom.
Em conversas com alguns amigos dizia-lhes, desde a convocatória de Scolari, que apenas nos fazia falta um jogador para substituir Deco, caso fosse preciso. É isso. E dizia-lhes que deviam ter pedido a Rui Costa para voltar. Pois. Também lhes tenho dito que acho muito estranha esta forma de ver as faltas no futebol. Um jogador já não pode fazer uma falta sem ver um cartão. O risco está à vista. Miami foi campeã, e com muita pinta. Muita. Wade, Wade, Wade!
Shevchenko acaba de falhar, neste momento, agora mesmo, o primeiro penalty contra a Suiça. O suiço falha também. Mandem os suiços embora, please. O segundo ucraniano marca, à Panenka e Helder Postiga. 1-0. O segundo suiço volta a falhar. Trave.Ainda bem. Rebrov marca. 2-0. O terceiro suiço falha. A Ucrânia marca e ganha.
Um dia destes vi num canal chamado Biography Channel uma entrevista a Morgan Freeman. A certa altura o entrevistador perguntou-lhe qual era a palavra que ele gostava mais. Fuck, respondeu.
"Onde é que acha que Portugal pode chegar?"
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, junho 27, 2006