quinta-feira, dezembro 29, 2005
"No fim do drama japonês cumpriu-se o destino, os amantes mortos casaram-se, passou pelo lago a barca em que as sombras das cortesãs cantaram o canto sem par. Como água na água a aparição desaparece. O último véu, não será ela a rasgá-lo. Mas à criança que ouve uma história, ao homem que termina uma poesia, ao adormecido que, no limite do despertar, atravessou a cancela proibida, o eterno também concedeu uma medida de si. Não mais que uma medida, claro.
Que não despertes ainda te rogamos:
aqui nada existe fora
desta moita no meio de um prado.
A brisa da manhã corre pelos pinheiros.
Uma moita selvagem, escura e vazia."
Cristina Campo (trad. José Colaço Barreiros), Os Imperdoáveis, Teofanias - Assírio & Alvim, 2005.
posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, dezembro 29, 2005