sábado, agosto 13, 2005
"Comunicación
Nichi nichi kore ko nichi: Todos los días son días hermosos
Qué pasa si hago treinta y dos preguntas?
Qué pasa se dejo de preguntar de vez en cuando?
Aclarará eso las cosas?
Es la comunicación algo claro?
Qué es la comunicación?
La música, qué comunica?
Lo que está claro para mí, está claro para ustedes?
Consiste la música solamente en sonidos?
Entonces, qué comunica?
Es música un camioón que pasa?
Si lo puedo ver, tengo que oírlo también?
Si no lo oigo, aún comunica?" [continua trinta e quatro frases depois]
Dias 5, 6 e 7: a chuva e o mau tempo continuam a condicionar os atletas, mas é igual para todos, dirão. Mas... Dia 5: que grande concurso, o do dardo. Jesus! Andrus Varnik, estónio, bateu os dois principais candidatos. O campeão do mundo e o campeão olímpico. Sergey Makarov e Andreas Thorkidlson. O primeiro ficou em terceiro e o segundo em segundo. Marcas conseguidas, por ordem: 87.17, 86.18 e 83.54. Quando menos se esperava Varnik tira das entranhas aquele fabuloso lançamento. O campeão olímpico tem, agora, 23 anos. Lembrei-me de Thomas Mann que mais ou menos com a mesma idade escreveu Os Buddenbrook. Não vou falar dos 1500. Não vou. Só acho que Rui Silva os podia ter ganho. Outra grande prova: os quatrocentos metros femininos. Vencedora: Tonique Williams-Darling e aquela que deverá ser a vencedora desta prova nos próximos anos Sanya Richards, em segundo. Ana Guevara terceira. Clay, no decatlo, venceu Sebrle. 8732 contra 8521. Attila Zsivoczky foi terceiro. D-e-c-a-t-l-o.
Tenho reparado que há poucos chineses em competição. Estranho, não é? Como será depois de Beijing e em Beijing? Já sei, já sei, o país organizador tem direito a inscrever mais atletas. Mas não é a isso que me refiro. Não é. Agora é estranho. Pelo menos é o que tenho achado, estranho.
"Dahl vio la naturaleza subversiva de la infancia" .
Não são olímpicos mas são mundiais, ou um ano atrasado, portanto: "O prémio não tinha valor pecuniário: era uma coroa de folhagem da árvore simbólica de Hércules, a oliveira brava ou azambujeiro. Lutava-se, portanto, unicamente pela honra. Tal facto era surpreendente para os bárbaros, como se deduz deste curioso passo de Heródoto [livro VIII. 26. (Hélade, p. 227).]: Vieram ter com eles uns poucos de trânsfugas da Arcádia, que precisavam de ter com que viver e queriam trabalhar. Quando os levaram à presença do grande Rei, os Persas perguntaram-lhes que estavam os Gregos a fazer. Havia um que, mais do que todos, insistia nesta pergunta. Eles responderam que os Helenos estavam a celebrar os Jogos Olímpicos e contemplavam os concursos gímnicos e hípicos. Perguntou então qual era o prémio proposto, pelo qual lutavam. E eles referiram-se à concessão da coroa de oliveira. Então Tritantaicmes, filho de Artábano, exprimiu uma opinião nobilíssima, que lhe valeu o apodo de cobarde por parte do grande Rei. Ao ser informado de que o prémio era uma coroa, e não dinheiro, não se conteve que não exclamasse diante de todos: «Ai, Mardónio, que homens são esses contra quem nos levas a combater, se eles não lutam pela riqueza, mas só pela superioridade!»"
Este excerto foi retirado dos Estudos de História da Cultura Clássica de Maria Helena Rocha Pereira. Fundação Calouste Gulbenkian. 1 volume, páginas trezentos e quarenta e dois e seguintes, três.
Dia 6: no Pole Vault Rens Blom ainda agora não sabe como conseguiu ganhar o concurso. Ou melhor: sabe. Sabe. "It was a really bad jump," he said, "but I made it. I was very lucky. I don`t know. I`ve never had that before. And I think that pushed me over the edge to get the confidence that I could do this today. And the only thing I could think was to seize this moment". Num dos saltos a barra andou a saltitar e não caiu. Até o treinador estava maluco. Nos 100 metros barreiras femininos Michelle Perry venceu -preferiu preparar e participar nesta prova e não participar no pentatlo- e Joanna Hayes teve um acidente. Delloreen Ennis-London and Brigitte Foster-Hylton, jamaicanas,: segunda e terceira. Bela corrida esta, pena que Hayes não pudesse ter lutado até ao fim. Nos 200 os americanos levaram tudo. Gatlin a segunda. Walter Davis no triplo salto, 17.57m. Grande concurso. Yoandri Betanzos segundo com 17.42m e Opera com 17.40m terceiro.
