terça-feira, julho 12, 2005
Jeanne d`Arc au bûcher (1)
"Prólogo
Palco dividido em dois planos por uma escada bastante íngreme. No segundo plano está uma fogueira com, no meio, um poste ao qual Jeanne se encontra acorrentada. Durante a primeira cena reina a mais profunda obscuridão.
Coro
Trevas! Trevas!
E a França estava fraca e vazia e as trevas cobriam a face do
reino e o Espírito de Deus, sem saber onde pousar.
Planava sobre o caos das almas e dos corações sobre o caos
das almas e das vontades sobre o caos
das consciências e das almas.
Vozes
Do fundo da minha ruína, elevei a minha alma para ti,
Senhor! Ah! Senhor, se tardais ainda, quem será
capaz de vos apoiar?
Coro
Salva-nos das fauces do leão e da pata dos unicórnios,
Eli, Fortis, Ischyros!
Voz, coro
Houve uma rapariga chamada Jeanne! Quem é que já ouviu
falar disso? Quem é que já ouviu uma coisa assim? Dará a terra
à luz num só dia?
E todo um povo será gerado ao mesmo tempo?
Do fundo da minha ruína, elevei a minha alma para Ti,
Senhor!
Voz, coro
Houve uma rapariga chamada Jeanne
Filha de Deus, vai! vai! vai!
Irá a França ser rasgada ao meio para sempre?
Que o homem não separe aquilo que Deus uniu.
Este amor que nos une aos nossos irmãos
Quem será capaz de o afastar de nós?
Não será a violência, nem a falta de coragem, nem o engano,
nem mesmo a altitude ou a profundidade.
Voz, coro
Houve uma criança chamada Jeanne.
E a França estava fraca e vazia e as trevas cobriam a face do
reino. Ah!
Do fundo do abismo chamo por vós, Senhor.
Senhor, proteger-me-ás.
Houve uma virgem chamada Jeanne."
Arthur Honegger, Jeanne d`Arc au bûcher (oratória dramática em onze cenas. Libreto de Paul Claudel), Teatro Nacional de São Carlos, Março de 2003.
posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 12, 2005