quarta-feira, agosto 10, 2005
Luz em Agosto (4)
"Byron Bunch sabe o seguinte: era uma sexta-feira de manhã, faz três anos. O grupo de homens que trabalhava na oficina de aplainação olhou para cima e viu o estranho que estava ali, a observá-los. Eles não sabiam há quanto tempo é que ele estava ali. Parecia um vagabundo, mas também não era exactamente isso. Os seus sapatos estavam empoeirados e as suas calças manchadas. Mas eram de uma sarja decente, bem vincadas, e a sua camisa estava suja, mas era uma camisa branca, e usava uma gravata e um chapéu de palha que era relativamente novo, de abas duras viradas para cima, formando um ângulo arrogante e sinistro sobre a sua expressão parada. Não se assemelhava a um trabalhador jornaleiro com a roupa esfarrapada da sua profissão, mas havia qualquer coisa nele que lembrava um desenraizamento definitivo, como se não houvesse uma vila ou cidade que fosse sua, nem uma rua, nem paredes, nem um metro quadrado de terra que fosse o seu lar."
William Faulkner (trad. Jorge Telles de Menezes), Luz em Agosto, Diário de Notícias Bibliotex Editor, 2003.
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, agosto 10, 2005