quarta-feira, agosto 10, 2005
Terceiro dia, dos mundiais: o inverno chegou a Helsínquia. Vou fazer aqui um parêntesis para dizer que às vezes ainda me rio de algumas das declarações que sua Excelência o Presidente da República fez ao chegar da sua visita à Finlândia, há uns meses. Foi um bom momento de stand up comedy. Se não fosse trágico... Arron está em grande forma, mas também carrancuda. Perdeu para Lauryn Williams, mais jovial. Nos 10.000 masculinos Bekele (sucessor de Haile Gebrselassie) não deu hipóteses. Quando ele começa a sprintar nos últimos 400, à semelhança da sua compatriota Tirunesh Dibaba, o que é que nos quer, querem, dizer? São como versos de Homero. Ivan Tikhon e Vadim Devyatovsky, num mano a mano, no martelo. Ganhou o primeiro. Kajsa Bergqvist não deixou as colegas sonhar muito. E tentou os 2,10 para recorde do mundo. No primeiro de três esteve próxima mas não conseguiu. O recorde 2,09 tem 18 anos. E não retive quem era a detentora. Podia ir ver mas não vou.
Agora: sublinho e assino por baixo aquilo que maradona (com minúscula) e proletario escrevem sobre Luís Lopes e Jorge Lopes. São fantásticos. Mais: ontem, segunda-feira, ouviu-se Jorge Lopes, o som não estava em off, a discutir com alguém, no estúdio. Um conselho, imperativo: não o incomodem. Um pedido: tratem-no bem. Obrigado. Mais: algumas destas informações só são possíveis porque os ouço.
Parece-me, agora e assim muito rapidamente, sem brainstorming -credo!-, que é só no futebol que os comentadores, relatadores e analistas, salvo raras excepções, são medíocres. Muito medíocres. Nada têm a dizer, apenas muito a ganhar. Dou-lhes um exemplo, ouvido há dois, três dias, não sei já: num resumo de telejornal do jogo Benfica-Juventus o comentador dizia que o Benfica esteve ao nível dos piores jogos do ano passado, no campeonato e não só, com Trappatoni. É preciso dizer mais alguma coisa? Não, não é. E ouvir os da sport tv? Cruz, credo. Porque se pensarmos no rugby, no atletismo, no basquetebol, no voleibol, no ciclismo, no ténis (quando não convidam Marcelo Rebelo de Sousa), tudo é bem melhor. Ups, que me esquecia: na fórmula um e rally também são medíocres, os comentários. É a vida.
Adiante.
Quarto dia dos campeonatos: o decatlo. Grandes, grandes. Dilúvio em Helsínquia no fim de tarde princípio de noite (também, havia de ser o quê?). Os corredores do estádio como o interior da Arca de Noé. Jogos interrompidos por um hora, ou mais ou menos, eu sei que é repetitivo, mas gosto. É a vida.
Saif Saaeed Shaheen ("Well, I knew I didn?t go to the Olympics and so it was a consolation for me," he would admit later, "When I came here I thought `I am not complete I have no Olympic medal`. So when I came here I just wanted to run fast enough to win.") nos três mil obstáculos, agora representando o Qatar. E no fim daquela excelente prova os jornalistas de serviço -do eurosport- a fazer-lhe aquelas perguntas! Já pareciam os nossos. Ainda bem que não foi ela, a fazê-las.
Nos 800 Zulia Calatayud venceu, categoricamente. Grande. Uma nota: Tatyana Andrianova, russa, é tremenda na defesa da sua posição em pista. Já nas meias-finais havia sido. Não sei se Maria Mutola não teria chegado, na sua despedida, à medalha de bronze. Parece-me que sim. Mas parece que são normais aqueles encostos e jogo de braços.
Voltando ao decatlo: o primeiro lugar vai ser disputado entre Roman Sebrle e Clay Bryan. Tenha calma, se me permite, no que ao Muitas vezes muita gente..., diz respeito.
Bershawn Jackson: "wants to be like Ed Moses" .
Para terminar: já viram Matti Mononen no Pole Vault?
posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, agosto 10, 2005