"Si mientras lo veo no lo oigo, pero oigo otra cosa, por ejemplo, un batidor de huevos, pues estoy en el interior mirando hacia afuera, cual de ellos comunica, el camión o el batidor de huevos?
Qué es más musical, un camion que pasa por delante de una fábrica o un camión que pasa por delante de una escuela de música?
Es musical la gente que está dentro de la escuela y no musical la que está fuera?
Y si los que están dentro no pudieron oír muy bien, cambiaría eso mi pregunta?
Saben a lo que me refiero cuando digo dentro de la escuela?
Son los sonidos simplemente sonidos o son Beethoven?
Las personas no son sonidos, verdad?" [continua vinte e duas frases depois]
E ao sétimo dia a luz do norte regressou.
No salto com vara feminino a menina prodígio Yelena Isinbayeva bate o seu próprio recorde -que é do mundo-: 5 metros e 1 centímetro. Dá gosto vê-la saltar e a falar com a barra e ver o seu treinador a amansar o vento para o momento certo e a dizer-lhe depois que Bóreas já está com ela e que a vai ajudar. Ela é a única mulher, e por isso a primeira, a saltar 5 metros, e agora acima. 1 centímetro. E no fim vê-la com aquela graça a falar com o grande dos 6,14. Só não foi o único a saltar seis metros e acima porque Paul Burgess saltou 6 metros, este ano. E Yelena diz. I'm sure I'll be able to clear 5.02m still during this season. Yelena! Yelena! Yelena!
Agora a Marselhesa. Doucouré bate Xiang Liu nos 110 metros barreiras. Este chinês aí há uns dois, três anos não dava hipóteses a ninguém, e agora? Mas ainda bem. Assim ouvimos a Marselhesa.
Nos 4 por 100 a equipa masculina dos Estados Unidos não consegui passar a estafeta, logo ao segundo. Uma das candidatas. A equipa feminina dos 4 por 100, também, ganhou. Nos 200 femininos Allyson Felix -de dezanove anos!- fez uma prova fantástica. Arron foi terceira. No martelo -que concurso, que concurso, Jesus!- Kuzenkova, quando menos se esperava, conseguiu 75.10. Mas que grande lançamento. Mas que grande concurso! Como diz? Já disse? E depois? Digo as vezes que quiser. Olha agora! Jesus! Em segundo ficou a cubana Yipsi Moreno com 73.08 e em terceiro Lysenko com 72.46. Wariner, Jeremy Wariner nos 400 metros.
Medalhas: Estados Unidos 20 e 13 para a Rússia, até agora.
Perguntam-me, não foi ninguém que perguntou, mas aqui fica bem: tens ouvido música? Sim, respondi -e pensei: que raio de pergunta-. O que é que tens ouvido mais vezes, se se pode dizer assim? Olha, é o hino dos Estados Unidos.
"Existe de verdad el silencio?
Incluso si me aparto de la gente, aún tengo que escuchar el borboloteo de un arroyo?
Hay siempre algo que oír, no hay nunca paz y silencio?
Si mi cabeza está llena de armonía, melodía y ritmo, qué me pasa cuando suena el teléfono, qué le pasa a mi paz y silencio, quiero decir?
Y si eran armonía, melodía y ritmo europeos lo que habia en mi cabeza, qué le ha sucedido a la historia de, por ejemplo, la musica javanesa, con respecto a mi cabeza, claro?
Llegamos a alguna parte haciendo preguntas?
A dónde vamos?" [continua duas frases depois]
Não tenho visto Hóquei. Mas Portugal está nas meias-finais.
Pode dar para muita reflexão, mas até que enfim.
"Esta es la vigésimooctava pregunta?
Hay preguntas importantes?
Cómo debe procederse cautelosamente en términos dualistas?
Me quedan otras dos preguntas?
Y, ahora, no me queda ninguna?" [continua uma frase depois]
José Azevedo chefe de equipa da Discovery na Volta a Espanha.
"Ahora que he hecho treinta y dos preguntas, puedo preguntar cuarenta y cuatro más?" [continuará ou não, aqui, não sei]
A Comunicación faz parte do silencio de John Cage editado pelas ediciones Ardora, Madrid 2005.
A volta a Espanha é só lá para Setembro. Na volta a Portugal: amanhã, quando o escrevi era amanhã, mas agora acho que deve ser hoje, corre-se a etapa da Senhora da Graça.
posted by Luís Miguel Dias sábado, agosto 13, 2005