A montanha mágica

segunda-feira, agosto 01, 2005

Vilar de Mouros (sexta-feira): segundo de três em ?



1. Começo a escrevinhar este segundo de três e não sei onde vai acabar. Seja.

2. Depois deles terem sido corridos hotdogtime. Sentar. Fumar. O frio começava a fazer-se sentir. Gelava, mesmo. Mais à frente hei-de contar-lhes como no regresso a casa olhei para um termómetro (não sei se é assim, pelo menos é o mais fácil, agora) que marcava + 8,5. Adiante.

3. Quem vinha a seguir? Jesus Jones. Achava que conhecia alguma coisa. Mas não. Pareceu-me sempre a mesma música, ao longo de 70, 80 minutos, sei lá. Vi-os e ouvi-os de longe. O frio apertava. O que vieram eles cá fazer? Os Jesus Jones. O que estavam lá eles, os Jesus Jones, a fazer? Depois de Echo?

4. Já me ia esquecendo, melhor: não me ia lembrando: não sabia mas o telemóvel, nas mensagens, diz-me, ao chegar a Vilar de Mouros de Portugal: "Bem-vindo a Espanha! Para aceder@ao voicemail, ligue +351... [e por aí fora]. Para aceder à Linha de Apoio @ligue +351... [e por aí adiante]. A ___________ deseja-lhe uma boa estadia!" É a vida. Quem pode saber onde estou, hoje, sem ser eu a dizer? As empresas de telemóveis, as agências bancárias e a brisa, pelo menos. É a vida.

5. Enquanto os ouço -ao longe-, aos Jesus Jones, encontro -um bocado de presunção nunca fez mal, o pior é se é muita e não estou a ver- a resposta: ora, eles vieram cá foi para valorizar Echo e Peter. Não, não vale chamar nomes. Cada um com a sua panca.

6. Depois dos 70, 80 minutos, sei lá, e depois de 10 a 15 minutos de intervalo -aqui também é sei lá- entram em palco Blues Explosion. Nunca deles ouvira falar. Ignorância minha, eu sei, eu sei. Que se lhe há-de fazer? É a vida. Mas aqui eu já não estava lá, à mesa e sentado quando lhes disse que era hora de cachorro quente. Já tinha ido para dentro da tenda de circo. Estava mais quente. Estava um frio de rachar, mesmo. E estes também vieram, agora digo assim de rajada, valorizar Echo e Peter Murphy.

7. E depois, percebi também, que não conseguiria ouvir o barulho (recordei-me várias vezes dos 4.33. de John Cage, a sério, não é treta, nem querer citar, aqui, John Cage -segunda vez- não é, foi verdade) dos três que estavam em palco. Energia? Muita. Pedalada? Não é a mesma coisa? Muita. Vontade? Muita. Mas era muito barulho. Também poderão perguntar: não sabias pró quias? Certo, certo. Foi mais uma forma de dizer que não gostei, ou melhor, nem tentei. Só gostei do final: uma grande explosão verde em palco. Mas estava um frio, mesmo. E dentro da tenda, de circo, estava-se melhor. De Cage, terceira vez: "Dondequiera que estemos, lo que oímos es en su mayor parte ruido. Cuando lo ignoramos, nos molesta. Cuando lo escuchamos, lo encontramos fascinante. El sonido de un camión a ochenta kilómetros por hora. Interferencias entre emisoras. Lluvia."

8. Verde era a cor, também, da estrela cadente que vi por acaso, sentado à mesa, no hotdogtime. Também não podia ser de outra forma, não é? Olha: vou pôr-me aqui à espera de uma estrela cadente. Ia-me esquecendo: tinha lá um cartaz do candidato do PS à câmara de Caminha. Tinha a fotografia do dr., o nome, o slogan (cujo conteúdo já não me recordo) e debaixo do nome tinha escrito: Médico.

9. Pela tenda, de circo, onde se vendiam cds, mantas, roupa, bijuterias várias,etc, etc, foram passando muitas pessoas. Algumas estacionaram mesmo, padecendo também de frio. Pareciam esperar o mesmo que eu. Dão-me um folheto do festival de Paredes de Coura. Olho e ratifico: sim. Nos dias 17 e 18: Pixies, Queens of The Stone Age, The Roots, Hot Hot Heat, The Arcade Fire, The Futurheads, a 17. A 18: Nick Cave & The Bad Seeds, Killing Joke, Juliette and The Licks, Vincent Gallo, The National. O que me interessa: Pixies, Queens of The Stone Age, The Arcade Fire [ainda em fase de conhecimento], Nick Cave e Vincent Gallo. Entretanto tinham chegado mais pessoas.

10. Mas estavam menos pessoas este ano. Também, para dizer a verdade, só lá fui, a primeira vez, o ano passado ver PJ Harvey e Bob Dylan. E tinha mais pessoas. Mas também o que e a quem é que isso interessa? Só aos organizadores.

11. Longa se tornou a espera para ouvir Peter Murphy. Longa. Ia-me recordando d` Echo.

12. Quando os Explosion se foram dei um suspiro: até que enfim. Pra quê mentir? Foi verdade.

13. Bute para a beira do palco. Bute.


posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, agosto 01, 2005

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