domingo, março 19, 2006
"George focou nele o olhar penetrante.
- Que foi que tiraste agora do bolso?
- Não tenho nada no bolso -- respondeu Lennie, astutamente.
- Bem sei. Tens é na mão. Que é que estás a esconder aí?
- Não tenho nada, George. Palavra.
- Deixa-te de histórias, passa isso para cá.
Lennie afastou de George a mão fechada.
- É só um rato, George.
- Um rato?! Um rato vivo?
- Naa... Só um rato morto, George. Não fui eu que o matei. Palavra! Achei-o morto.
- Passa isso para cá!
- Oh! Deixa-me ficar com ele, George.
- Passa isso para cá!
A mão fechada de Lennie obedeceu lentamente. George apanhou o rato e atirou-o por cima da água, para o meio dos arbustos, na outra margem.
- Para que é que queres um rato morto?
- Ora, podia fazer-lhe festas com o dedo, enquanto a gente caminhava."
John Steinbeck (trad. Erico Veríssimo), Ratos e Homens, Editora Livros do Brasil, 2005.
posted by Luís Miguel Dias domingo, março 19, 2006