segunda-feira, junho 13, 2005
O ANJO DE PEDRA
Tinha os olhos abertos mas não via.
O corpo todo era saudade
de alguém que o modelara e não sabia
que o tocara de maio e claridade.
Parava o seu gesto onde pára tudo:
no limiar das coisas por saber
- e ficara surdo e cego e mudo
para que tudo fosse grave no seu ser.
Eugénio de Andrade
ROMA
Era no verão ao fim da tarde,
como Adriano ou Virgílio ou Marco Aurélio
entrava em Roma pela Via Ápia
e por Antínoo e todo o amor da terra
juro que vi a luz tornar-se pedra.
Eugénio de Andrade
posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, junho 13, 2005