quarta-feira, abril 26, 2006
Six Feet Under notes
Em Julho passado, num dia de chuva, junto à janela, perto da buganvília, o pai diz ao filho:
"- Agarras-te à tua dor como se ela significasse alguma coisa. Mas deixa que te diga, não vale nada, esquece isso. Tem possibilidades infinitas e só sabe chorar.
- Que hei-de fazer?
- O que é que achas?
- Podes fazer o que quiseres, meu sortudo, estás vivo. O que é uma dorzinha comparada com isso?
- Não pode ser assim tão simples.
- E se for?"
Entremos, então. Rodrigo Garcia, filho de Gabriel García Márquez, quis o quê?
Não queiras não ser um humano. Grita e chora. Alguns perceberão outros não. O início é como num conto de Tchekov, mas aqui a mulher ao mudar de paradigma acaba noutra dimensão. Andrea Kuhn 1963-2004.
Depois somos manipulados por García até vermos Lisa e quando vemos Brenda: olha a Brenda, olha a Brenda, olha Brenda. O filme, os comentários e entrevistas de Claire são soberbas. O rosto de Brenda como geografia, atravessará todo o episódio. Decide ir vomitar quando ouve a outra dizer "adoro ver como os casamentos apagam o passado, como uma camada de tinta branca. Ponham-lhe um véu, e a maior vadia do planeta torna-se uma ingénua virginal?" Mais lá para a frente, Brenda desespera e vê-se forçada a falar com Lisa mas manda-a ________.
Nate vê Lisa, no dia do casamento, a discutir com o cunhado. E agora, Nate? Isso, isso.
Ruth cai, deixa cair as laranjas, e percebe-se, depois, que a queda estava iminente. Aqui comecei a lembrar-me de algumas palavras de António Lobo Antunes, na forma como forçaram George e o levaram e cuidaram e o receberam, depois. A cena do choque em que se vê um fantasma desgrenhado é portentosa.
Ricky aka Federico no match.com. David não percebe as regras, que não existem. Ricky aprende, com a mulher de Ohio, que pode passar a utilizar um novo álibi. Embora lhe pareça mal.
Claire está mais madura mas continua Claire.
Brenda abre a porta a David que lhe diz:
"- Olá, estás fantástica." E ela:
"- Obrigada. Sinto-me uma merda. Bem-vindo."
À mesa fala-se sobre tudo. Pergunta Claire: "Nove meses e um parto e nem sequer querem a criança? Quem faria isso? Ouve-se Keith, timidamente, responder: "Cristãos." David responde-lhe, ele insiste, persiste. Mais tarde dirá que se tiver de ter uma filha quer que seja obesa pois "não quero uma boazona de 12 anos a mostrar o rabo em Sunset Boulevard." À porta a erva. Ruth e Claire em colisão. Claire guarda as palavras de Nate, acerca de Billy. David acha que "está pronto para conhecer as candidatas": muitas versões, conceber para narcisistas burgueses, prostituição para pagar dívidas.
Entretanto Ruth vê um filme, mas prefere falar com Federico, ou Ricky? E de Sambuca na mão, aquela diz-lhe, acerca dos encontros: "Mas não te deixes cegar pela luxúria, se puderes." Procura solidez, aconselha-o.
A conversa entre Brenda e Margaret. Conseguem entender-se. Como, Nate? Já tens?
As fotografias de Claire. Nate?
Simples?
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, abril 26, 2006